O resultado obtido pela comitiva de políticos e empresários acreanos a Lima não poderia ser melhor. O presidente Lula se disse sensibilizado com o pedido de quatro governadores peruanos e dois brasileiros para que seja feita a Estrada Intereoceânica do Centro, que começaria em Cruzeiro do Sul, passando por Pucallpa, para chegar ao Porto de Callao, próxima à capital peruana. O presidente peruano Alan Garcia foi mais longe ao afirmar que a estrada é uma decisão política já tomada pelo seu governo. Os pronunciamento foram feitos ontem no Palácio presidencial peruano, em Lima.
Lula brincou ao dizer que os burocratas de Brasília e de Lima não tem noção do que acontece em lugares isolados como no Juruá e na província peruana de Ucayalli. “Na reunião de hoje o Alan Garcia permitiu que nós ouvíssemos quatro governadores peruanos e dois representantes dos estados do Acre e de Rondonia. Eu confesso que foi a grande liçao que levo desse encontro. Estejam certos que está gravada na minha cabeça a idéia da descentrelização das políticas que ja poderiam ter acontecido se estivessem sob a responsabilidade dos governos regionais e não centralizados na burocracia federal em Brasília e Lima”, afirmou.
Lula completou: “vou ter um vôo de cinco horas até São Paulo e vou refletindo as queixas que ouvi dos governadors porque não tem o que explica que uma dona de casa de Rondonia ou do Acre compre um tomate que vai buscar, em São Paulo, a 5000 Km de distancia quando se tem um companheiro peruano que produz tomate a 100 Km muito mais barato”, ressaltou.
O presidente brasileiro também saudou a comitiva brasileira no seu pronunciamento no Palácio. “Soube que mais de 130 companheiros do Acre, junto com o vice-governador, deputados e governadores peruanos vieram para Lima de ônibus e que passaram mal quando chegaram a 5000 metros de altitude nas montanhas. Qu e brincaram na neve. Veja que brasileiro não precisa atravessar o Atlântico para pegar num pedaço de neve na Europa. É só vir aqui no Peru ônibus de carro e de onibus”, brincou.
Muito bem humorado, Lula, impressionado com a iniciativa dos acreanos sugeriu que o próximo encontro entre os presidentes peruano e brasileiro aconteça em março, em Cruzeiro do Sul. “Nós vamos nos reunir outra vez no primeiro trimestre do ano que vem para ver se concluimos o acordo de produção de energia elétrica no Peru e para discutirmos a construção desse trecho de estrada entre Cruzeiro do Sul e Pucallpa porque temos que atender a demanda interna dos nossos países. Nós queremos construir uma parceria que deixe todos satisfeitos. Será uma oportuidade para resolvermos as nossas deficiências energéticas e de transporte. Uma reunião com a participação dos governadores do Acre e Rondônia”, profetizou.
Peregrino da integração
No encontro Alan Garcia atribuiu a Lula os avanços nos processos de integração no Continente Sul-Americano. “O Lula fez da relação entre Brasil e Peru um dos seus objetivos de governo. Ele é o grande defensor desse processo de integração e ao mesmo tempo incentivador da união social entre os nossos povos que tem trabalhado para que as nossas reuniões cheguem a objetivos concretos”, ressaltou Alan Garcia.
Para o presidente peruano Lula é um pardigma da luta pela justiça e a igualdade dos povos que sabe tratar com respeito todos os países do Continente. “Tenho a certeza que, em 2014, Lula continuará esse trabalho que está fazendo como presidente. Essa confiança que a união dos nosso povos através de estradas e portos do nosso comércio permitirá no futuro próximo um nível alto de justiça social”, concluiu.
Por outro lado, Lula, reafirmou a necessidade de união dos países mais pobres do planeta e em desenvolvimento. “Acredito que o Peru, o Brasil e a América do Sul estão vivendo momento singular na nossa história. Fico imaginando se há 10 anos seria possível os empresários peruanos acreditarem no Brasil e vice-versa. Havia desconfianças históricas, na verdade, durante séculos houve uma doutrinação para que nós ficassemos de costas uns para os outros acreditando que a soluçao dos nosso problemas viriam todos do norte. Europa, Estados Unidos e Japão e nunca tinhamos acreditado que grande parte das soluções dos nossos problemas decorrem exatamente do tempo que ficamos afastados uns dos outros”, explicou.
O presidente brasileiro afirmou que o comércio entre os países deve ser justo. “Entre nós queremos uma relação de parceiros e não uma política que só um ganha. Todos precisam levar vantagens nos acordos que estamos fazendo. Passamos por um processo de lavagem cerebral durante séculos. Desde de 2003 tenho feito uma pressão aos empresários brasileiros para que façam investimentos na América do Sul e na África. Porque a similirridade que existe entre nós nós permitem extraordinárias oportunidades. Essa é uma forma de equilibrar a balança comercial. Não é justo que um país tenha um superávit sem que o outro também se torne competitivo. Queremos produzir coisas no Peru e gerar emprego para exportar o excedente ao Brasil para termos um comércio mais justo. É com essa lógica que incentivo os empresários brasileiros e estamos colhendo resultados extrordinários”, disse ele.
Vale destacar que no econtro de Lima Lula e Alan Garcia assinaram acordo para os vôos transfronteiriços entre os dois países. Também a permissão para as populações das regiões de fronteira possam trabalhar livremente em qualquer lado e também a permissão de circulação de veículos automotores entre o Brasil e o Peru com menos burocracia alfandegária.