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‘Explorados’ por traficantes, rios do Acre vão ser patrulhados

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Usados pelos traficantes de drogas e armas para entrar no Brasil, os rios da região de fronteira tornam-se uma via de fácil acesso para burlar as já escassas fiscalizações nas estradas. Para coibir essa prática pelos mananciais do Acre, a Secretaria de Segurança Pública vai criar um pelotão fluvial integrando Polícia Militar, Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros. A atuação será feita em parceria com a Polícia Federal, instituição responsável pelo policiamento fronteiriço do país.

Com 11 embarcações equipadas, entre lanchas e barcos de menor porte, esta unidade policial patrulhará todo o leito dos rios acreanos cujas nascentes estejam na Bolívia e Peru ou o percurso atravesse os países vizinhos. De acordo com a secretária Márcia Regina (Segurança Pública), a meta é que até abril o pelotão fluvial já esteja com suas ações em prática. 

Segundo Regina, a pasta da Segurança espera apenas o fechamento de um convênio com o Ministério da Justiça para este efetivo policial nos rios sair do papel. “As nego-ciações com o Ministério ocorrem desde 2008, e ainda estamos fazendo o desenho estratégico de ação do pelotão fluvial”, afirma ela.
Porém, já conhecendo a realidade local, como foco principal o pelotão terá a bacia do Vale do Juruá, na fronteira com o Peru. É nessa região, analisa Márcia Regina, onde se concentra o maior problema do tráfico de drogas por embarcações. No final de janeiro, a Polícia Federal apreendeu mais de 100 quilos de cocaína em uma balsa que saía de Cruzeiro do Sul.

É nessa parte do Acre onde a presença do Estado é ínfima. Com uma extensa área de floresta intocada, os rios ficam livres para a circulação dos traficantes. “Aumentar a presença do Estado já é um passo para inibir estas práticas. Sabemos que hoje os nossos rios estão muito vulneráveis”, analisa a secretária. Com mais de 1,1 mil quilômetros de extensão, o Rio Juruá nasce no Peru e atravessa o Brasil até desaguar no Rio Solimões.

Com nascente também no Peru, o Rio Purus percorre outra região inóspita do Acre até “cair” no Solimões. Mais habitado e com suas margens constituídas de grandes fazendas, a situação do Rio Acre é mais complexa. O seu percurso atravessa tanto o Peru quanto a Bolívia. O problema se agrava com a população ribeirinha, vulnerável a sofrer as ações dos criminosos. Vivendo da agricultura de subsistência, muitos deles correm o risco de ser usados por traficantes.

Somente às margens do Rio Acre vivem mais de 7 mil pessoas. No Rio Juruá, a população quase que dobra: 13 mil.   

 

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