O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Jacques Diouf, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontraram neste domingo (15) em Cúpula sobre Alimentação de líderes da América Latina e da África, em Roma. Lula discursou no evento.
O encontro de hoje é uma prévia da Cúpula Mundial de Segurança Alimentar, que começa amanhã e vai durar três dias. Lula discursará na abertura, alertando para a insuficiência de recursos internacionais destinados a enfrentar a fome no mundo e pedindo o fim dos subsídios agrícolas que prejudicam as economias mais pobres.
A FAO estima que atualmente mais de 1 bilhão de pessoas passam fome e sofrem de desnutrição, o pior nível desde os anos 1970, o que torna ainda mais distante o objetivo de reduzir o número de famintos para 420 milhões de pessoas até 2015
Diouf até fez uma greve de fome simbólica de 24 horas, entre sexta-feira e sábado, para chamar a atenção do mundo para o problema.
Além dos discursos, não se espera que os países assumam compromissos quantificáveis, como metas e cronogramas, de combate à fome e desnutrição. A FAO reivindica US$ 44 bilhões por ano em ajuda para países pobres assegurarem alimentação mínima a suas populações.
Mas poucos chefes de Estado de países ricos (como Estados Unidos, Grã-Bretanha e França), em tese os principais financiadores dos projetos de combate à fome, estarão presentes. Cerca de 60 nações estarão representadas no encontro, mas as ausências já levantam dúvidas sobre as chances de sucesso do encontro, que tem o ambicioso objetivo de “lançar as bases para uma nova forma de coordenação global para o combate à fome”.
Para dar conta de um aumento de população dos atuais 7 bilhões para os estimados 9 bilhões em 2050, a produção de alimentos nos países pobres precisa crescer 70% no período. Isso significa que o investimento em agricultura alimentar precisa passar dos atuais US$ 7,9 bilhões anuais para US$ 44 bilhões por ano.
O Brasil está entre os elogiados como modelo de combate à fome, principalmente por causa do programa Fome Zero, que abarca 44 milhões de pessoas. Segundo os dados da FAO, 16 milhões de brasileiros sofriam de desnutrição em 1991. De 2001 a 2005, este número caiu para 12 milhões e a porcentagem de desnutridos passou de 10% para 6%. Entre outros elogiados pela FAO ou por organizações humanitárias estão Vietnã, Nigéria, Gana e China.
O Brasil quer aproveitar esta cúpula em Roma para dar visibilidade não apenas às suas ações domésticas de combate à fome, mas também a iniciativas para fortalecer a segurança alimentar no mundo. O Brasil convocou uma reunião com os países africanos para propor uma ajuda no desenvolvimento agrícola da savanas africanas.
O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva serviu de garoto-propaganda para propor aos países da África subsaariana iniciativas de transferência de tecnologia agrícola a partir da experiência brasileira na viabilização agrícola do Cerrado, que também é um tipo de savana.