Bastante criterioso na escolha das pessoas que ocuparão as secretarias de seu governo, o petista Binho Marques sempre abandonou as questões políticas na composição de seu time governamental. Nessa seleção criteriosa, ele nunca escondeu a preferência por mulheres no comando das pastas e outros órgãos da administração pública. Nas palavras deles, as mulheres sempre são mais atenciosas e dedicadas ao que fazem.
Se elas não estão como secretárias, são presidentes de órgãos e autarquias, ou assessorando diretamente o governador. A tendência agora é que mais uma mulher ocupe um cargo importante na estrutura de poder do Estado. A liderança da procuradora Patrícia Rêgo Amorim na lista tríplice do Ministério Público Estadual abre a possibilidade de Binho Marques escolhê-la como a nova procuradora-geral de Justiça do Acre.
Conquistar o primeiro lugar não foi nada fácil para ela. A diferença para o segundo colocado, e apontado como favorito, o procurador Sammy Barbosa, foi de apenas dois votos. A decisão final e oficial cabe ao governador do Estado, que escolherá entre os três nomes aquele que for mais conveniente politicamente. Antes de Patrícia Rêgo encabeçar a disputa, o nome de Sammy Barbosa era apontado como o mais forte para ser escolhido por Binho.
“É preciso fazer uma gestão de excelência democrática, voltada para o cidadão e à melhor forma de ele ter acesso ao Ministério Público. Para isso, precisamos nos cercar dos instrumentos de busca mais sólidos, no sentido de que todos nós, promotores, procuradores e a população em geral, possamos alcançar um objetivo comum”, disse Rêgo na semana passada.
A declaração a gabarita ainda mais diante do governador, já que ele tem uma gestão “voltada para a inclusão social, para o cidadão”. Mas caso venha a ser confirmada por Binho como a chefe do MPE, Patrícia Rêgo terá um papel muito diferente das secretárias e assessoras. Sua nova função exigirá imparcialidade e independência, que são os princípios básicos e fundamentais de quem ocupa uma instituição como o Ministério Público.
A procuradora terá que fazer valer o que manda a Constituição quando atribui, no Artigo 127, a função do MP: “O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis”.
A escolha do novo procurador de Justiça ocorreu depois de muitos atritos e desgastes dentro do próprio Ministério Público. Promotores e procuradores não aceitavam a permanência prolongada de Edmar Monteiro como chefe da instituição. O descontentamento era grande, já que se especulava mais uma candidatura de Monteiro ao cargo que ocupava desde o começo do governo petista no Acre.
Para impedir a permanência de Monteiro como procurador de Justiça, o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) foi acionado. A decisão não foi outra: determinou a saída de Monteiro do cargo, e a nomeação de um substituto até a realização das eleições da última semana.
Mulheres se destacam na gestão de Binho Marques
Entre as mulheres com maior destaque dentro da gestão do governador Binho Marques estão as secretárias Laura Okamura (Segurança Social) e Márcia Regina (Segurança Pública). A primeira foi trazida pelo próprio petista para, no início, comandar os trabalhos dentro do sistema peniten-ciário acreano. Os bons resultados que teria obtido nos presídio do Paraná a teriam gabaritado a ocupar a função.
Meses depois ela ganhou superpoderes dentro do governo, acumulando várias pastas e órgãos. Chegou a ser chamada de “a dama de ferro do governo”, ou em outros casos de a Dilma Rousseff do Acre, numa comparação à ministra da Casa Civil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Okamura hoje é responsável por gerenciar a área social do Palácio Rio Branco, tida por Binho Marques como a prioridade número um da gestão.
Depois de ficar várias semanas com um secretário interino, a pasta da Segurança Pública, desde o primeiro semestre de 2009, tem uma mulher como a titular: a procuradora Márcia Regina. Ela assumiu uma função que poucos te-riam coragem de ter, em um momento que o Acre passa por uma onda crescente de violência. Regina tem como subordinados civis e militares das mais distintas patentes.
Todos precisam e devem prestar contas a ela – algo nem sempre confortável em um ambiente machista. Okamura e Regina contam com uma tropa de choque dentro da Assembléia Legislativa, que sempre barra qualquer tentativa de as duas irem prestar esclarecimentos no Parlamento. Outra “menina dos olhos” do governo Binho Marques é a secretária Maria Corrêa (Educação), também apontada pelo professor Binho como prioridade.
Para sua relação com os meios de comunicação, o governador substituiu um homem por uma mulher. No lugar do jornalista Itaan Arruda, o petista colocou a também jornalista Tainá Pires como Diretora de Imprensa. Se as mulheres cada vez mais ganham espaço no mundo, no “governo de saias” de Binho Marques essa conquista está mais do que consolidada.