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Binho: “o que parecia impossível agora é a possibilidade de o Acre ter um futuro melhor”


Numa conversa com a imprensa, através da rádio Difusora, o governador Binho Marques (PT) se mostrou animado com os resultados da Conferência das Mudanças Climáticas. Falando por telefone de Copenhague, Binho revelou que, no encontro dos governadores brasileiros, o presidente Lula teria brincado que o Acre é uma ONG. Imediatamente, Binho retrucou que o Estado está deixando de ser uma ONG para se tornar uma S/A. A afirmação se refere ao grande número de investidores interessados em mandar recursos para o Acre.  

“Depois de Copenhague todos estão procurando fazer negócios com o Acre. Mas tenho dito que a nossa preocupação não é o negócio. A gente quer garantir a floresta em pé fazendo com que os recursos cheguem à população para que todos possam ter qualidade de vida”. Binho garante que as ofertas são muitas, mas que o importante é saber selecionar os parceiros. “A gente pode escolher os parceiros mais comprometidos com a inclusão social. Queremos vender um projeto com o jeito do povo do Acre e que tenha qualidade suficiente para melhorar a vida da população”, argumentou.

Segundo Binho, o fato do Estado ter adotado um modelo florestal tem sido um diferencial nas negociações de Copenhague. “Todos ficaram muito impressionados porque o Acre tem uma história e nós já estamos fazendo o que propomos. Uma maneira de se ter resultado é apoiando todas as medidas que possam reduzir os desmatamentos para diminuir a emissão de carbono. Nós temos um projeto que reduz o desmatamento e melhora a qualidade de vida da população. Estamos bastante otimistas porque pela primeira vez os governadores da Amazônia chegaram a um consenso. O Acre lidera as iniciativas de se alcançar o nível que todos querem. Está sendo uma espécie de noiva que todos querem cortejar”, garantiu.

Frutos da economia florestal

Animado com a repercussão da exposição econômica feita em Copenhague, Binho acha que chegou a hora de colher os frutos da opção do Estado. “O que estamos vendo é algo que não se imaginava. A nossa economia já está em crescimento e a preocupação de salvar o Planeta é tão forte que muitos querem ser nossos parceiros. O que antes parecia para alguns um problema na verdade é uma solução. A floresta é o nosso principal ativo que pode significar a entrada de muitos recursos no Acre. Nós estamos tendo todo cuidado para não tomar medidas precipitadas e encontrar os parceiros certos que se identifiquem com a nossa causa de inclusão social. Mas a verdade é que as pessoas conversam sobre a floresta como um negócio viável. Existe um volume de recursos grande que estão sendo contabilizados para investir. Vai levar algum tempo para o resultado dessa Conferência ser transformada em ações práticas. Mas estamos com uma vantagem competitiva muito grande. Existe uma diferença daqueles que tem um projeto na mão e os que já estão praticando. Nós estamos praticando a nova economia com baixa emissão de carbono. Isso é tudo que as pessoas querem ouvir. Acho que nessa Conferência fria tem muito do calor do Acre da transformação que está acontecendo na nossa sociedade. Podemos ter confiança que toda a negociação vai caminhar para ajudar o desenvolvimento sustentável acreano muito além do que já fizemos até hoje,” salientou.

As iniciativas produtivas desenvolvidas no Acre nos últimos anos é que garantem uma colheita positivas de resultados explicou o governador. “A gente já pode dizer que o Acre está colhendo os primeiros frutos do seu desenvolvimento com bases florestal. Estamos presentes numa grande rede brasileira, a C&C, que vende produtos feitos no Acre. As pes-soas compram os nossos móveis porque sabem que estão adquirindo um produto que preserva o Planeta. É uma outra perspectiva, um mercado novo. Quando falamos em economia é para que esses recursos captados sejam distribuídos de maneira mais justa a toda população. Isso permite fazer com que o Acre esteja na dianteira desse modelo de desenvolvimento. Aqui se fala de uma economia de baixo carbono e o projeto do Acre está sendo visto pelo Banco Mundial como um Estado que vai estar à frente dos demais. Tenho certeza que vamos ter nos próximos anos uma grata surpresa e um crescimento rápido. O que estamos falando aqui pode parecer algo próximo de um sonho, mas ele é real e já está acontecendo”, garantiu.
 
Diferencial positivo
Para o governador o fato de se ter feito o dever de casa qualificou o Acre para novos investimentos.  “O que ficou claro é que na Amazônia tem estados que estão depredados e outros conservados. No caso do Acre temos características geográficas muito mais próxima de Rondônia e do sul do Pará. No entanto, não nos colocaram na mesma lista dos estados mais degradados. A diferença está no povo acreano que assumiu um modelo de desenvolvimento sustentável há mais tempo. Hoje as maiores autoridades do mundo reconhecem que esse é o caminho para o desenvolvimento. Temos 88% de florestas conservadas. Uma área do tamanho da Inglaterra, e eles sabem que isso só foi possível porque o povo lutou. Tem gente que não sabe como fazer o que nós já estamos executando. Não consigo traduzir o impacto que o Acre está causando em todas as esferas tanto dos governos nacionais como internacionais. Todos olham com bons olhos e querem investir no Estado. O melhor é que os que querem investir aqui são os que têm projetos honestos e preocupações não só com o meio-ambiente, mas com a população que mora na floresta. O nosso projeto é atraente para investimentos no plano internacional e o que é muito pouco para eles é muito para nós”, explicou.  

 
Binho explicou que a independência nas ações é que garantiu a credibilidade internacional no modelo implantado no Estado. “O Acre pode ser um ponto pequeno no planeta, mas o que faz a diferença é que nós não estamos esperando por ninguém para fazer a nossa tarefa e é isso que convence. Nós falamos com a sinceridade de quem já passou por maus bocados. Mas, agora, aquilo que parecia impossível é uma possibilidade para o Acre ter um futuro melhor”, afirmou.

Perspectivas às novas estradas acreanas
Indagado sobre a relação preservacionista com a construção da BR-364 e da ligação entre Cruzeiro do Sul e Pucallpa, no Peru, Binho respondeu: “a gente nem terminou a BR-364 até Cruzeiro do Sul e já existe esse debate da estrada Cruzeiro-Pucallpa. Acho que a primeira coisa a fazer é ir com a BR até o Juruá. A chuva atrapalhou muito o nosso trabalho esse ano. Mas essa é a nossa prioridade. Precisamos ter um debate sobre desenvolvimento regional com a amplitude de toda a região amazônica internacional. O que se tem no Brasil é diferente do Peru e da Bolívia. Nesses países os cuidados ambientais são praticamente nulos. Então, é preciso uma negociação mais tranqüila. Nós não podemos nos precipitar. Acredito que a integração é algo importante, mas não podemos colocar os carros a frente dos bois. Essa estrada é importante, mas deve acontecer com todos os cuidados necessários porque corta uma área de preservação ambiental num Parque Nacional. Todo cuidado é pouco.Nós precisamos fazer um debate com a sociedade e levar em conta o que é prioritário. Não precisamos ter ansiedade. Cruzeiro do Sul se interligar com Rio Branco já vai ser um impacto econômico enorme para a região. É muito mais importante se preocupar com o que vai acontecer nesse impacto do que sair na frente propondo novas mudanças”, finalizou.

 

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