A indústria brasileira, embora tenha sido o setor mais afetado pela crise, constituiu-se em uma das protagonistas da reação do país, fazendo imenso esforço de superação para manter a produção e o maior volume possível de empregos. Felizmente, os indicadores econômicos confirmam que o Brasil superou bem o gravíssimo crash mundial, conseguindo até mesmo reverter as expectativas de retração do PIB em 2009. As perspectivas são de expansão pequena no fechamento do ano, na casa de 1,5%. Trata-se, contudo, de uma vitória se considerarmos a situação de outras nações.
Em 2010, as expectativas são de franca recuperação, inclusive para o setor indus-trial, cuja expansão deverá seguir as previsões relativas ao PIB nacional, em torno de 5%. No Acre, de modo particular, as condições para essa retomada são especialmente positivas. O Estado tem alguns diferenciais competitivos interessantes como fatores de atração de investimentos: incentivos fiscais, como a isenção de IPI, e os estímulos da Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia) e dos recursos do FNO (Fundo Constitucional de Financiamento do Norte).
Ademais, a Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac) tem trabalhado muito no sentido de contribuir para o fomento do setor. Um exemplo: em parceria com outras instituições e o poder público, estamos executando o Projeto Norte Competitivo. O programa mapeará todas as saídas da Amazônia Legal, visando ao estabelecimento de uma estrutura eficaz e adequada de transportes de cargas e movimentação de passageiros. No mundo globalizado, a logística é fator exponencial e se constitui em vantagem competitiva.
Pesquisa recente realizada pela Fieac comprova que o desempenho da economia acreana sinaliza para o crescimento, com dados sobre a indústria de transformação, por exemplo, que cresceu 7,72% no acumulado de janeiro a outubro deste ano; outro indicador de crescimento é o faturamento real da indústria de transformação, que estava em queda em 2008 e neste ano teve crescimento acentuado, como nos meses de junho (5,57%), julho (8,91%) e agosto (4,90%). No setor da construção civil, um dos mais pujantes em nosso Estado, houve um expressivo crescimento no índice de emprego de 19,97% até novembro deste ano.
Todos estes dados demonstram que, no curto prazo, as perspectivas são boas, mas também há estimativas positivas para os próximos cinco anos. Nesse período, os setores industriais de maior volume de demanda no Acre serão a construção civil, alimentos e bebidas, minerais não-metálicos, madeira e eletricidade. Os que deverão apresentar maior crescimento serão os de construção civil, madeira, minerais não-metálicos e alimentos e bebidas. Tais informações foram apresentadas por Márcio Guerra Amorim, gerente do Observatório Ocupacional da Indústria no Senai Nacional, durante o 1º Workshop Cenário e Perspectivas da Indústria no Brasil, realizado dia 1º de dezembro, na Fieac.
Com a promoção de eventos como esse, queremos contribuir para que o parque industrial de nosso Estado tenha informações cada vez mais precisas para nortear sua expansão e desenvolvimento. No seminário, ratificou-se algo em que sempre acreditei: as re-giões Norte, Nordeste e Centro-Oeste deverão apresentar crescimento econômico acima da média nacional, com destaque para o processo de interiorização sustentado pelo avanço da infra-estrutura. Este indicador também corrobora o acerto quanto ao programa de desenvolvimento da logística e dos transportes.
Os cenários de curto e médio prazo, portanto, são animadores. Esperamos que, no plano nacional, o Brasil consiga diminuir ainda mais os juros (incluindo os spreads bancá-rios) e baixar os gastos públicos e a carga tributária, realizando as tão sonhadas reformas estruturais. Será muito importante que o ano eleitoral de 2010 não interfira no andamento das mudanças necessárias e da gestão econômica. O país vive um bom momento. É preciso aproveitá-lo para consolidar os fundamentos de nossa economia e promover o crescimento sustentado.
*João Francisco Salomão é o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre — Fieac ([email protected]).