A construção civil foi o setor da economia acreana que mais demitiu trabalhadores nos últimos meses do ano passado. De acordo com dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), 315 operários foram dispensados dos canteiros de obras no Acre. O elevado número de pessoas demitidas é explicado pela chegada do “inverno amazônico”, quando as chuvas caem com mais intensidade, desacelerando o ritmo de crescimento que o setor tem durante a estiagem.
A paralisação do asfaltamento da BR-364, no trecho entre Sena Madureira e Feijó, foi a que mais contribuiu para o elevado índice de demissão. A conclusão da pavimentação dos poucos mais de 200 quilômetros que ainda restam é o principal investimento do governo na construção civil, e torna-se a ‘galinha dos ovos de ouro’ das construtoras. São R$ 500 milhões com recursos do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento).
Por sua complexidade, a obra é a que mais gera empregos no Estado, reunindo um grande número de empresas. Com as intensas chuvas que se prolongaram além do perío-do considerado normal em 2009, as construções ficaram bastante prejudicadas. O fenômeno acabou por levar o governo de Binho Marques a postergar a entrega da rodovia, prevista já para esse ano. Somente em novembro de 2009, a construção civil demitiu 297 trabalhadores.
No mesmo mês de 2008, o número de dispensa chegou a 372. Se no Acre este setor da economia é medido de acordo com a previsão meteorológica, em Rondônia a situação é bem diferente. Graças às obras de construção da usinas hidrelétricas do Jirau e Santo Antônio, ambas no Rio Madeira, as construtoras vivem um verdadeiro boom. Em novembro do ano passado, mais de 1,2 mil pessoas foram contratadas só pela construção civil.
O Caged ainda não contabilizou a criação de empregos em dezembro. Mas até o mês anterior, o Acre registrava um crescimento de 5, 37% na geração de empregos; quase três mil postos no total. Este foi o melhor resultado da série histórica do Caged. Se a construção civil passou por maus momentos no final do ano passado, o mesmo não se pode dizer do comércio.
A chegada do final de ano impulsionou a contratação de trabalhadores. Mais de 300 vagas foram criadas pelos lojistas. A boa fase tende a se desaquecer agora em janeiro. Com a economia em ressaca e consumidores preocupados com o pagamento de impostos, será normal que o comércio volte a demitir, e aposte nas liquidações para não ter prejuízos maiores. Para os comerciantes, só resta torcer pela chegada de mais um final de ano.