A cidade é umas das mais bonitas da Amazônia. Já foi Capital do Acre e tem uma localização geográfica privilegiada, no entroncamento dos rios Purus e Iaco. Tem a terceira maior população do Estado e mais de um centenário de tradições históricas culturais. Além de ser a porta de entrada da famigerada BR- 364 em direção ao Vale do Juruá. Apesar de tudo isso, o município de Sena Madureira tem sofrido com o abandono e o caos administrativo que se instaurou na sua prefeitura desde as últimas eleições municipais.
Reeleito em 2008, o prefeito Nílson Areal (PR) teve seu mandato cassado pelo TRE-AC por dois processos diferentes de compras de votos. No ano passado, novas eleições foram marcadas por duas vezes para eleger um novo prefeito. As convenções partidárias para indicar os candidatos chegaram a acontecer, mas o TSE acatou recursos impetrados pelos advogados de Nílson Areal, cancelou as eleições. No entanto, não o reconduziu ao cargo. Assim o presidente da Câmara Municipal, Wanderley Zaire (PP), permaneceu à frente do executivo de Sena. A decisão final sobre a situação de Areal deverá acontecer em fevereiro.
Mas enquanto isso, a população tem sido prejudicada pela falta de uma ação mais decisiva do poder público municipal, dezenas de acusações de malversação de recursos pululam contra Areal. Para completar a situação caótica, ontem, para o site AC24horas, o prefeito interino, Wanderley Zaire, ameaçou renunciar. Num desabafo ao jornalista Roberto Vaz, Zaire, afirmou: “acho que a coisa já chegou ao limite do suportável. Não posso continuar tendo que ficar dando explicações o tempo todo para a Justiça e para a sociedade sobre os abusos que meu antecessor praticou. É um crime dos mais violentos o quê aquele homem (Areal) praticou. Ele tirou da população dinheiro que deveria ter sido empregado na saúde e no benefício da cidade. Estou carregando um fardo muito pesado e já penso até em renunciar e voltar para a Câmara para continuar meu trabalho como vereador. Acho que só a Justiça consegue administrar essas contas”, disse Wanderley Zaire.
O interino reclama de dívidas superiores a hum milhão de reais a fornecedores da prefeitura de Sena Madureira. Além de uma série de cobranças judiciais referentes a contratos com setores do Governo Federal que depois de executados não foram aprovados pelos órgãos de fiscalização do dinheiro público. Para dar uma solução a tantos problemas, Zaire, deverá convocar uma audiência pública envolvendo todos os setores políticos e judiciais do município. No caso de uma renuncia do prefeito interino o Poder Executivo municipal será entregue ao Poder Judiciário, representado pela juíza da Comarca.
O fato é que um passeio, mesmo que superficial pelas ruas de Sena Madureira, revela o abandono da cidade. Valões de esgoto espalhados pelas principais ruas colocam em risco constante a saúde pública dos munícipes. Obras mal-acabadas e ruas esburacadas por todas as partes. Sem falar no problema dos centenas de indígenas abandonados à própria sorte no Centro da cidade. No caso de uma nova eleição, os eleitores de Sena deverão escolher entre o próprio Wanderley Zaire e a ex-prefeita Toinha Vieira (PSDB).