Todos que concluem um curso de graduação assumem um compromisso: honrar a profissão e desenvolvê-la com ética e seriedade. No caso dos médicos juram lutar em defesa da vida. Pena que isso, para alguns, isso não passe de mera formalidade. Senão vejamos. Em plena epidemia de DENGUE esses “PSEUDO-PROFISSIONAIS” médicos e enfermeiros insensíveis ao sofrimento alheio, simplesmente, ignoram os plantões para o quais estão escalados. Além de prejudicar a população, sobrecarregam os colegas que têm responsabilidade com a profissão que abraçaram. Esses precisam desdobrar-se no atendimento à população e ainda enfrentam as justas reclamações de quem espera horas nos postos e centros de saúde.
Em 15 anos de Acre, por força de minha profissão-repórter, em minhas andanças pelos seringais, aldeias indígenas e altos rios, graças a DEUS nunca havia sido acometido por qualquer doença endêmica. Infelizmente minha imunidade foi vencida no último sábado, dia 06.02, pelo Aedes Aegypti, o mosquito transmissor da DENGUE. Amanheci com fortes dores lombares e na região da coluna. Inicialmente pensei tratar-se apenas de uma noite mal- dormida. Ledo engano. Com o passar das horas as dores não apenas aumentaram como espalharam-se pelo corpo, olhos e região frontal da cabeça seguidas de calafrios (febre).
Diante dos sintomas deduzi que fora infectado pela DENGUE e procurei o centro de Saúde Barral Y Barral, no início da noite. Ali deparei-me com cenas deprimentes. Dezenas de pessoas sem distinção de cor ou idade, todos com febre e dores pelo corpo. O mais grave é que só havia um médico para atender aquela multidão. Coube a enfermeira, com toda boa vontade, a inglória missão de pedir calma pois todos seriam atendidos. Mas como acalmar alguém com quase 40 graus de febre e que há horas aguardava atendimento? A reclamação era geral. Como sou conhecido por muitos, virei alvo: todos pedindo que fizesse reportagem denunciando a situação. Senti-me IMPOTENTE. Afinal estava na mesma situação. Mesmo assim liguei ao secretário municipal de Saúde para cobrar uma solução e obtive como resposta que “infelizmente não podia fazer nada, pois estava refém dos médicos”. Se ELE PASCAL KHALIL nada podia fazer que diria EU, um simples repórter?
Questionei que providên-cias seriam adotadas contra os faltosos e irresponsáveis, Pascal Khalil limitou-se a dizer que teriam os pontos cortados e os que fossem da secretaria estadual seriam devolvidos aos seus locais de origem. Infelizmente não se pode usar a força para que o profissional cumpra o compromisso assumido. Mas nesse caso de SAÚDE PÚBLICA, espera-se bem mais que isso. Pessoas desse tipo deve-riam ser alijadas do serviço público a bem da população. Esses maus profissionais só preocupam-se com o gordo salário do fim do mês em detrimento do bem-estar de quem lhes paga. Em tempos de EPIDEMIA, o mínimo que se espera desses irresponsáveis é um tratamento mais humano. Mas quando são questionados por alguém que já não suporta tanto descaso, ameaçam processar o cidadão por desacato a funcionário público. Ora façam-me o favor. Estão invertendo os valores.
O povo é que deveria processar esses incompetentes e irresponsáveis que escoram-se na estabilidade. Destratar a sofrida população que busca atendimento nessas unidades é um crime contra a SAÚDE PÚBLICA. É essa a nossa saúde de primeiro mundo? Fazem isso certamente por que ao adoecerem buscam atendimento na rede particular, e se o fazem nas unidades públicas são beneficiados com o “jeitinho e o corporativismo” de não ter que enfrentar fila. Onde estão as instituições responsáveis pela fiscalização do exercício dessa nobre atividade, para aqueles que a abraçaram e desenvolvem-na com esmero e responsabilidade. Com a palavra – e especialmente uma ação mais enérgica, o CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA e os MINISTÉ-RIOS PÚBLICOS ESTA-DUAL E FEDERAL.
Não podemos assistir inertes ante o sofrimento da população. Precisamos manter nossa capacidade de indignar-se diante de tais desmandos. Reajamos. Ou como disse GABRIEL O PENSADOR, “até quando VOCE vai levando porrada……..”
* Gerson Rondon é jornalista e acadêmico de Direito 10º período Uninorte.