Segue abaixo a íntegra da nota enviada pelo Conselho Indigenista Missionário(Cimi):
“Primeiramente parabenizo pela matéria “No Acre, indígenas se entregam à prostituição, às drogas e à violência” publicada hoje[ontem], dia 5 de janeiro de 2010 no portal Contilnet e aproveito a oportunidade para fazer algumas observações e para tornar clara a nossa posição enquanto entidade que zela pelos interesses e direitos dos povos indígenas. A situa-ção em Sena Madureira não é nova e apresenta alto grau de complexidade.
O Cimi (Conselho Indigenista Missionário) tem desenvolvido um trabalho junto aos povos indígenas em espaços urbanos, notadamente em Rio Branco e Sena Madureira, inicialmente estamos localizando e monitorando as famílias. Realizamos em 2009 o primeiro senso indígena nestas duas cidades. É mesmo impressionante a forma em que vivem. Neste caso, somos obrigados a denunciar a falta de investimentos e falta de políticas públicas específicas. Os governos municipais e estaduais têm preferido colocar a responsabilidade no Governo Federal sob o argumento de que a responsabilidade é “exclusiva” da Funai. Isso, no entanto, só vale quando é para implementar políticas públicas. Para pavimentar as BRs 364 e 317, por exemplo, o Governo do Estado não precisa esperar as determinações da Funai. Os Katukina do Campinas ainda não receberam a indenização prometida e acertada por ocasião da pavimentação da BR-364.
A situação em Sena Madureira é gravíssima e o Governo do Estado tem sim responsabilidades, assim como as tem a prefeitura e nós que atuamos diretamente com os povos indígenas. As responsabilidades do Estado e da prefeitura se faz notar pelo simples fato de serem cidadãos acreanos. O Governo do Estado tem dito que o Acre será o melhor lugar para se viver na Amazônia e se gaba de ser um Estado voltado para o que chamam de “Florestania”, o Estado que respeita e promove as populações tradicionais, incluindo os povos indígenas. Então, a situação vivida pelos indígena (e não indígenas) em Sena Madureira expõe uma ferida social e clama por ações concretas. É hora de deixarmos de lado as demagogias e falas fáceis.
A situação em Sena Madureira é por si uma denúncia do estado de abandono em que vivem os indígenas. Nós, do CIMI, assumimos a luta dos povos indígenas e, dentro de nossas limitações, temos procurado colaborar com o poder público, mas, é preciso que o poder público assuma suas responsabilidades e desenvolva políticas públicas específicas e eficientes. Como sempre estamos dispostos a colaborar no que for possível, mas sem nos prender ou atrelar politicamente”.
CIMI – Conselho Indigenista Missionário
Lindomar Dias Padilha
Coordenador Regional