O discurso do presidente Lula no último dia da 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15) ontem em Copenhague mostrou como o chefe da nação está em sintonia com o governador Binho Marques no que diz respeito a propostas concretas para a redução das emissões de gases poluentes. Enquanto Binho Marques defendeu que a melhor forma de proteção da Amazônia é a valorização das pessoas que vivem e trabalham na floresta, como está acontecendo no Acre através de programas de produção sustentável como o ativo ambiental e outros, o presidente Lula ousou desafiar as grandes potências a ajudar os países pobres, dizendo que o Brasil não só vai fazer a sua parte investindo recursos próprios no programa de redução das emissões para salvar o planeta, como se dispôs a doar dinheiro para um fundo de ajuda aos países mais necessitados.
Durante a reunião que participou com o presidente, na última quarta-feira, na Dinamarca, o governador chegou a dizer para Lula que o Brasil precisava assumir uma postura de referência. E foi o que fez o presidente ao afirmar durante a Conferência que o Brasil, mesmo diante de todas as dificuldades, não estava em Copenhague “para barganhar”, e que estaria disposto inclusive a contribuir com os países em desenvolvimento.
“O governo brasileiro estava caminhando no sentido de ficar conformado com o que já fez. O Brasil estabeleceu metas sem que necessariamente tivesse sido obrigado a fazer isso. Eu falei para o presidente que temos que parar de ficar olhando para o lado, de ficar apenas culpando as nações. Se o Brasil pode fazer mais, ele deve fazer mais, porque é o momento de o Brasil ser generoso, sem ser ingênuo. E eu tenho certeza que o presidente Lula levou nossa conversa em consideração”, disse o governador Binho Marques em entrevista para jornalistas na quinta-feira, um dia antes do forte e impactante pronunciamento do presidente Lula.
No discurso, Lula anunciou que o Brasil poderá contribuir para um fundo internacional que financie medidas para a redução de gases de efeito estufa em países pobres. “Se for necessário o Brasil vai fazer um sacrifício a mais. Estamos dispostos a participar do financiamento”, disse.
O presidente elogiou a proposta apresentada pela delegação brasileira em Copenhague, onde o governador Binho Marques esteve presente com os governadores Ana Júlia (Pará), Eduardo Braga (Amazonas) e José Serra (São Paulo), e destacou que apenas “com meias palavras e com barganhas” não se é possível encontrar uma solução para as alterações climáticas.
“Quando pensarmos no dinheiro, não pensemos que estamos fazendo um favor, que estamos dando uma esmola. Porque o dinheiro que vai ser colocado na mesa é o pagamento das emissões de gases de efeito estufa de dois séculos de quem teve o privilégio de se industrializar primeiro”, acrescentou.
O presidente Lula também destacou que o Brasil foi ousado em estabelecer metas voluntárias e dar o exemplo de comprometimento no combate às alterações do clima. “Pensando em contribuir para a discussão nessa conferência, o Brasil teve uma posição muito ousada”, disse. “Apresentamos nossas metas até 2020, assumimos um compromisso e aprovamos no Congresso Nacional transformando em lei que até 2020 o Brasil reduzirá as emissões de gases do efeito estufa entre 36,1% e 38,9%”, acrescentou.
Um exemplo de pioneirismo que o Acre já assume hoje, ao adotar na prática um modelo de desenvolvimento sustentável muito antes da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima. Uma história que começou há mais de 30 anos, como bem ressaltou o governador Binho Marques, ao falar da luta protagonizada por Chico Mendes na década de 1980 pela preservação da floresta por parte de lideranças indígenas, seringueiros e extrativistas.
“O nosso Estado tem uma história. E o que propomos nós já estamos fazendo”, disse o governador. (Agência Acre)