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Idosos do Lar dos Vicentinos pedem que ‘administradora interina’ seja efetivada

Um grupo de internos do Lar dos Vicentinos fizeram um apelo coletivo para que a supervisora de enfermagem Gislene Maria Chalub seja efetivada como administradora definitiva do Lar. A enfermeira ficou responsável pelo abrigo durante os últimos dois meses, cumprindo ao prazo de 60 dias estipulado pelo TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) do Ministério Público Estadual, assinado no dia 17 de dezembro. A medida foi motivada por irregularidades apontadas no local durante a inspeção do promotor de Cidadania e Saúde do MPE, Rogério Voltolini Muñoz, em outubro passado.
Nesta semana, o tempo determinado pelo TAC expira, mas os idosos não querem a saída da interventora nomeada. A propósito, ontem deveria ter sido o dia em que o novo administrador escolhido assumiria o Lar, mas a posse não passou mesmo do “deveria”, tendo em vista que o sucessor, conforme narram os próprios ‘velhinhos’, parece não ter se animado muito com a nova e árdua obrigação que teria pela frente: resgatar a imagem administrativa do abrigo.

Conforme Lourival Pereira de Araújo, um dos idosos do Lar dos Vicentinos, desde que a enfermeira assumiu o asilo com a missão de colocá-lo de volta nos trilhos o lugar tem cada vez mais se transformado num bom lugar para se viver. Ele conta que a interventora, além de melhorar o clima entre os idosos, conseguiu também resgatar o bom convívio entre os funcionários e os colaboradores.

“Não queremos que ela saia. A enfermeira Gislene é uma pessoa muito séria e que vemos que tem um apreço grande por nós e pela nossa situação aqui. A gente vê que ela quer melhorar o nosso Lar. Desde que ela assumiu, tudo está correndo mais tranqüilo e organizado. Não falta comida e nem roupa, os nossos remédios estão em dia, os quartos estão mais arrumados e os corredores mais limpos. Por isso, eu sei que falo pela maioria de nós quando digo que é bem melhor que ela fique”, comentou. 

Outro dos abrigados no Lar dos Vicentinos, o seu Raimundo, contou que teve até pressão baixa de tanta tristeza quando soube que a enfermeira deixaria o comando da casa nesta semana. “Ela tem cuidado muito bem de nós. Quando eu soube que um novo cara aí seria o administrador eu fiquei bem chateado, até porque nos disseram que ela não podia ser a nova administradora porque ela não é vicentina, mas esse sujeito que ia ficar aqui eu acho que também não é. Não teria sido justo”, completou ele.

Questões burocráticas
A grosso modo, o que falta para a interventora Gislene Chalub se tornar a nova administradora do Lar, como tanto deseja o grupo de internos, é apenas a vontade de ‘negociar’ por parte dos indicadores do cargo. Segundo a enfermeira, da sua parte há o desejo de ficar na administração, porém, assumir um cargo como este precisaria valer a pena não só no sentido emotivo, mas também no financeiro.

“Apesar de pouco tempo, eu tenho que admitir que já cultivo um certo amor por eles [os idosos do Lar]. Por isso, eu aceitaria sim uma proposta para ficar.

 Contudo, eu preciso, antes de considerar qualquer paixão, pensar na minha carreira. A profissão de enfermeiro sobrevive bem no Estado graças as gratificações por serviços prestados. Eu não posso abrir mão destes serviços; do dinheiro que garantirá um estilo de vida melhor para a minha família. Por isso, ficar aqui tem que compensar estas oportunidades que eu estaria sacrificando se aceitasse um cargo como esse”, concluiu Gislene.  

 

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