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Tempo de eleição, tempo de boataria


Entramos no ano eleitoral e podem se preparar para as especulações e boatarias. Como no Acre política é assunto popular, deverão aumentar a cada dia a intensidade dos bombardeios de informações especulativas. O interessante é que alguns boatos com o tempo vão se tornando verdadeiros. É aquela máxima de que uma mentira repetida várias vezes acaba se tornando verdade. Na realidade acaba se confundindo com a verdade.

Nos mais recentes dias talvez o boato que tenha ganho maior força foi a possível aproximação do PMDB com o PT. Para qualquer um que acompanha a política acreana essa possibilidade poderia parecer absurda. Mas os fatos estão mostrando o contrário. Há realmente uma busca nesse sentido. Alguns dirigentes peemedebistas não só confirmam a intenção da aliança como ainda apóiam e desejam o entendimento. Também nas trincheiras da Frente Popular alguns caciques acenam com a possibilidade.

O fato é que, no mínimo, vai haver muita conversa e negociação em torno da possibilidade. Segundo as lideranças partidárias a maior motivação da aliança é a eleição presidencial. Como é quase certa a união entre PMDB e PT a nível nacional poderiam surgir situações delicadas nos palanques no caso da visita de presidenciáveis. Imaginem, por exemplo, a Dilma Rousseff (PT) vindo visitar o Estado com um candidato a vice do PMDB. Os dois teriam que ir para palanques diferentes? Ficaria uma situação desconfortável para todo mundo.

Por outro lado, como petistas e peemedebistas tradicionais entenderiam essa aliança? É um caso sério para os mais radicais dos dois partidos. Acredito que haveria mudança de votos tanto no sentido positivo quanto negativo. Haveria as perdas e ga-nhos. A somatória disso só poderia se saber mesmo depois da urnas abertas.

Mas confirmando-se a aliança uma pergunta fica: qual será o destino do pré-candidato do PMDB, Rodrigo Pinto? Ele iria concorrer a outro cargo? Uma aliança só acontece com a troca de interesses já que, nesse caso, ninguém morre de amores por ninguém. Os peemedebistas vão querer alguma coisa que valha a pena. Mas tudo também pode não passar de boato e as coisas continuarem como sempre foram.

Outro boato que já foi debelado é a mudança da candidatura ao Governo da FPA. Por conta, de um suposto processo que o suplente do senador Tião Viana (PT-AC), o secretário de Comunicação, Aníbal Diniz, sofre no TSE. Ele não teria se descompatibilizado a tempo das suas atribuições no governo Jorge Viana (PT) para assumir a candidatura em 2006. Isso faria que com uma vitória de Tião Viana e, a conseqüência renúncia ao seu cargo, a vaga do Senado ficasse para o professor Coelho, atualmente no PMN, que é de oposição.

Especulou-se que por conta desse processo que o candidato pudesse ser o Jorge Viana. Tudo devidamente desmentido. Um importante membro da oposição acreana, inclusive, me confidenciou que não acredita numa vitória jurídica contra a FPA. Na opinião dele, o fato do Aníbal estar, na época, nomeado, mas sem receber salário caracteriza a descompatibilização. Outra fonte da FPA garante que os interessados na vaga do Senado entraram com o recurso fora de prazo depois do processo eleitoral de 2006.

Outro boato que teve força durante pouco tempo foi uma possível candidatura de Binho Marques (PT) ao Senado na vaga deixada por Marina Silva (PV-AC). O governador desmentiu a especulação por várias vezes. Mas, na minha opinião, deverá ser o nome mais forte para suceder Raimundo Angelim (PT) na prefeitura de Rio Branco pela FPA.
Também especulou-se sobre uma candidatura de Antônia Lúcia (PSC) para o Senado. Influenciada pela saída de Marina Silva do PT, a “Missionária”, chegou a fazer algumas declarações nesse sentido. Mas tudo não passou de “vaidade e vento que passa”. Ela tem trabalhado para conseguir uma cadeira na Câmara Federal. Com certeza, pela oposição, já que também noticiaram por várias vezes uma possível aproximação sua da FPA. 

Alguns outros boatos foram sendo respondidos com o tempo. Uma possível candidatura da deputada Antonia Sales (PMDB) como vice do Tião Bocalom (PSDB) ou do Rodrigo Pinto (PMDB). O marido dela, Wagner Sales (PMDB), prefeito de Cruzeiro do Sul, já desmentiu a possibilidade categoricamente. Mas tem um fato que transita entre a especulação e a realidade. A aproximação do PTB, da ex-prefeita de Cruzeiro do Sul, Zila Bezerra, à FPA. Apesar d a população de Cruzeiro não entender nada  parece que há indí-cios fortes nesse sentido.

As pretensões do ex-deputado, Márcio Bittar (PSDB), ao Senado também começaram como especulações. Agora, não tem uma conversa sobre o assunto que o nome dele não esteja inserido no contexto. Um caso real de como um boato repetido várias vezes acaba se conectando com a verdade. Acredito que Márcio Bittar deseje disputar a vaga. Terá que convencer o DEM a retirar a candidatura de Fernando Lage e o presidente regional dos tucanos, Bocalom, de que isso fortalece a sua candidatura ao Governo. Vai ser difícil.

Aliás, a disputa pelo Senado será a maior geradora de boatos e especulações. Tanto na situação quanto na oposição. O deputado federal Henrique Afonso (PV-AC) já foi o candidato de oposição para unir os evangélicos. Ameaçou ir para vários partidos, mas no final acompanhou Marina Silva para os Verdes, que está na FPA. Agora, dizem que seu nome será defendido pela ex-ministra para o Senado. Será? Outros afirmam que não é nem candidato à reeleição e deverá concorrer a uma vaga na Aleac. Não acredito. Nesse caso é melhor esperar para ver porque o Henrique costuma tomar decisões em cima da hora como foi a sua candidatura a prefeito de Cruzeiro do Sul, em 2004.     

      
Outra temporada de especulações deverá começar mais forte quando começarem as indicações a vice para o Governo. Por enquanto, parece que o nome de César Messias (PP) deverá ser confirmado como companheiro de Tião Viana. Mas tem muita água para rolar. Na oposição, ninguém vai discutir o vice de Rodrigo Pinto enquanto não se esgotarem as possibilidades da aliança PT- PMDB. Nesse caso, seria o Pintinho um nome para vice na FPA? Na chapa de Tião Bocalom se anuncia o perfil do vice. Tem que ser do PPS, do Juruá e, de preferência, evangélico. Ainda não especularam com o nome que atende todas essas características. Mas daqui a pouco vão começar as boatarias.

Fora toda essa boataria que surge estritamente no campo político esperem para ver a que vai começar no plano pessoal. Vai ser um tal de especular sobre a vida sexual e financeira dos possíveis candidatos e candidatas sem fim. Mas isso já é uma outra história. O fato é que até junho de 2010, quando se definem os candidatos e alianças, será difícil discernir a boataria da verdade.

 

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