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Setor de Nefrologia da Fundhacre funciona em precárias condições, atesta procurador


Uma equipe do Ministério Público Federal (MPF), chefiada pelo procurador da República, Ricardo Gralha Massia, visitou esta semana o setor de Nefrologia da Fundação Hospital do Acre (Fundhacre) para averiguar as condições de funcionamento da hemodiálise e assistência oferecida aos pacientes que necessitam do tratamento.
A hemodiálise é uma terapia de substituição renal realizada em pacientes portadores de insuficiência renal crônica ou aguda, já que nesses casos o organismo não consegue eliminar tais substâncias devido à falência dos mecanismos excretores renais. É graças a esse tipo de procedimento que os pacientes se mantêm vivos até a realização de um transplante.

Chegou ao conhecimento do MPF, através da Associação Brasileira de Transplante, que as máquinas utilizadas para a realização do procedimento eram insuficientes para atender a demanda. Além disso, a falta de manutenção estaria acarretando danos à saúde dos pacientes, como choques, calafrios e até infecções.

Durante a visita ao local, o procurador Ricardo Gralha teve oportunidade de conversar não só com pacientes e familiares, mas também com o quadro clínico daquele setor. Além da falta de médicos e de equipamentos; das precárias condições do prédio; demora no atendimento; e sucateamento dos equipamentos, o procurador também constatou a desativação da equipe de transplantes.

De acordo com os dados coletados pelo procurador e sua equipe, de 12 médicos que atuam no setor de nefrologia da Fundação, apenas dois são especialistas na área. Observou ainda que apenas 21 máquinas de hemodiálise estão em funcionamento e outras 5 estão em reserva.

Pelos relatos feitos pelo próprio corpo clínico, as máquinas são insuficientes para atender a grande demanda. A maioria entra em funcionamento às 5 da manhã e só é desligada por volta da meia- noite, quando é atendido o último paciente. As sessões duram em média de três a quatro horas.

AUDIÊNCIA PÚBLICA – Num primeiro momento, o procurador Ricardo Gralha, prefere investir no diálogo como forma de corrigir as falhas detectadas na prestação do serviço. Como proposta inicial, ele sugere a realização de uma audiência pública, provavelmente no mês de fevereiro, para que os problemas detectados e as prováveis soluções fossem discutidos mais a fundo.

O procurador pretende convocar para o debate representantes da Sociedade Brasileira de Nefrologia, da Equipe de transplante, da Secretaria de Saúde, além é claro de asso-ciações, entidades e demais órgãos ligados ao setor.

Nova unidade de Nefrologia vai ampliar capacidade de atendimento

A gerente de Assistência da Fundhacre, oncologista pediátrica Valéria Paiva, informou ontem, que medidas já estão sendo adotadas em relação ao setor de Nefrologia. Segundo ela, uma nova unidade está sendo construída e através dela a capacidade de atendimento vai saltar de 21 para 35 máquinas em operação diária.

“O que nós temos hoje é uma grande demanda. Deve ser levado ainda em consideração que a unidade de Nefrologia da Fundhacre é o único existente em todo Estado”, disse, esclarecendo também que as máquinas passam por constante manutenção. Ontem, por exemplo, o atendimento foi suspenso por conta de uma faxina geral.

Em relação a desativação da equipe de transplante, Valéria esclareceu que um novo convênio foi assinado com uma equipe de São Paulo (SP) e que a partir de janeiro do ano que vem, esse tipo de procedimento voltará a ser realizado no Estado.

Segundo Valéria, atualmente 161 pacientes realizam sessões de hemodiálise no setor de Nefrologia da Fundação, distribuídos por escala nas 21 máquinas em operações. Ela admite que mesmo o aumento para 35 máquinas ainda não é suficiente, mas assegura que um grande esforço está sendo realizado pelo governo para melhorar o setor.

 

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