O governador Binho Marques e o senador Tiao Viana iniciaram sexta-feira, 20, em Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima a entrega de mais 70 mil mosquiteiros especiais impregnados com inseticida que não apresenta risco à saúde, mas mata o anofelino – mosquito transmissor da malária – e pode durar três anos se bem cuidado. Numa primeira etapa, serão repassados 4.000 unidades em Cruzeiro do Sul e os demais chegam a partir do dia 25 de novembro. Os mosquiteiros foram comprados com recursos obtidos através de emenda individual proposta por Tião Viana junto ao Orçamento Geral da União no valor de R$ 1.540.000,00.
Também acompanharam Binho e Tião o vice-governador César Messias; o presidente da Assembleia Legislativa, Edvaldo Magalhães; o prefeito de Rodrigues Alves, Francisco Burica; vereadores e lideranças comunitárias.
Fabricado na China, o mosquiteiro (quando usado para cama é chamado de cortinado) tem apresentado grande eficiência na derrocada da malária nas regiões de alta incidência. A tecnologia foi desenvolvida pelo Vietnã e trazida ao Brasil pelo senador Tião Viana, que mobilizou a Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e conseguiu levar ao Juruá um lote inicial de 7.000 mosquiteiros no final de 2007.
Os 70 mil mosqueteiros serão distribuídos para as famí-lias de índios, seringueiros, ribeirinhos e outras populações do meio rural com os maiores índices de contaminação de malária. A distribuição será feita em todos os 22 municípios do Estado, em especial nas áreas rurais do Vale do Juruá, de maior incidência da doença.
O mosquiteiro impregnado de inseticida dura em média cinco anos, podendo ser lavado quatro vezes ao ano, sem perder o seu poder de matar o mosquito anofelino. Além de se constituir numa barreira física, o mosquiteiro mata o inseto, reduzindo, com isso, a circulação do parasita porque diminui o contato do inseto com o homem, seja pela barreira física ou pela ação do inseticida.
Numa primeira etapa, serão repassados 4.000 unidades em Cruzeiro do Sul e os demais chegam a partir do dia 25 de novembro. Desde 1995 o Acre vive uma situação complicada em incidência da malária cujas características indicavam, na época, uma forte urbanização da doença associada ao aumento do registro em crianças abaixo dos cinco anos, indicativo de transmissão intradomiciliar. “Criança tem pouca mobilidade, quase não sai de casa”, explica o secretário de Saúde, Osvaldo Leal. A partir dessas informações, o Acre pretende reduzir ainda mais a prevalência da doença que faz mais de 1.000.000 de mortes no mundo todos os anos, especialmente na África e entre as crianças mais pobres daquele país. “Em 2008 havíamos cumprido a meta que era para 2010”, comemorou Leal.
Mosquiteiro derruba incidência
Nas áreas onde o mosquiteiro vem sendo utilizado, a taxa de redução da malária è de 37% contra 5% nas outras regiões. O acessório tem larga aceitação entre os usuários e não causa danos ambientais.
Nos últimos quatro anos o Estado do Acre vem conseguindo os melhores resultados no enfrentamento á malária no país. As medidas de controle têm como objetivo reduzir o contato do homem com o vetor da doença, o anopheles. Além do mosquiteiro, o Acre promove aplicações de inseticidas nas re-giões afetadas e usa, em caráter experimental, o biolarvicida. O diagnóstico precoce, aquele rea-lizado em até 48 horas, é a ação que vem possibilitando ganho de qualidade na política de enfrentamento à doença.
Binho: investimentos no combate à malária são grandes
De 100 mil casos positivos ao ano, o Acre hoje registra 29 mil casos ao ano – e esse número vai baixar ainda mais. Em 2009, por exemplo, a taxa já caiu 10% em relação ao ano passado. O governador Binho Marques comparou os investimentos no combate a malária à construção de um prédio imponente como o da Diocese de Cruzeiro do Sul.
A implantação dos mosquiteiros de longa duração segue os seguintes procedimentos: 1) produto deve ser recomendado pela Or-ganização Mundial da Saúde, 2) localidades atendidas são as de mais alta incidência, 3) usuários têm acesso permanente ao serviço de diagnóstico, 4) maior participação de casos em crianças de até dez anos, 5) maior ocorrência de casos em grávidas, 6) distribuição criteriosa e instalação realizada por profissionais habilitados, 7) acompanhamento e avaliação de uso.
“Os investimentos correspondem a construir todos os anos uma diocese”, exemplificou o governador. “O dinheiro não é aplicado onde há maior visibilidade, mas onde há mais necessidade”, afirmou. (Agência Acre)
Para Tião, mosquiteiro é uma resposta aos novos hábitos do anofelino
O senador Tião Viana lembrou que o mosquito transmissor da malária mudou de hábitos e sua fêmea, que se alimenta de sangue, passou a atacar o homem quando ele está dormindo, por volta da meia-noite. Antes, o mosquito saia para sugar sangue sempre no começo da manhã ou no final da tarde.
O senador alertou para o potencial devastador da malária: “essa doença não é qualquer coisa. Com ela a pessoa perde muito, fica incapaz sequer de abrir os olhos”, disse, reafirmando seu compromisso de atuar de modo incessante pela saúde da população. Tião Viana agradeceu ao empenho de profissionais do sistema público de saúde, o presidente Lula, a quem se refere como “um amigo do povo brasileiro, dos acreanos”, e ao governador Binho Marques, que junto com ele adotou uma postura política e investe hoje cerca de R$ 6 milhões ao ano apenas na manutenção do trabalho dos agentes de endemias.
O QUE ELES DISSERAM
“Esse mosquiteiro tem um significado muito grande, de saúde e alegria para o nosso povo”.
César Messias, vice-governador do Acre
“Quero agradecer a parceria com o governador Binho Marques e o apoio do senador Tiao Viana. Para fazer uma boa administração tem de ter união”.
Francisco Burica, Prefeito de Rodrigues Alves
“É num ato como este que percebemos seu esforço em trabalhar pelo povo do Acre”.
Darimar Rocha, presidente da Câmara de Vereadores de Rodrigues Alves
“Este mosquiteiro, junto com outras obras, como os ramais, é demonstração de carinho e grandeza com o povo do Juruá”.
Sebastião Costa de Oliveira, agricultor no Ramal da Bananeira, em Rodrigues Alves
“Só temos a agradecer às nossas autoridades, por esses mosquiteiros, pelo ramal. Não acreditava que algum dia eu deixaria de andar a pé por aqui”.
Marinalda Costa, líder comunitária no Projeto Santa Luzia, em Cruzerio do Sul.
“Só quem pegou malária sabe o estrago que ela è capaz de fazer”.
Edvaldo Magalhães, presidente da Assmbléia Legislativa do Acre