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Tribunal do Trabalho mantém contrato com empresa que não paga vigilantes

Segurancasss
A Vigher Serviços de Segurança Ltda, empresa que mantém contrato de vigilância com órgãos da administração pública federal e estadual, responde a mais de 40 processos no Tribunal Regio-nal do Trabalho da 14ª Região, que abrange Acre e Rondônia. Entre um dos contratantes está a própria instância da Justiça responsável por aplicar a legislação que rege as relações trabalhistas do país.

O contrato do TRT com a Vigher tem vigência até o dia 29 de setembro deste ano. A empresa é responsável pela segurança do prédio do tribunal em Rio Branco. De acordo com a assessoria de imprensa do TRT, outro contrato de licitação para uma nova empresa de vigilância privada está em andamento.

Questionada por A GAZETA qual motivo da abertura de licitação em plena vigência de contrato, a assessoria disse que se trata de uma medida preventiva, já que se despende bastante tempo nesse tipo de trabalho.    

Há mais de 40 dias em greve, os vigilantes alegam estar com os salários atrasados em três meses, inclusive o décimo terceiro. Para evitar que seus clientes rompessem os contratos, a Vigher decidiu contratar mais trabalhadores para substituir a mão-de-obra grevista. O problema é que, passado mais de um mês, agora este reforço decidiu cruzar os braços pelo mesmo motivo: salá-rios atrasados.

Ontem os vigilantes realizaram mais um protesto em frente ao Sindicato dos Vigilantes do Acre. Com bandeiras e palavras de ordem, os manifestantes exigiam o pagamento de seus salários e de todos os outros benefícios trabalhistas. Os líderes do movimento querem que todas as empresas e órgãos com contrato com a Vigher o rompam por a mesma descumprir os princípios mais básicos da legislação.

De acordo com Wellisson Viana, diretor de formação do sindicato, as empresas realizam o pagamento dos serviços prestados, mas a Vigher não faz o mesmo com seus funcionários. De acordo com um dos vigilantes, que prefere não se identificar, a Vigher falsifica o comprovante de pagamento dos salários para seu contratante mais ilustre: o Tribunal Regional do Trabalho.

“Não podemos abrir crediário no comércio porque eles [a Vigher] retêm o nosso contra-cheque”, diz o empregado. De acordo com Wellisson Viana, a situação dos salários atrasados dos vigilantes da Vigher se arrasta há cinco anos. Viana informa que o Ministério Público do Trabalho determinou que a Vigher apresentasse soluções para o problema. O prazo final foi a última segunda-feira (18).

Diretor da Vigher recomenda “fé” aos vigilantes
Enquanto os seguranças realizavam o protesto na manhã de ontem, um dos diretores da Vigher em Porto Velho, identificado por José Rodrigues, telefonou para um representante do movimento e recomendou que eles tenham “fé quanto ao pagamento de seus salários atrasados”. A frase irritou os vigilantes que a classificaram como uma afronta e exemplo de cinismo.

Segundo o diretor, até o dia 12 de fevereiro a empresa estaria tomando providências para quitar as dívidas. Da última vez que esteve em Rio Branco, há pouco mais de uma semana, Rodrigues afirmou que toda a receita arrecadada pela Vigher no Acre era repassada para pagar os salários dos funcionários da sede em Porto Velho. 

 

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