Após ser apontada no mundo inteiro como a principal responsável pela devastação da Amazônia, agora a pecuária passa a ser vista com novos olhos. Na região, o Acre tem se apresentado como modelo no desenvolvimento de uma pecuária que se desenvolve sem precisar derrubar mais árvores. Ontem, em Londres, a Embrapa/AC (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) apresentou as técnicas desenvolvidas pelo órgão que fazem essa atividade econômica torna-se, aos poucos, “verde”.
Na Inglaterra, jornalistas e empresários vão conhecer melhor os trabalhos da Embrapa na região. O encontro é organizado pela Forest Footprint Disclosure. À frente da comitiva acreana está o chefe da Embrapa no Acre, Judson Valentim. “Mostramos que é possível consolidar o crescimento da pecuária sem devastar a floresta”, diz o pesquisador. Uma das técnicas desenvolvidas no Estado é a recuperação das áreas degradadas, que não mais serviam como pastos.
Graças às pesquisas, tem sido possível aumentar a proporção de cabeça de gado por hectare. Enquanto no resto do país tem-se um boi por hectare, no Acre há 2,3 animais por hectare. Para Valentim, existem outras formas de fazer da pecuária uma atividade econômica cada vez mais sustentável dentro da maior floresta tropical do mundo.
Entre uma das medidas, defende, está a adoção, em larga escala, das tecnologias que contribuam para o aumento da produção sem derrubar novas áreas verdes. Mesmo com todo o apelo em defesa da conservação da floresta, a pecuária ainda continua a ter significativa atuação na derrubada da Amazônia, principalmente no Pará.
De 2,3 milhões de cabeças de gado em 2007, o efetivo total do rebanho bovino no Acre chegou a quase 2,5 milhões em 2008. Foi um crescimento de 5%, superando a média do Norte (3,3%) e a nacional (1,3%). O Estado tem atualmente mais de 3,7 milhões de hectares destinados ao agronegócio. Destes, um milhão é de pastos.