O Banco do Brasil já anunciou há cerca de duas semanas que vai comprar as dívidas dos servidores públicos com financeiras para renegociar o pagamento. Numa reunião, ontem, com o deputado Moisés Diniz (PCdoB), sindicatos de trabalhadores os superintendentes da Caixa Econômica Federal e Banco da Amazônia anunciaram que também irão fazer propostas para renegociações.
Um dos principais articuladores da idéia de instituições bancárias assumirem as dívidas dos servidores públicos, Diniz, comemorou o fato de outros bancos terem se interessado pela proposta. Inicialmente ele havia procurado apenas o Banco do Brasil por ser o mais antigo, deter a conta da maio-ria dos servidores públicos do Estado, dispor de uma grande rede de atendimento e ter uma função social.
De acordo com o Banco Central, os servidores só podem comprometer 30% de seus salários com descontos em folha de pagamento. A grande reclamação dos clientes das financeiras é a alta taxa de juros de mais de 2% ao mês já que até então não havia concorrência. Para o representante da Força Sindical, Gracindo Saraiva, com a inclusão dos bancos no negócio, só quem tem a ganhar são os trabalhadores. “A concorrência entre os bancos será boa porque reduzirá as taxas de juros”.
Taxas – Para Diniz, a questão do endividamento dos servidores públicos com as financeiras surgiu por causa da burocracia dos bancos para permitir empréstimos, um problema que começa a ser resolvido. “Os bancos públicos travaram muito o acesso dos funcionários públicos que acabaram tendo como caminho mais fácil, as financeiras e foram em massa fazer empréstimos. Propus que o Banco do Brasil assumisse essas dívidas cobrando juros menores, já que é banco público tem que priorizar o social. Então ele aceitou o desafio e se dispôs a comprar as dívidas e renegociá-las com juros entre 1,78 a 1,95%”.
O parlamentar acredita que com a entrada de outros bancos estabeleceu-se uma “disputa sadia”, que irá beneficiar os servidores. “Se antes os servidores estavam desamparados, à mercê de juros abusivos, agora vemos uma concorrência entre os bancos para ver quem oferece os juros mais baixos para os funcionários”. No evento desta segunda, o superintendente da Caixa anunciou que a agência já está autorizada a comprar e renegociar as dívidas dos servidores com juros que variam de 1,70 a 1,79% ao mês.
Marivaldo Melo, superintendente do Banco da Amazônia, disse que já a partir da próxima semana irá assinar convênio com sindicatos firmando o mesmo tipo de compromisso e com taxa de juros iguais. “Os funcionários já começaram a ganhar e sem eles tão endividados o Estado também ganha, já que passa a circular mais dinheiro”, reiterou Moisés Diniz.
Bancos e Financeiras – O parlamentar fez ainda questão de esclarecer que não haverá prejuízos para os bancos. “As pessoas mais leigas podem não entender como um banco pode comprar uma dívida com juros de 2% e renegociá-la com juros de 1,70% por exemplo. Mas o que acontece é que os bancos captam recursos da sociedade via poupança por exemplo a menos de 1% e empresta a 1,7%, é daí que vem o lucro.
Quanto à sobrevivência das financeiras, o parlamentar defendeu o estabelecimento de um novo equilíbrio. “Elas vão fazer uma disputa de mercado. O banco, ao travar o acesso, abriu um espaço muito grande para as financeiras, agora é hora de reequilibrar o jogo. As financeiras vão ter também de baixar seus juros. Esse debate é importante para o Acre porque diferente do eixo Rio-São Paulo, aqui existe uma quantidade maior de funcionários públicos em relação à população. Então, esses empréstimos consignados acabam sendo mais valiosos que encontrar uma mina de ouro”. (Agência Aleac)