Tem momentos na profissão de jornalista que ficamos num dilema. Isso aconteceu comigo na matéria que publiquei em A GAZETA, do dia 23 de dezembro. Fui para Cruzeiro do Sul, no sábado, dia 19, para fazer uma reportagem sobre um avião que chegaria carregado com 45 toneladas de frutas e verduras, no domingo, dia 20. No entanto, processos burocráticos atrasaram a chegada da aeronave.
Ficou marcado o pouso para a terça-feira, dia 22. Um avião que saiu de Manaus (AM), da empresa Beta, como combinado, chegou à Pucallpa na terça de manhã. Durante cinco horas foi carregado com frutas e verduras. Nesse ínterim, foi convocada uma entrevista coletiva com o presidente da Aleac, deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), às 14h30. Participei da coletiva e depois entrevistei os principais empresários da cidade sobre os benefícios da operação comercial à população do Juruá. Durante esse processo recebi a informação de que a aeronave estava com problemas para acionar os motores, em Pucallpa. Confesso que achei a situação completamente absurda. Como não sou expert em aeronáutica avaliei como problemas de um motor de partida que seria facilmente resolvido.
Já era 17h30 e a minha matéria estava escrita. Afinal, o mais importante era a conse-qüência do abastecimento alimentar de um lugar isolado durante o inverno amazônico. Claro, faltava a foto do avião. Mas como os jornais impressos obedecem horários industriais resolvi mandar minha reportagem para não atrasar o fechamento. Apesar das coisas ainda não estarem resolvidas, a informação que eu tinha naquele momento era que a carga deveria chegar à Cruzeiro do Sul naquela madrugada.
Fiquei num dilema. Poderia mandar a matéria e o avião não chegar e não mandá-la e o avião chegar a qualquer momento e perder a notícia. Como estava convencido pessoalmente que a aeronave chegaria, mandei a matéria, que foi publicada. É óbvio que avaliei, erradamente.
Ao sair de Cruzeiro do Sul para Rio Branco, no dia 23, recebi informações de que uma LPU, que aciona os motores do avião, teria saído de Lima, no Peru, para solucionar definitivamente o problema. Voltei a trabalhar na redação de A GAZETA só no dia 26.
Assumo o erro que não foi induzido por ninguém além da minha própria avaliação, por isso, peço desculpas aos leitores de A GAZETA.
Próximo avião
Conversei, ontem, com o presidente da Associação Comercial do Alto Juruá, Marco Venício. Ele informou que a empresa envolvida no processo de importação e a Companhia Aérea Beta garantiram aos empresários cruzeirenses que não haverá prejuízos. Segundo Venício, os comerciantes do Juruá continuam animados com a possibilidade de fazerem parte do abastecimento regional através de Pucallpa. “O Aeroporto de Cruzeiro do Sul estará alfandegado todas as sextas-feiras durante os meses de janeiro, fevereiro e março do ano que vem. O processo deverá seguir normalmente e todos entenderam houve um problema não previsto por ninguém”, garantiu.