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Sem Zona Azul, espaços públicos no Centro são ‘privatizados’ por condutores


A falta de recursos que atingiu todas as prefeituras do país, com a queda nos repasses do FPM (Fundo de Participação dos Municí-pios), fez com que a Rbtrans (Superintendência de Transportes e Trânsito de Rio Branco) adiasse a implantação do sistema de estacionamento rotativo, conhecido como Zona Azul. Sem o controle, funcionários públicos que trabalham em órgãos no Centro da cidade acabam por ocupar durante todo dia as vagas em vias públicas.

De acordo com pesquisa da própria Rbtrans, 85% dos automóveis estacionados no Centro da Capital ficam mais de cinco horas parados, impedindo a democratização e a rotatividade destes espaços.

Para não pagar as tarifas dos estacionamentos privados, muitos motoristas se arriscam em estacionar em locais proibidos. Como conseqüência, o condutor é punido com a remoção do veículo e aplicação de multas. Com o reforço do policiamento durante as festas de final de ano, é mais do que certo gastar as economias do mês para retirar o carro do pátio.

A intensa movimentação na região central da Capital, onde se concentra o maior número de lojas nestes dias que antecedem o Natal, agrava ainda mais o problema da falta de esta-cionamentos em vias públicos da cidade. A falta da Zona Azul para controlar e cobrar dos motoristas que tomam de conta desses espaços deixa muitos deles que vão às compras com a única opção de ir para os estacionamentos privados.

“É muito melhor pagar de R$ 2 a R$ 3 numa dessas áreas particulares do que ter a dor de cabeça de ser multado e ter o veículo guinchado”, diz Ricardo Torres, superintendente da Rbtrans. Segundo ele, a partir de janeiro um edital de licitação será lançado para contratar a empresa responsável por gerenciar a Zona Azul de Rio Branco. Cinco empresas já mostraram interesse. 

Torres reconhece que há poucas vagas no Centro, mas que não é função da prefeitura prover esta carência. Para ele, os motoristas rio-branquenses precisam mudar o comportamento de querer estacionar o veículo a poucos metros do local em que desejam ir. “No Parque da Maternidade há espaço para deixar o automóvel. O problema é que ele terá que andar 200 metros para chegar ao centro comercial, e muitos condutores não estão dispostos a isso”.

Trabalhador autônomo, Anizo Batista todos os dias precisa resolver problemas no Centro. Diariamente é o mesmo martírio. Ontem, por exemplo, dirigiu por 30 minutos para estacionar. “Rodei o equivalente a cinco quilômetros”, reclama ele.  Onde parou é proibido. Sabia dos riscos, mesmo assim lá deixou. Quem também aumenta seus ganhos nessa época do ano são os guardadores de carros, ou flanelinhas.

Trabalhando há mais de vinte anos na Rua Arlindo Porto Leal, Maurício Batista comemora o bom faturamento; o décimo terceiro salário deles. Mas os carros dos funcionários públicos que ficam o dia todo nas vagas impedem que os ga-nhos sejam maiores. Além disso, a ação dos policiais de trânsito afugenta os motoristas que param proviso-riamente em local proibido e deixam as chaves com os flanelinhas.       

 

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