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Mais de duas mil famílias vivem em áreas de risco na Capital


De acordo com levantamento da Defesa Civil Municipal, mais de duas mil famílias vivem em áreas de risco na Capital acreana. São aglomerações humanas erguidas às margens de rios e igarapés, sem as mínimas condições de moradia, como o conhecido cartão postal do bairro Preventório, onde segundo os moradores, sete casas já foram tragadas pelo barranco.

No período das chuvas, a situação fica ainda mais crítica. A Francisca das Chagas da Silva conhece bem esta realidade. Ela é a moradora mais próxima do Rio Acre e teme qualquer dia desses acordar dentro dele. “Toda vez que chove eu vou dormir na casa da vizinha. A casa balança e eu tenho medo pelo que possa ocorrer comigo e à minha filha”, diz temerosa.

A casa de apenas um cômodo está completamente inclinada em direção ao Rio Acre, sendo sustentada por pedaços de madeira que Francisca colheu da região. Para agravar ainda mais a situação, foi construída bem próximo a um bambuzal que já começa a se inclinar sobre ela.

Segundo Francisca, as rachaduras que surgem no barranco durante os períodos das chuvas são as responsáveis pelo desmoronamento das casas. “Ontem mesmo caiu parte do barranco. Existem rachaduras por todo lugar. É como viver num eterno pesadelo”, disse.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Francisca vive há quatro anos na invasão do Preventório e sonha com o dia em que deixará a área de risco para viver num lugar mais digno, junto com toda a sua família.
Numa ação conjunta com as secretarias de Obras e Assistência Social, o coordenador de Defesa Civil do município de Rio Branco, Gilvan Vasconcelos, busca uma solução para o problema.
Após a identificação das áreas é realizado um rigoroso estudo socioeconômico das famílias que habitam a região, como forma de identificar aquelas que podem ser inseridas no programa de casas populares do Governo Federal.
“No caso do Preventório, existe uma possibilidade de as famílias serem contempladas com as obras do PAC. Esse estudo já está sendo realizado pelas secretarias de Obras e Assistência Social. Para isso é necessário que se enquadre no quesito de renda mínima, que equivale a um quarto do salário mínimo”, disse.
A Defesa Civil Municipal também mantém monitoramento permanente nessas áreas. A fiscalização é realizada através de três motocicletas. A meta é evitar que novas construções sejam erguidas nestas áreas, aumentando ainda mais os riscos de desmoronamentos.

Rio Acre continua subindo e aumenta risco de enchente
Medições diárias realizadas pelo Corpo de Bombeiros e repassadas à Coordenação da Defesa Civil Municipal confirmam que o nível do Rio Acre continua apresentando elevação. Nas últimas 24 horas, foi registrada uma alta de 48 centímetros, saltando de 9,86 para 10,34 metros. O índice de precipitação também está acima do estimado. Para o mês de novembro, a previsão era de 197,6 mm, mas choveu 297,8 – 100,2 mm a mais do que o esperado.
Para o coordenador da Defesa Civil Municipal, ainda é cedo para falar de enchente, mas os registros comprovam que sempre é bom estar alerta. No ano de 1978, por exemplo, nesta mesma data, o Rio Acre apresentava uma alta de 8.56 metros e atingiu 16.90 metros dez dias depois.
Além do monitoramento do Rio Acre, a Defesa Civil também mantêm controle constante em relação aos igarapés que oferecem risco de transbordamento, como São Francisco e Judia. Os dois cortam vários bairros da Capital e provocam alagações geralmente no período de inverno.
Um Plano de Contingência de Enchentes está em fase de conclusão para ser colocado em operação a qualquer momento. Visa garantir a segurança das famílias que moram em áreas alagadiças. (D.A.)

 

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