Se compararmos a vida a uma luta de boxe encontraremos diversas semelhanças. Essa comparação pode parecer absurda num primeiro momento, porém façamos um raciocínio.
Cada vez que um lutador entra num ringue é um novo desafio, cada vez que tomamos uma decisão em nossas vidas é um desafio. No ringue o boxeador tem outra pessoa em sua frente, diferente dele no corpo e talvez na alma, a única coisa que precisa ser semelhante é o peso. Na vida quando entramos em um ringue, entenda isso como desafios que você projeta para si, somos nós contra nós mesmos.
Quero dizer que os problemas que encontramos moram nos detalhes talvez psíquicos ou físicos, como em uma luta de boxe, pois cada detalhe pode fazer a diferença tanto em termos preparatórios como em termos de execução final.
O lutador precisa estar atento a cada movimento de seu adversário, precisa se esquivar. Agora, o desafio lançado é: como se esquivar de nossos próprios golpes?
Na vida somos passíveis diariamente de interrupções psicológicas de nosso comportamento social que se reflete onde quer que estejamos.
As dificuldades que encontramos no dia-a-dia são muitas, na luta de boxe cada detalhe pode definir o seu final, se a luta termina se ouve um sino tocar dizendo que alguém perdeu. E na vida?
Entenda, em nossa existência sempre vai existir um sino querendo tocar, a única alternativa para o lutador é se levantar e pensar na próxima luta, pois o sino que ele escutou não se instalou em seu psicológico.
Se ouvir esse sino tocar no seu interior quer dizer que você desistiu de si mesmo, no caso do lutador é como abandonar sua carreira, quando ele poderia chegar ao auge e ainda se tornar um campeão, pois se ele pensar que está tudo acabado não vai entender e enxergar que esse pode ser apenas um novo começo.
Cada erro que cometemos na vida pode ser um recomeço, muito mais grandioso. Às vezes quando erramos é porque não soubemos dar valor quando acertamos. Os erros nos fazem repensar, recriar, reinventar nós mesmos e os desafios que colocamos como metas. Por isso, não há culpa no erro quando se procura acertar, o verdadeiro erro é não se permitir errar.
O sino tocando não se refere à morte na vida nem a derrota na luta, porque não importa o que aconteça sempre podemos nos levantar e tentar mais uma vez.
Por isso nunca se deixe abater, procure sempre novos desafios, como um lutador atrás de novas lutas. Pois o pior de tudo é não se permitir confrontar o lutador com sua luta e nós contra nós mesmos.
Eu ainda não ouvi o sino tocar. A pergunta agora é: e você, já ouviu o sino tocar?
* José Mastrangelo Filho é jornalista e designer gráfico, e-mail: josemastrangelo@gmail.com