Profissionalização dos trabalhadores de saúde da área de enfermagem garante melhoria no atendimento e mais segurança no serviço oferecido
Trabalhadores da área de saúde sem formação profissional receberam um desafio no início dos anos 2000: voltar à escola para aprender tanto a teoria quanto a prática da função que alguns já exerciam durante anos. O resultado é que em sete anos de implantação do Programa de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem – Profae, mais de 2,4 mil servidores concluíram os cursos de Auxiliar e Técnico de Enfermagem, ação que mobilizou centenas de profissionais em todo o Estado para garantir a capacitação em nível médio destes profissionais. As últimas formações de 2009 aconteceram nos municípios de Santa Rosa e Jordão.
As cerimônias de encerramento dos cursos têm a presença da família, dos colegas, da comunidade. Além de um diploma, os profissionais recebem mais reconhecimento e melhoram a autoestima com a formalização da atividade. Foi assim com Roberto da Silva, que hoje sente orgulho em trazer consigo a carteira expedida pelo Conselho Regional de Enfermagem. Durante mais de 10 anos ele trabalhou sem formação técnica na área de saúde. Contratado na função de Agente Administrativo, foi aprendendo na prática a profissão até concluir o curso de Auxiliar de Enfermagem na segunda turma do Profae em 2003.
Agora com a complementação de Técnico em Enfermagem, tem mais segurança para atuar e pode dar uma resposta à sociedade quanto à qualidade de seu desempenho. “Naquela época éramos praticamente obrigados a trabalhar nessa área. Tinha pouca gente no setor. Aprendi vendo, olhando os colegas. Fui adquirindo experiência e comecei a gostar. Hoje meu trabalho mudou muito porque tenho segurança no que faço”, afirma Roberto.
O Governo do Estado já firmou três grandes contratos com o governo federal para a efetivação do programa no Acre totalizando um investimento de mais de R$ 4,5 milhões. A parceria com o Ministério da Saúde foi responsável pela formação de 2,4 mil trabalhadores, 1 mil somente em Rio Branco. Após observar a demanda, o Governo estruturou a escola técnica em saúde e já no primeiro módulo do programa promoveu o atendimento de 1,1 mil pessoas. A ação abrange todos os municípios do Estado e pela proximidade geográfica o município de Guajará (AM) também é atendido pelo Acre. Em todo o país passaram pelo Programa de Formação de Profissionais da Saúde mais de 320 mil pessoas em oito anos somente na área de enfermagem.
O presidente do Instituto Dom Moacyr, Iraílton Lima, destaca que desta forma os governos atendem um direito básico dos trabalhadores e cumprem o compromisso que têm com essas pessoas que estavam há anos expostos a doenças, riscos profissionais, nenhuma possibilidade de crescer na carreira. Na outra ponta, os usuários do sistema se deparavam com serviço de baixa qualidade, sem garantias de segurança. “A saúde hoje tem que se modernizar para atender a velhas e novas demandas, entre elas a qualificação profissional. Hoje, essas pessoas têm certificação, estão credenciadas e são avaliadas pelo Coren, o que dá mais credibilidade ao serviço e eles ficam melhor enquadrados profissional e socialmente”, diz Iraílton Lima ressaltando que nenhum trabalhador pôs resistência a estudar. A formação prevê 2 mil horas/aula em dois anos e meio de curso.
“Hoje meu trabalho mudou muito porque tenho segurança no que faço”, diz Roberto Silva – Técnico em Enfermagem
Visando o desenvolvimento sustentável do Estado do Acre, através de políticas voltadas para diversas áreas, inclusive a saúde, a Escola Técnica em Saúde Maria Moreira da Rocha foi criada em 2001, através do Decreto Estadual nº 4.577 recebendo a denominação de Centro de Formação Profissional em Saúde e ampliando suas áreas de atuação. “A Educação Profissional em Saúde é uma política pública que está composta por um conjunto de metas que expressam o compromisso do Governo do Estado com a formação de cidadãos aptos a ingressarem no mercado produtivo e capazes de promover mudanças que objetivam a construção efetiva de um projeto de desenvolvimento socioeconômico e cultural”. define a diretora da escola, Anna Abreu.
Profae nasce há 10 anos com proposta de zerar o número de profissionais sem habilitação na área de enfermagem
Em 1999, o Ministério da Saúde publicou portaria instituindo o Programa de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem (Profae), em busca de fortalecer as instituições que atuam na área de saúde oferecendo apoio técnico e financeiro para a qualificação dos servidores do setor. Na lista de ações está a implantação de cursos de formação, modernização e criação de escolas técnicas em saúde.
Uma carta convite enviada em 2001 para a Secretaria de Saúde do Acre e em seguida para o setor de formação profissional da Secretaria de Educação formalizando a parceria. Os desafios iniciais foram vencidos e hoje a Escola Técnica em Saúde Maria Moreira da rocha está inserida na rede das escolas técnicas do SUS – a RetSUS sendo executora do Plano de Educação Permanente da Sesacre. “A formação mudou até a questão financeira porque posso tirar plantões. Tenho orgulho do que faço”, diz Roberto. (Agência de Notícias do Acre)
Foto:Arquivo/IDM