Em nota enviada A GAZETA, o dirigente sindical e técnico da Eletronorte há 30 anos, Alberto Fernandes Rodrigues, faz um esclarecimento dos motivos de o Acre e Rondônia continuarem consumindo a maioria da energia elétrica das térmicas de Porto Velho. Segundo ele, a construção de uma segunda linha de transmissão, indispensável para evitar novos apagões, não foi possível ainda porque o Instituto do Meio Ambiente de Rondônia não aprovou a licença ambiental. Isto porque o Estado de Rondônia não aprova a obra, haja vista que o governador Ivo Cassol exige uma solução para as suas 12 Pequenas Centrais Hidroéletricas. Confira abaixo a íntegra da nota:
“Senhores;
A respeito da linha de transmissão de energia que liga Acre e Rondônia ao Sistema Nacional-SIN. A situação é a seguinte:
a)- O Sistema é duplo a partir do município de Vilhena-Ro;
b)- De Vilhena pra cá, existe apenas uma linha. Ou seja, a segunda linha, que a Eletronorte já deveria ter construído, não o fez porque o Instituto do Meio Ambiente (o governo) de Rondônia não aprovou a licença ambiental;
c)-O estado de Rondônia não aprova a obra porque o governador Ivo Cassol, exige uma solução para as suas 12 Pequenas Centrais Hidroéletricas-PCH,s. O negócio é o seguinte: No atual modelo energético brasileiro, a iniciativa privada pode construir unidades geradoras de energia hidráulica para abastecer sistemas isolados e, o governo paga até 70% do investimento e depois passa a comprar a energia à valores de mercado.
Como deve ser de seu conhecimento, o governador Cassol é dono de 12 dessas usinas no estado de Rondônia. Com a construção da linha de transmissão que atravessa todos os municípios de Rondônia; estes passariam a ser abastecidos através da energia interligada do Sistema Nacional.
Tecnicamente não há nenhum empecilho para o Sr. Cassol continuar vendendo a energia dele para o Sistema Elétrico Brasileiro. Ocorre que suas usinas funcionam a água e, portanto, no verão todas ficam paradas. Ora, no período de chuvas tem usina pelo Brasil afora com suas comportas abertas tal a abundância de água. Ou seja: nesse período as usinas tem energia sobrando para abastecer o sistema interligado. A pergunta é: o governo necessita comprar a energia das PCH,s do grupo Cassol pra quê?
Por isso o governo de Rondônia não aprova a construção do 2º circuito da linha de transmissão trecho Vilhena Porto Velho, o que já é o bastante para uma boa queda de braço (ou seria chantagem?) com o Governo Federal. Mas, se desejar pode impedir também a construção do nosso circuito Porto Velho Rio Branco, no trecho dentro do território rondoniense.
Por fim; considerando que o circuito Porto Velho-Vilhena tem a sua capacidade de transporte de energia limitada – máximo de 200 mW, e, como a demanda de Acre e Rondônia somam – atualmente – 430 mW, o restante é fornecido pela usinas térmicas particular – a Termonorte, com uma pequena parte gerada por Samuel- apenas para efeito de informação: a Usina Hidroelétrica de Samuel, com todas as suas máquinas em funcionamento à toda carga, geram apenas 150 mW.
Agora uma perguntinha – apenas para os esclarecidos -: está explicado por que no governo anterior não tinha nem previsão de interligação ao Sistema Nacional? Exemplo dessa “falta de boa vontade” é o contrato da Eletronorte – leia-se governo FHC, com a usina térmica Termonorte que vai até 2018 (os termos desse contrato seria um achado para TCU, CGU, MPF e…naturalmente a Polícia Federal). Para um bom entendedor “pingo é letra”!
Portanto, tendo que atender aos interesses do grupo Termonorte, somados aos do governador de Rondônia; se não fosse o governo Lula, nunca que Acre e Rondônia seriam interligados ao SIN. A sociedade organizada, órgãos de controle do Estado Brasileiro e classe política (a parte séria e comprometida com os interesses da sociedade), ainda precisam fazer sobrepor os interesses coletivos aos particulares do governador de Rondônia e da Termonorte. Quem se habilita?
Nós do Sindicato dos Urbanitários, mais uma vez vamos fazer a nossa parte – Esclarecer os fatos. Contamos com a sua já costumeira defesados interesses dos acreanos.
Em tempo: o então diretor de Operação da Eletronorte – mentor e executor do plano de desativar as usinas próprias da empresa do Acre e Rondônia, contratar a Termonorte (a peso de ouro) e, deixar o Acre pendurado apenas no linhão. É atual presidente da Eletronorte (fecha o pano rápido)!”
Alberto Fernandes Rodrigues
Dirigente Sindical e.
Técnico da Eletronorte há 30 anos