Deputados e senadores aprovaram o envio de novas tropas para tentar reconstruir o Haiti devastado por terremotos.O Congresso Nacional, por meio de sua Comissão Representativa, aprovou nesta segunda-feira o Projeto de Decreto Legislativo 1/10, que autoriza o aumento do efetivo militar brasileiro na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), com o objetivo de ajudar na reconstrução do país caribenho devastado por terremotos no início deste ano.
O relator da matéria, deputado Mauro Benevides (PMDB-CE), acolheu na íntegra a proposta encaminhada pelo governo, que prevê o envio imediato de mais 900 militares, além da formação de uma reserva de outros 400, para serem enviados a qualquer momento, quando necessário. Com a decisão, o contingente brasileiro, que hoje é de cerca de 1.300 militares, deverá dobrar para 2.600.
O projeto de decreto estabelece também que fica sujeita à aprovação do Congresso qualquer nova modificação no contingente, assim como qualquer ajuste que acarrete novos gastos. A matéria vai à promulgação.
Cafeteira foi contra
A aprovação foi em votação simbólica, com o apoio de deputados e senadores de todos os partidos, com uma única exceção: o senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) apresentou declaração de voto contra o projeto, alegando que, em vez de apoiar o Haiti, o governo deveria estar apoiando os brasileiros atingidos pelas enchentes. “O Brasil não está em condições de ajudar, mas sim de ser ajudado”, disse Cafeteira.
O Congresso aprovou também requerimento de pesar do deputado Pedro Wilson (PT-GO) pelas mortes, na tragédia haitiana, da presidente da Pastoral da Criança, Zilda Arns, do diplomata Luiz Carlos Costa e dos militares da missão da paz.
Sintonia com o povo
O presidente do Congresso, senador José Sarney, destacou que o Parlamento, com a decisão, demonstra “estar em sintonia com o povo brasileiro na solidariedade às vitimas da tragédia no Haiti”.
Pela liderança do governo, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO), disse que o Brasil não poderia faltar ao sofrido povo haitiano nesse momento em que ele se vê em ruínas. “Vamos replantar a semente da esperança”, declarou Raupp.
Em nome do PSDB, o senador Eduardo Azeredo (MG) manifestou “forte apoio” à iniciativa. Segundo Azeredo, os números da tragédia em que o Haiti se encontra são “explosivos” e mostram que a estabilidade naquele país depende da Minustah.
Continuidade
Falando pela bancada do DEM, o deputado Marcos Montes (MG) disse que o Brasil não poderia adotar outra postura que não a da continuidade do trabalho de estabilização naquele país amigo.
Pelo PT, Pedro Wilson (GO) defendeu o aprofundamento da solidariedade com o Haiti, destacando que a extrema miséria naquele país não se explica apenas pelos acidentes naturais, massão o resultado da espoliação e do abandono.
Em nome do PMDB, Édio Lopes (RR) contou que em visita ao Haiti constatou que a população local reconhece os militares brasileiros como força de paz, enquanto os militares dos Estados Unidos são vistos como força de ocupação.
Já em nome do PSB, Rodrigo Rollemberg (DF) manifestou completo apoio. “A solidariedade não tem fronteira, pois seu sentido é resgatar a dignidade humana”, afirmou, destacando que a inserção internacional é uma característica do governo Lula.
Também se manifestaram a favor do projeto os deputados Sarney Filho (PV-MA), Duarte Nogueira (PSDB-SP), Paes Landim (PTB-PI), Odair Cunha (PT-MG), João Campos (PSDB-GO), Arnaldo Jardim (PPS-SP) e Osório Adriano (DEM-DF).
Unidades de saúde
Nesta segunda, durante conferência sobre a reconstrução do Haiti, em Montreal, no Canadá, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que o Brasil está disposto a doar R$ 375 milhões, incluindo gastos das forças militares e dez unidades de saúde. A proposta ainda deve aprovada pelo Congresso.
(Agência Câmara)