Pelo menos cinco estados estão enfrentando neste início de verão um aumento preocupante no número de casos de dengue. Entre dezembro e janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rondônia e Acre pediram visita técnica do Ministério da Saúde a fim de organizar o sistema de saúde para atender os pacientes, realizar ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, fazer levantamento dos recursos necessários e, conforme a necessidade de cada um, mandar remessas de inseticida e de medicamentos, além de remanejar veículos de fumacê. A razão é uma só: os cinco estados já estão em alerta ou enfrentando epidemias. Mato Grosso e Goiás, por exemplo, só neste primeiro mês de 2010, já notificaram pelo menos 2.814 e 4.531 casos, respectivamente. E, para agravar a situação, Minas Gerais e Distrito Federal correm risco de pandemia. O Correio entrou em contato com as secreta-rias de Saúde estaduais e constatou que, só este ano, já houve pelo menos 11.896 casos notificados de dengue no país. Mas o número, certamente, é bem maior, uma vez que apenas 11 das 27 secretarias responderam à questão.
De acordo com a Secretaria de Saúde de Mato Grosso, o estado está trabalhando para combater a doença e já investiu, em 2010, cerca de R$ 1 milhão em ações. Há, aproximadamente, 48 municípios entre epidemia e estado de alerta. Em Goiás, a atual situação também assusta. Já são mais de 4 mil casos notificados. Segundo a gerente de Vigilância Epidemiológica do estado, Magna Maria de Carvalho, é um aumento de quase 200% em relação ao mesmo período do ano passado. “Estamos intensificando nosso plano de ação, pois tivemos mais casos em 2009 do que em 2008. E agora, o que nos preocupa mais é que estamos iniciando o ano com um aumento desses números”, diz Magna.
Mutirão – No Acre, apesar de o número não parecer tão elevado, cerca de 130 casos notificados, a gerente de endemias da Secretaria estadual, Isanelda Magalhães, explica que a visita técnica do Ministério foi acionada porque o Estado está em um período em que o mosquito tem facilidade em procriar. “Em 2009, nós tivemos uma epidemia de dengue na Capital. Foram mais de 22 mil casos. Agora, precisamos trabalhar para que o mesmo não aconteça. Já estamos contratando profissionais para dar o atendimento e fazendo os controles nas casas”, ressaltou.
Mesmo não recorrendo ao Ministério da Saúde, DF e Minas estão em alerta. Montes Claros, cidade no norte do estado mineiro, com 360 mil habitantes, vive um surto da doença. De acordo com o secretário de Saúde do município, José Geraldo de Freitas Drumond, já foram constatados cerca de 500 casos. Segundo Drumond, o município intensifica o combate ao Aedes aegypti, contando com o apoio do Exército, da Polícia Militar e de outros parceiros, no “mutirão de caça aos focos do mosquito”. O secretário diz ainda que aguarda o recebimento de recursos dos governos estadual e federal para ampliar o trabalho.
Sensação ruim – No Distrito Federal, a Secretaria de Saúde confirmou um surto da doença na Vila Planalto. De acordo com o subsecretário de Vigilância à Saúde, Allan Kardec, mais de 50% dos casos estão localizados na região. Ele destaca que foram notificados 50 casos suspeitos, 12 confirmados e 37 ainda em investigação. Nas últimas semanas, foi realizada uma ação completa de combate à doença na região. “A partir do momento em que identificamos o surto, começamos a realizar ações efetivas de todos os níveis. Visitamos cerca de 1.600 casas, ensinamos como fazer a prevenção e realizamos o tratamento”, afirma o subsecretário. “Fizemos ainda uma limpeza ambiental e mais de sete caminhões de água foram removidos da Vila Planalto”, completa.
Entre os casos da Vila Planalto, está o de Estela Lima Barros, 12 anos, que foi alvo do mosquito no início do ano. Ela conta que sentiu fortes dores de cabeça e no corpo e teve febre muito alta. “É uma sensação muito ruim. Ainda bem que já estou curada. E, agora, para não correr o risco de ter dengue novamente, estou tomando todas as precauções que a Vigilância Sanitária recomendou, principalmente tirando as águas dos vasos”, explica.
O próximo local que receberá ações efetivas será o Itapoã, perto do Paranoá. “O surto não está confirmado, mas já temos dados provisórios de que as suspeitas estão aumentando. Então, a partir desta semana, já vamos iniciar os trabalhos no Itapoã”, afirma o subsecretário Allan Kardec.
O Ministério da Saúde diz ter repassado aos estados, tanto em 2008 quanto em 2009, além do teto financeiro de R$ 874,7 milhões, um aporte extra de R$ 128 milhões para a Saúde. Esse valor é gasto pelos estados de acordo com as suas necessidades, ou seja, em pontos que precisam de um investimento maior. Mas, segundo o Ministério, em muitos estados, o valor extra foi utilizado exclusivamente no combate à dengue. (Correio Braziliense)
Moradores do São Francisco promovem arrastão no combate à dengue
A Prefeitura de Rio Branco realizou ontem pela manhã, no Centro de Juventude do São Francisco, reunião de mobilização dos segmentos de saúde no combate à dengue. O evento contou com a participação do secretário municipal de Saúde, Pascal Khalil, dos agentes de endemias, agentes comunitários de saúde e moradores do São Francisco.
Depois da reunião; os moradores, os agentes de saúde e o secretário visitaram algumas casas da rua Boaventura, rua do Divisor e Boa Vista, procurando os possíveis focos de dengue e explicando aos moradores as medidas que podem ser tomadas para impedir a proliferação da doença.
Cerca de 92% dos focos do mosquito da dengue foram encontrados nas residências, em reservatórios de água, como caixas de água destampadas, tambores, tanques e no lixo, principalmente, em latas e garrafas. “Nós fazemos a nossa parte e esperamos que todos façam a sua. Afinal a dengue ataca qualquer pessoa independente da classe social ou local onde mora. Nesse sentido, é importantíssimo o envolvimento da comunidade no combate à doença, porque, só assim, será possível afastar esse cenário epidêmico da dengue”, salientou o secretário municipal de Saúde, Pascal Khalil. (Ascom PMRB)