Você já parou pra pensar quanto tempo destina no dia para parar e não fazer nada? Não estamos falando de dormir e sim de ficar totalmente parado, desacelerar o corpo. Será que você é do tipo que reserva apenas os finais de semana, ou então só quando tirar suas férias anuais ou se prepara para quando se aposentar? Se este é o seu caso procure mudar seu modo de pensar, pois está mais do que provado que o corpo também precisa da inatividade para ter saúde, não apenas malhação e caminhadas, mas que o “parar” também é principalmente nos tempos atuais onde é mais difícil destinar tempo, talvez o corpo sarado chame mais atenção do que o corpo saudável, porém devemos informar que sempre a inatividade deve ser alternada com a atividade para ser benéfica.
Convidamos você leitor a neste momento de leitura observar como seu corpo se encontra neste exato momento. Observe seu rosto, sua testa está tensa? Franzida? Seus maxilares estão soltos ou rígidos? Seus olhos estão cansados? Seu couro cabeludo está preso a caixa craniana ou ao puxar um pouco ele se movimenta com facilidade? Observe sua postura, dói em algum lugar ou está bem acomodado para ler o jornal? Alguns de nós ignoramos a dor do desconforto por achar desnecessário perder tempo para encontrar um lugar ou posição de conforto para realizar alguma atividade do dia-a-dia e com isso o corpo vai sofrendo porque não temos tempo para “ouvir” o que ele tem a nos dizer, e parar com o movimento para dar oportunidade ao corpo se recuperar.
Pensando nisto vários pesquisadores da área da saúde buscaram estudar o que ocorre quando o organismo fica parado como certos animais que entram em estados de inatividade durante períodos do ano ou horas do dia para hibernar, economizar energia, fingir de morto para se livrar do agressor, em dias frios ou quentes e em momentos de sofrimento extremo.
O resultado é que o estado da “não ação” é indispensável ao organismo para a regeneração dos tecidos cansados e gastos pela ação, assegurando também a cura mais rápida em todos os estados patológicos, sem o repouso o corpo esgota suas forças vitais. Quando o corpo está cansado e tenso por excesso de atividade, os músculos produzem substâncias químicas tóxicas, como o àcido lático, há uma diminuição do fluxo sanguíneo e do oxigênio, além de energia e disposição levando a uma alteração na homeostase (equilíbrio orgânico), na pressão arterial, e assim o corpo entra em desarmonia mental e emocional. A falta de energia leva à confusão mental e à depressão, podendo também causar ansiedade, estresse, cardiopatias, hipertensão, e outros males até chegar a exaustão.
A inatividade pode ser realizada com exercícios respiratórios lentos e profundos, exercícios de visua-lização, relaxamento para aliviar as pressões mentais e emocionais ou até mesmo um descanso, desde que seja consciente e direcionado para diminuição da tensão em todas as áreas do corpo, sendo ele uma oportunidade para o corpo parar e recuperar seu equilíbrio. Todos criam um estado de quietude interior que desa-celera o organismo, revigora e permite que ele se recomponha, ajudando o corpo a se recuperar. Não se deve esquecer, no entanto, que muitas vezes, é importante também trabalhar a causa da tensão para que o resultado seja completo e duradouro.
Estes processos equilibram o metabolismo, a pressão arterial, o ritmo cardíaco e a freqüência respiratória, regulam o fluxo sanguíneo e os hormônios, proporciona descanso maior que o sono, gerando e produzindo mais energia, promovem a consciência corporal e o autocon-trole em situações difíceis, aumentam a capacidade de autocura, retardam o envelhecimento precoce, diminuem a insônia, o cansaço e a ansiedade, as ondas cerebrais tornam-se mais sincronizadas, melhoram a concentração, a autoconfian-ça, o raciocínio, a memória e clareza nos pensamentos, além de controlar os impulsos e percepção do corpo, conectadas ao mental, emocional e ao espiritual.
O corpo, por ser holístico, sempre é atingido de forma geral, portanto os excessos de atividades e até mesmo as tensões originadas de pensamentos e emoções atingem o físico, o energético, o espiritual e o ambiental, alterando de forma sistêmica a vida da pessoa e terminando por gerar doenças.
Para ocorrer, o processo da inatividade deve começar com a permissão que você irá dar ao seu corpo para relaxar e soltar os músculos, depois é só escolher a melhor forma de atingir o objetivo. O ideal é estar em um ambiente acolhedor, com temperatura agradável e silencioso, então procure uma posição na qual todas as partes do seu corpo estejam bem apoiadas e sustentadas, de modo que um abandono real do peso seja possível, o que importa não é a posição, mas a sensação de repouso e relaxamento. Inicie sentindo sua respiração, e procure respirar profunda e suavemente (não force deixe o sistema vegetativo agir de acordo com a necessidade do corpo) e aos poucos observe o seu corpo como um todo e vá dando o comando para cada região de preferência iniciando pelos pés para que você não sinta vontade de dormir, e relaxe cada estrutura apenas dando o comando para que ela esteja relaxada e siga assim para cada parte do corpo (maxilar, boca, pálpebras, fronte, couro cabeludo, pescoço, costas, ombros, braços, mãos, etc). Se ocorrer de você dormir é sinal que seu corpo estava precisando de descanso, tente outro dia. O simples comando e a atenção dirigida provocam o efeito de relaxamento, porque a intenção transforma. Ao chegar à cabeça, permaneça no estado de calma atingido até completar o tempo necessário a cada um. Lembre-se que não se deve levantar bruscamente, é preciso espreguiçar-se preparando o corpo para a atividade.
Este processo é único para cada pessoa, portanto crie o seu e permita adaptar seu corpo posteriormente a conseguir relaxar em qualquer lugar e a qualquer momento, a partir do momento que conhecer seu corpo perceberá qual a região que mais precisa, e assim direcionar o relaxamento para áreas específicas. Com este método simples e eficiente você observará os efeitos em pouco tempo para ter saúde através da oportunidade que você está dando ao seu organismo de se regenerar e equilibrar-se como um todo.
* Gilmar Maia é fisioterapeuta e terapeuta holístico. E-mail: gil@porthal.org