Um agente do Grupo Antiassalto da Polícia Civil (Gapc) participava de uma operação no bairro Tancredo Neves quando confundiu o estudante universitário do curso de Educação Física, Galileu Marino, 22 anos, com um assaltante e atirou no jovem, que foi atingido com um tiro nas nádegas.
O incidente aconteceu por volta das 22h30 de terça-feira, quando o universitário chegava em casa, na Rua Luiz de Mo-raes, bairro Tancredo Neves.
Segundo informações de testemunhas, o grupo de agentes da Polícia Civil estava ocupando um carro descaracterizado em um ponto escuro da Rua Luiz Moraes, quando o estudante chegava em casa em sua motocicleta.
Os agentes teriam saído do veículo com as armas em punho dando ordem para o rapaz parar a moto.
Temendo ser um assalto, o estudante não parou e os poli-ciais efetuaram três disparos na direção do universitário, que saltou da moto e tentou correr gritando que era um assalto.
Um tiro acertou o jovem pelas costas e atingiu as nádegas. Ao cair no chão ferido, a vítima foi cercada pelos agentes, que de imediato perceberam que cometeram um erro.
Os próprios policiais acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que socorreu a vítima, a encaminhando ao Pronto-Socorro.
Os agentes apreenderam a motocicleta e a mochila da vítima e levaram para a delegacia alegando que seria realizado exame pericial.
O irmão do universitário, Germano Marino, acompanhou os policiais até a sede do Grupo Antiassalto (Gapc), onde solicitou providências para a apuração da ação dos policiais que balearam seu irmão, que não possui passagem pela polícia e chegava da faculdade.
Germano afirmou que seu irmão não atendeu a ordem dos policiais porque o local em que os mesmos estavam era escuro e freqüentemente são registrados assaltos, em nenhum momento os agentes se identificaram como sendo da polícia e o veículo que ocupavam era descaracterizado.
“Meu irmão foi baleado covardemente pelas costas sem a menor defesa e só correu, pois achou que eram assaltantes. Ele estava em uma moto que é muito cobiçada pelos criminosos. Meu irmão não constituía perigo para a polícia, pois não estava armado, apenas estava com medo. Classifico essa ação dos policiais como desastrosa e que foi contra todos os ensinamentos da academia de polícia, espero que a secretária de Segurança apure esse caso com rigor e que o responsável seja punido no rigor da Lei”, declarou.
Universitário disse que, mesmo ferido, foi chutado pelos policiais
Segundo informações de Germano Marino, irmão do universitário baleado por policiais civis, a vítima teria contado que após ser alvejado com um tiro disparado por um agente do Gapc, ele teria sido agredido a chutes pelos policiais, que mandavam ele se levantar e o acusavam de ser assaltante.
Ocorrência será apurada pela Corregedoria da PolÍcia civil
O delegado de polícia, Cleylton Videira, do Grupo Antiassalto (Gapc), ouviu os policiais que estavam na operação e informou que enviará relatório à Corregedoria da Polícia Civil para que seja instaurada uma sindicância que irá ouvir os agentes, vítima e testemunhas.
“Nesse instante, nossa prio-ridade é garantir todos os meios médicos que a vítima necessitar. De imediato, convoquei os agentes que estavam na operação e, posteriormente, uma sindicância será instaurada para apurar os fatos e conseqüentemente penalização dos envolvidos. Se houve excesso, os responsáveis serão punidos conforme o que determina a Lei”, afirmou o delegado.
O delegado disse ainda que nas primeiras horas de ontem, 24, foram colhidos os depoimentos dos agentes e testemunhas e, quando a vítima tiver em condições de ser ouvida, será colhido seu depoimento para que tudo fique devidamente esclarecido.
Estudante é submetido a uma cirurgia de emergência
Por volta das duas horas da madrugada de ontem, 24, o estudante universitário Galileu Marino foi submetido a uma cirurgia de emergência no Pronto-Socorro.
Segundo informações de familiares de Galileu, ele não estava movimentando as pernas e os médicos não encontraram a bala que teria entrado no corpo do jovem.
A vítima se queixava de fortes dores no abdômen e os médicos comunicaram a família a necessidade de uma cirurgia de emergência, pois possivelmente o projétil tenha se alojado no intestino ou na bexiga da vítima.
“Os médicos chamaram a família e comunicaram que seria necessária a realização de um procedimento cirúrgico para tentar localizar o projétil, já que meu irmão se queixava de dores fortes. Eles suspeitam que a bala esteja alojada na bexiga”, contou Germano Marino, irmão da vítima.