Em nosso século de tecnologias e praticidades, encontramos muitas vezes um perfil de homem ocidental em conflito consigo e com tudo que esteja divergindo de seu paradigma mecanicista e reducionista. Tudo precisa ter resposta dentro da “ciência”, senão não existe, até mesmo o emocional deve ser compreendido dentro de uma experiência lógica e limitada. Estas pessoas quando se deparam com a filosofia oriental, vivenciam uma dificuldade intelectual considerável, pois acreditam que existe apenas uma forma de ver o ser humano, defendida principalmente por Descartes e aceita em todos os níveis da sociedade, seja na medicina, na política, na economia, na indústria, na biologia, etc. Poucos ocidentais, porém em expansão, acreditam nessa forma holística oriental de ver, sentir e analisar o ser humano.
A medicina oriental é baseada em uma cultura tradicional milenar, estruturada na observação do homem em relação ao meio interno, à natureza que o cerca e seus fenômenos, onde saúde se caracteriza por equilíbrio energético vital entre as diversas forças existentes no organismo humano, o qual irá criar condições ao organismo de eliminar a doença através de seus próprios meios. Trabalha o homem como um todo integral, percebendo a doença não como um fenômeno isolado e casual, mas como uma extensão dos atos e modo de vida do ser humano em comunhão com o universo.
Esta medicina é mais antiga que Hipócrates, considerado pela história acadêmica como o “Pai da Medicina” por ser o primeiro médico de que se tem notícia, porém a medicina oriental é anterior, ela é milenar, mas não tenta com isso ser considerada melhor ou contrária à medicina tradicional, ela procura sim complementar e enriquecer o tratamento. A medicina tradicional oriental compreende o conjunto de terapias e diagnóstico como a acupuntura, o moxabustão, as ventosas, o shiatsu, a homeopatia, etc.
Dentre estas está o “shiatsu” que deriva da palavra japonesa “shi” (dedo) e “atsu” (pressão), que é considerado uma terapia oriental de manipulação da energia Ki (energia vital), através do desbloqueio de pontos específicos (tsubos), para atingir o reequilíbrio físico e ener-gético do corpo humano, para corrigir disfunções internas, promover e manter a saúde, e tratar doenças específicas. É aplicado através de vários tipos de pressão com os dedos, cotovelos, pés e mãos em pontos específicos dos meridianos (canais energéticos do corpo) usados na acupuntura, além da movimentação e tração de articulações e de estruturas músculo-esqueléticas com o objetivo de liberar e auxiliar na circulação.
Para compreender melhor o shiatsu faz-se necessário o conhecimento da energia “ki”, que por definição significa atividade ou movimento encontrado em todos os elementos que compõem nossa existência, animados ou inanimados, sendo comprovados por experiências científicas e pela fotografia Kirlian, descoberta em 1940 pelos cientistas Russos, Semyon e Valentina Kirlian.
Esta energia vital dos seres vivos é conhecida pelos japoneses como “ki”, que flui pelo corpo humano de forma regular formando “canais”, ou “caminhos” chamados de meridianos yin ou yang, que estão relacionados com órgãos específicos de onde recebem suas denominações. Quando em desbloqueio ou equilíbrio é responsável pela saúde e sensação de bem-estar físico, psicológico e energético. Ao longo dos meridianos encontramos pontos denominados “tsubos”, que significa abertura, buraco e são responsáveis pela entrada e saída de energia. Estes apresentam baixa resistência à eletricidade, sendo assim, bons condutores elétricos.
Segundo pesquisas científicas em acupuntura foi observado que a pele atua como órgão efetor na homeostasia energética corporal e absorve ou descarrega tensões elétricas em função de atividades psíquicas e metabólicas em momentos de estresse, atividades físicas, estados patológicos e outros. A coordenação dessas trocas ener-géticas para todo o organismo é responsabilidade do sistema nervoso central que no caso, juntamente com o shiatsu, auxilia no equilíbrio geral do organismo.
Os principais efeitos do shiatsu no organismo são: analgésico neuro-musculares, antiinflamatórios, imu-nológicos, psíquicos e de comando funcional de certos órgãos e sistemas. As contra indicações são: câncer, aids, febre intensa e doenças infecciosas.
Em suma, a terapia shiatsu é uma maneira do receptor “se sentir”, de entrar em contato com suas tensões e desequilíbrios do dia-a-dia e assim, despertar uma nova consciência e mais profunda de seu corpo, passando a respeitá-lo e conhecê-lo, tornando-se sensível às suas necessidades. Desta forma ao ouvir o que o corpo tem a nos dizer, estamos aptos a atingir o verdadeiro equilíbrio físico, emocional, mental e espiritual.
* Lídia e Gilmar Maia é fisioterapeuta e terapeuta holístico. E-mail: gil@porthal.org