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Militares acreanos vivem momentos de terror no Haiti


Médica sanitarista Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança morre durante o terremoto

O departamento de Relações Públicas do 7º BEC informou ontem que havia seis militares acreanos em missão de paz em Porto Príncipe, Capital do Haiti, durante o terremoto de 7.0 na escala Richter que devastou a cidade na noite de terça-feira (12). Dos 6 militares, 1 é capitão, 2 são sargentos e 3 são cabos. Nenhum deles sofreu ferimentos graves. Por isso, os 6 acreanos devem retornar a Rio Branco até amanhã ou sábado, assim que os portos do Haiti se reestruturarem para a saída de aviões. Eles serão substituídos em Porto Príncipe por uma nova equipe acreana de 10 militares.

Ao todo, o ministro das Relações Exterior, Celso Amorim, declarou ontem haver mais de 1.316 brasileiros no Haiti que presenciaram a tragédia, dos quais 1.266 são militares e cerca de 50 são civis. Os danos materiais no país ainda não foram calculados, mas muitos civis e militares que presenciaram o que aconteceu na cidade afirmam que os prejuízos a Porto Príncipe são praticamente irrecuperáveis.

Até o fechamento desta edição, as previsões do primeiro ministro do país, Jean-Max Bellerive, são de que o número total de mortos seja acima de 50 mil. De brasileiros, 11 militares foram vítimas fatais da catástrofe, além da fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, 75 anos, que recentemente (2008) tinha feito uma visita ao Acre para inaugurar a Pastoral dos Idosos no Estado. Dos militares brasileiros, 9 ainda estavam desaparecidos e 7 feridos.

A Cruz Vermelha também divulgou ontem que o número de afetados direta e indiretamente pelo abalo sísmico gira em torno de 3 mi de pessoas, lembrando que a população total da Capital do país caribenho é de aproximadamente 1 mi de habitantes. Mas, vale ressaltar, que o sismo maior (iniciado a 16 Km de Porto Príncipe, com 10 Km de profundidade), seguido de 2 tremores de 5,9 e 5.5 na escala Richter, foi sentido com força também em grande parte da República Dominicana e até no leste de Cuba.

Para ajudar a reconstruir a principal cidade do Haiti, diversos países estão arrecadando fundos e alimentos. O Brasil anunciou ontem que enviaria 14 toneladas de alimentos e um total de R$ 10 a 15 milhões em capital. Ainda não havia uma destinação precisa para toda esta quantia.  


Maria José, esposa do cabo Teles, está apreensiva por notícias do marido

A aflição de uma mulher esperando notícias do marido
Maria José Conceição Matos dos Santos, 40 anos, dona-de-casa, é casada há 15 anos e tem 2 filhos com um dos 6 militares acreanos que estavam cumprindo missão na Capital do Haiti, o cabo Oziel Teles dos Santos, 36 anos. Quase não conseguindo falar de tanta aflição, a mulher se esforçou para traduzir um pouco À GAZETA da angústia de quase não ter notícias do marido. Segundo ela, o seu esposo está no Haiti há 7 meses e deveria ter voltado de lá no dia 25 de dezembro para passar o Natal com a família, porém, teve de adiar os planos e ficar de serviço até o dia 23 deste mês.

“Nós (a família) ficamos a madrugada inteira acordados, esperando por notícias e acompanhando o que acontecia por lá. Foram momentos de muito pânico e desespero. Só às 2h30 da manhã, quando ele finalmente me ligou para dizer que estava tudo bem, eu pude sossegar um pouco. Foi um alívio enorme apenas poder ouvir a voz dele, ter alguma certeza de que estava tudo bem e…”, o telefone toca, a dona-de-casa interrompe o que ia dizer e pede permissão para atender o telefone, ansiosa de que seja o cabo Teles para tranqüilizá-la com mais informações. Infelizmente, não era ele.

Maria voltou e tentou continuar a entrevista, mas não conseguiu diante de toda a sensação de ansiosidade e agonia que sentia. A dona-de-casa prestou mais algumas informações complementares à reportagem do jornal e voltou para o interior de sua casa, para ficar ao lado do telefone e continuar esperando pela única ligação capaz de aliviar toda sua onda de tormento e maus pensamentos.

 

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