Devido à falta de aeronaves cargueiras no mercado, sete Estados brasileiros estão enfrentando atrasos na entrega de cartas e encomendas pelos Correios. No Acre, onde a situação é mais crítica, os envios via Sedex, previstos para entrega em 24 horas, estão demorando até oito dias úteis.
Roraima, Amazonas, Rondônia, Ceará, Mato Grosso e Santa Catarina também estão sofrendo com a demora. Segundo os Correios, acidentes e restrições de segurança impostas pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) são o motivo para o atraso no serviço.
O problema começou em outubro de 2009, quando a empresa Beta foi considerada inidônea e o serviço aéreo exclusivo de cargas foi suspenso no AC, em MT e em RO.
No Acre, os atrasos na entrega estariam ocorrendo também por terra, por problemas de gestão interna da ECT, conforme afirmou a deputada federal Perpétua Almeida (PC do B-AC), que disse ter se reunido com a diretoria nacional da empresa para tratar da questão. Os Correios, por meio de sua assessoria, negaram o problema.
Em dezembro, foi a vez de RR e AM, atendidos pela TAF (Táxi Aéreo Fortaleza), ficarem sem o transporte de cargas após o acidente de duas aeronaves e o recolhimento de outra para manutenção. A reportagem não conseguiu falar com a TAF.
Segundo o diretor regional dos Correios no Amazonas, Ageu de Siqueira Cavalcanti, Manaus recebe em média 400 mil objetos/dia e os atrasos do Sedex podem chegar a três dias úteis. “A previsão que nos deram para regularização é de 60 dias. É provável que sejamos forçados a rescindir o contrato e fazer nova licitação”, disse.
De acordo com um empresário do setor ouvido pela reportagem, o valor de referência exigido pela ECT (Empresa de Correios e Telégrafos) nas licitações muitas vezes não compensa o custo operacional.
“A empresa não consegue rentabilizar a linha e quebra. O custo é muito alto. Só a manutenção, que precisa ser feita a cada dois anos, custa US$ 600 mil”, disse Daniel Winocur, diretor-geral da Total, responsável pela rota de SC, que também está com atraso.
O problema nesse Estado começou no início de janeiro. O motivo foi o término do prazo para a Total instalar os abafadores de ruídos exigidos por norma internacional.
A empresa está sublocando uma aeronave para suprir a falta e já encomendou outra do exterior para normalizar o serviço após o Carnaval.
“Estamos pagando penalidades altíssimas, que chegam a 100% do valor do contrato”, disse Winocur. (Folha Online)