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Alívio e emoção marcam reencontro de militares que estavam no Haiti


Os parentes dos seis militares acreanos que fizeram parte da Minustah (a força de paz das Nações Unidas), e que ainda estavam no Haiti, enfim, puderam ontem reencontrá-los depois de vários dias de angustia e apreensão. Após o tremor de terra que destruiu a capital Porto Príncipe, no dia 12 de janeiro, que vitimou 18 militares brasileiros, mães, esposas e filhos nada mais desejavam do que ter seus companheiros em casa.

Na pista do Aeroporto de Rio Branco, a banda de música do 4º BIS (Batalhão de Infantaria de Selva) tentava distrair os parentes que aguardavam ansiosos a aeronave da Gol Linhas Aéreas fazer o estacionamento completo. A angústia aumentava a cada passageiro que descia as escadas, e nada deles. O alívio veio quando o primeiro surgiu com sua boina azul, o símbolo da Minustah e chefiada pelo Exército Brasileiro.

Antes de receber o carinho da família, os “Heróis do Haiti”, como diziam os cartazes e faixas, os militares acreanos receberam as boas vindas do comando do 7º BEC (Batalhão de Engenharia de Construção). Mesmo com o sereno do dia chuvoso de ontem, os familiares não contiveram a emoção e correram ao encontro dos militares ainda na pista.

Quando foi para o Haiti no começo do ano passado, o cabo Francisco Feitosa deixou a esposa grávida. Agora com cinco meses, filho e pai se encontraram pela primeira vez. O orgulho no rosto do pai não escondia a alegria de ver a criança. Depois de muitos abraços, beijos e lágrimas era hora de contar um pouco a experiência de presenciar uma cidade arrasada pelo tremor de sete graus na Escala Richter.

Com o terremoto que destruiu mais de 70% da estrutura de Porto Príncipe, e deixando um triste número de 200 mil mortos, os militares brasileiros tiveram papel fundamental para tentar manter a ordem. Além do resgate de sobreviventes, o trabalho da tropa foi fundamental na distribuição da ajuda humanitária. “Foram dias de muito trabalho, angústia e sofrimento, mas também de muita esperança”, diz o capitão Júlio André.

Para ele, o povo haitiano se identifica muito com o brasileiro pela determinação de lutar a cada dia por um amanhã melhor. É essa identificação, completa, que faz os trabalhos do Exército no país ter sido tão bem sucedidos. Na avaliação do cabo Oziel Teles, a situação no Haiti é dê destruição, mas, ao mesmo tempo, de esperança na reconstrução do país mais pobre das Américas.

“Acredito que brevemente, com a ajuda de todos os países, muitas coisas vão melhorar no Haiti”, aposta o militar. No Haiti desde 2004, o Exército tem tido um papel fundamental na reconstrução do Haiti, que há décadas vive momento de terror e misérias causadas por disputas internas pelo poder. Com uma atuação eficaz, a tropa vinha ao longo dos anos restabelecendo a ordem na ilha caribenha. Seu principal feito foi desmantelar as violentas gangues urbanas que afundavam Porto Príncipe ainda mais no fundo do poço.

Na área social, a Engenharia do Exército atuava na construção de poços artesianos para a população, e na recuperação de estradas e pontes. “Os trabalhos variavam de acordo com a necessidade estipulada pelo governo local”, diz o coronel Cezar Augusto do Valle, comandante do 7º BEC. Com a capital destruída, os focos de ação dos engenheiros militares irão mudar. Do Acre, há 10 praças e oficiais na atual força brasileira no Haiti.

 

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