O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) começa a realizar a partir da próxima semana a coleta de dados sobre a realidade de vida e condições dos beneficiados pelos projetos de assentamento do órgão. O levantamento será uma espécie de censo dessas áreas destinadas a assentar as famílias da reforma agrária. No Acre, serão ouvidas 500 famílias em 24 projetos de assentamento (PA).
Durante todo o dia de ontem, 18 técnicos do Incra receberam as últimas instruções para ir a campo realizar a coleta das informações. Como método de aferição se terá os mesmos parâmetros adotados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ou seja, as pesquisas por amostragem. O Estado foi dividido por microrregiões.
Em todo Brasil, mais de 800 mil pessoas vivem em PAs. “O governo tem investido a cada ano milhões de reais, mas não se tem o quantitativo do que é produzido, da realidade de vida em si dessas famílias assentadas”, diz Mídia Matos, analista em desenvolvimento agrário e coordenadora da pesquisa no Acre. O levantamento analisará ainda a qualidade de vida dos moradores dos assentamentos.
Bastante criticado por apenas assentar as famílias sem a prestação da devida assistência técnica, o Incra colherá informações sobre as condições de produção nessas áreas e seu escoamento. “Como esses produtores estão sendo assistidos pelo Incra, o estado das estradas e ramais que dão acesso às áreas. Enfim, como estão vivendo os assentados”, pondera Matos sobre o que vai ser analisado.
Segundo a analista, a partir do recolhimento dessas informações, prevista para ser concluída em maio, o Incra terá condições de aprimorar os seus métodos de reforma agrária. “Ela [a pesquisa] ajudará a reformular as políticas públicas voltadas para o campo”. Outro objetivo, ressalta, é melhorar o atendimento do órgão aos assentados, já que se terá os dados sobre as suas reais condições de vida podendo agir, assim, de forma mais eficiente.
“Saberemos, de fato, como estamos aplicando nossos recursos, encontrar as nossas falhas e acertos”, afirma Matos. Segundo a chefe do estudo, a equipe já realizou alguns trabalhos de campo. A partir dessa análise inicial, diz ela, observou-se um contentamento dos assentados com a atual situação. Porém, Mídia Matos reconhece que essa não é a mesma situação da maioria.
Com grande parte dos PAs localizados em regiões de difícil acesso, os produtores acabam por enfrentar muitas dificuldades, como falta de escolas e centros de saúde, além do próprio percalço de escoar sua produção para as cidades.