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Em Rio Branco, casa de passagem minimiza sofrimento de pacientes em TFD


O sonho de ser encaminhado do interior do Estado a Capital, para fins de tratamento médico, pode se tornar em pesadelo caso o paciente não tenha parentes na cidade ou dinheiro para custear suas despesas. O banco do pátio do hospital, muitas vezes, é a única opção. Até porque, geralmente, junto com o doente não vem apenas um acompanhante, mas parte da família.

Uma dura realidade que até bem pouco tempo era ignorada pelo poder público e pela própria sociedade, mas felizmente começou a mudar a partir da implantação de casas de passagens nas cidades de Rio Branco e Goiânia, no ano de 2007. A função destes estabelecimentos é dar abrigo e todo suporte necessário para que os pacientes em tratamento fora de domicílio possam de fato obter a cura.

A casa de passagem de Rio Branco está localizada na Rua Bem-Te-Vi, 153, Conjunto Universitário I, Distrito Industrial. Foi lá que nós conhecemos a Lindaura do Nascimento Silva, uma cruzeirense de 71 anos, que apesar de ter retirado uma das mamas, em decorrência de um câncer, demonstra alegria em poder prosseguir com o tratamento. “Já estou aqui há um ano, isso aqui virou minha casa”, diz ela.

A Maria de Fátima Trajano da Costa também está de passagem no local. Ela elogia o tratamento dispensado aos pacientes, mas diz que está sendo muito difícil ficar longe dos filhos. Ela deixou para trás o marido e quatro filhos para poder tratar de uma infecção uterina. Seu tratamento já dura dois meses.

Quando as doenças dos pacientes necessitam de tratamento mais especializado e ainda não disponível no Acre, eles são encaminhados da casa de passagem de Rio Branco para a de Goiânia (GO). Este é o caso da menina Vitória. Aos quatro anos de idade ela é totalmente dependente da mãe. Não anda, não fala, observa a vida passar do leito de uma cama, onde passa a maior parte do tempo.

Vitória sofre de paralisia cerebral e também tem retardo nos ossos. Segundo a mãe, Maria Ferreira Lima, o simples fato de ela ter sobrevivido já é uma vitória, eis o motivo do nome. “Ela nasceu prematura, aos seis meses de gestação, pesava apenas um quilo”, lembra, acrescentando que hoje ela pesa 11 quilos.
Mãe e filha aguardam o resultado de uma ressonância magnética, realizada na Fundação Hospital do Acre, para serem encaminhadas para a casa de passagem de Goiânia, onde irão dar seqüência a um tratamento mais especializado. Elas estão no local há um mês.

Pacientes de outros estados e até do exterior
A casa de passagem de Rio Branco tem capacidade para 32 pessoas, mas vive acima da lotação, a média oscila entre 46 e 48 pacientes, mas segundo a coordenadora Joelita Medeiros da Silva, já chegou a abrigar 53. “O critério é está em tratamento de saúde, quanto a lotação, a gente vai acomodando”, disse.

De acordo com Joelita, a maioria dos pacientes é proveniente do Vale do Juruá, mas eles também chegam de outros estados, como é o caso dos amazonenses que vivem em Ipixuna e Boca do Acre, e até mesmo do exte-rior, no caso, da Bolívia e do Peru. “Tem gente que chega à cidade com R$ 2,00 no bolso, nossa obrigação é atender”, diz Joelita.

Além de abrigo, os pacientes recebem alimento, transporte e acompanhamento. Uma equipe formada por quatro técnicos de enfermagem, um enfermeiro e quatro servidores de apoio, cuida de tudo de perto. A estrutura é mantida graças a um convênio com o Governo do Estado e quando há uma demanda maior a ser atendida, a coordenação recorre às doações externas.

Em períodos comemorativos como o Natal e o Ano Novo, por exemplo, é graça as doações externas que os pacientes conseguem realizar suas festas de final de ano. “Eles geralmente preferem almoço a ceia, e é isso que fazemos todos os anos”, observa, informando que aqueles que desejem ajudar de alguma forma podem fazer uma visita e conhecer mais de perto a estrutura.

 

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