Quando passaram por Rio Branco na manhã de ontem, com destino ao Peru, os integrantes do grupo “Aventureiros do Sul”, com sede no Estado do Paraná, não imaginavam o que os esperava do outro lado da fronteira. As fortes chuvas que castigam a região desde o fim de semana isolaram cerca de 2 mil turistas que visitavam a cidade histórica de Machu Picchu.
Sem descer das suas modernas motocicletas Suzuki, Reinaldo, Renilson, Sandro e Valmir – todos professores universitários – agradeceram pela informação obtida através desta GAZETA – e seguiram viagem na esperança que ao chegaram no local, os problemas já estejam resolvidos, ou pelo menos amenizados.
“Depois de uma semana viajando não temos como recuar. De lá, pretendemos prosseguir ainda pela Bolívia e Venezuela”, disse Sandro, o único do grupo que já conhece o Peru e servirá de guia para os demais.
Apesar da coragem e ousadia do grupo, as informações não são nada animadoras. O deslizamento de terra provocado pelas tempestades acabou destruindo parte da única ferrovia que faz a ligação entre Cuzco e a cidade de Águas Calientes, local onde costumam dormir os turistas que visitam Machu Picchu.
Foi declarado estado de emergência por 60 dias e a entrada de turistas está proibida pelos próximos três dias. Segundo noticiou a Agência Brasil, os turistas brasileiros que estavam na região passaram a noite da última segunda-feira, 25, em vagões, por falta de locais apropriados para serem alojados. Ontem, eles foram retirados com a ajuda de helicóptero.
Em nota, o Itamaraty confirmou a presença de cerca de 100 a 120 brasileiros na região afetada pelas chuvas. Informou ainda que o governo brasileiro, por meio da embaixada em Lima, está acompanhando de perto a questão.
Por fim, diz que estão sendo elaborados planos para eva-cuar as pessoas que estão ilhadas. Esses planos serão executados assim que as condições técnicas estiverem presentes, eminentemente, assim que as chuvas diminuirem um pouco.
Presença de acreanos ainda não foi confirmada
Ainda não se confirmou oficialmente à existência de acreanos entre os turistas isolados na região. Mas as possibilidades são grandes, haja vista que de terça a domingo, parte da Rodoviária de Rio Branco, com destino as cidades peruanas de Cuzco e Porto Maldonado, cerca de 30 a 40 turistas.
O gerente encarregado da empresa na Capital acreana, Leodir Alves, disse que não descarta a possibilidade, mas se existem acreanos em Machu Picchu eles se deslocaram por conta própria até lá. “Nosso trajeto passa por Cuzco e Porto Maldonado, então na nossa linha está tudo tranqüilo”, disse.
As agências Moraes Tur e Kampa Turismo também não confirmaram nenhum pacote turístico em andamento no local. A direção da Viaje Turismo informou que tinha um pacote em aberto, mas que até agora, talvez em virtude das últimas notícias, ninguém fez a confirmação.
Deve ser levado em consideração, ainda, que as agências de Viagem e a linha de ônibus mantida através da empresa peruana em Rio Branco, não são as únicas formas de se chegar ao Peru. Existem ainda aqueles acreanos que movidos pelo espírito aventureiro decidem traçar o plano de viagem sozinhos, de forma informal.
Advogado adia palestra na Ufac por causa do mau tempo
Nas cidades de Cuzco e Porto Maldonado vôos foram cancelados em virtude do mau tempo. Uma grande fila de turistas começou a se formar nos aeroportos e rodoviárias das duas cidades. São turistas desesperados tentando deixar a região.
Existem ainda aqueles que moram no país, mas tinham que deixá-lo em virtude de agendas de trabalho. Um deles é o advogado peruano Pantiogoso Velloso da Silveira, que deveria estar em Rio Branco nesta quarta-feira, 27, para ministrar palestra sobre os “Diversos aspectos do Peru e os vínculos com o Brasil” na Universidade Federal do Acre (Ufac).
Por e-mail, Velloso informou que está impossibilitado de deixar o país. “Está um caos aqui pelas chuvas, por isso não posso estar aí”, justificou. O advogado se prepara para a apresentação desde dezembro do ano passado e não esconde a decepção em não poder comparecer.
Quatro mortes confirmadas
De acordo com o G1, pelo menos 4 pessoas morreram nas últimas horas vítimas da chuva que atinge a região próximo às ruínas da cidade inca de Machu Picchu, no Peru. Uma turista argentina e um guia peruano estão entre as vítimas e teriam sido mortos em deslizamentos diferentes, disse a rádio RPP. Novas vítimas não estão descartadas.