Os 15 partidos que irão marchar juntos no próximo pleito se reuniram, ontem, no auditório da Aleac. O tom dos discursos dos políticos girou em torno da unidade da aliança que já dura 20 anos e das conquistas das gestões estaduais e municipais nos últimos 12 anos. A questão das candidaturas majoritárias ainda não foi debatida. Mas os nomes do senador Tião Viana (PT-AC) ao governo do Estado e de Jorge Viana (PT) para o Senado parecem solidificados entre os partidos da FPA. Por outro lado, foi formado o Conselho Político da FPA que determinará a agenda de ações da aliança no ano eleitoral e a condução da escolha dos nomes majoritários e proporcionais.
Apesar de não ser candidato, o governador Binho Marques (PT) será uma espécie de condutor do processo por ocupar o cargo político mais importante da FPA. Binho fez um balanço das conquistas do seu governo aos partidos e analisou a importância da reunião. “A FPA está conduzindo o processo de 2010 da mesma maneira que conduziu em 1990, se reunindo muito. Pode parecer que uma reunião seja meramente protocolar, mas não é. Nessas reuniões os partidos debatem o futuro com muita democracia. Não é fácil manter uma frente política unida. Afinal, são 20 anos e temos 15 partidos em torno de um mesmo propósito. A base de tudo isso são as reuniões, a conversa e o diálogo. Há um propósito de estar com os partidos não apenas no sentido eleitoral, mas com o objetivo de manter um projeto para o Acre. O senador Tião Viana não está aqui por estar nos Estados Unidos representando o nosso Governo num debate sobre a lei do clima dos norte-americanos e, o Acre é um exemplo disso. Tudo isso é o efeito da FPA. De maneira nenhuma o PT, que é o meu partido, conseguiria chegar aonde chegou sozinho. Nós só estamos tendo essas vitórias porque estamos unidos”, ressaltou Binho.
Princípio de ideais acima dos eleitorais
Binho Marques lembrou aos líderes partidários: “mesmo no ano eleitoral a gente não pode esquecer os nossos ideais. Nesse período a gente fica contabilizando votos e, às vezes, fica muito pragmático e esquece um pouco o que a gente vai fazer ao ganhar uma eleição. Temos que saber escolher os nossos candidatos. Não podemos escolher mal porque a população é que vai votar e os partidos precisam saber bem quem vai representá-la. Por isso, a princípio, a gente não senta para discutir quantos candidatos e de que partidos vão ser. Não é um loteamento de poder, mas uma reunião de propósitos para renovar votos. É parecido com um casamento. É preciso renovar os votos de união e fidelidade para que o casamento se mantenha firme e alcance os seus objetivos”, disse o governador.
“No Acre temos muitas Marinas”
A questão da credibilidade popular na classe política acreana é fundamental para Binho Marques. “Temos muitos problemas dentro dos próprios partidos. Afinal são 15 partidos. Mas o resultado é muito salutar porque a gente não coloca os problemas para debaixo do tapete. Discutimos para encontrar as soluções. Isso faz parte da organização política. É importante a população não achar que só tem erros. Está na hora dos acreanos se orgulharem dos políticos que têm. Veja o que está acontecendo em Brasília e em outros lugares. No Acre nós temos um conjunto de políticos muito interessantes como a Marina Silva (PV-AC). Ela é um exemplo de uma política completamente atípica para o Brasil. No Acre, nós temos muitas Marinas. Então, eu acho que o povo acreano pode se orgulhar da sua classe política. Só conseguimos mudar a vida do povo através de eleição escolhendo um governador, um prefeito ou um deputado decente. É assim que as políticas públicas vão se realizar. Não existe concurso público para prefeito e nem para governador. Seria até interessante que tivesse, mas não tem. É preciso votar e acreditar nos nossos políticos”, finalizou.
Conselho político
O ex-governador Jorge Via-na ressaltou a importância da formação de um conselho político da FPA e da união entre os partidos. “Estamos celebrando a união de 15 partidos e os 20 anos da FPA. Por isso vamos discutir esse tempo e como podemos trabalhar para melhorar a vida da nossa população. Hoje se formou o conselho político da FPA para fazer a condução do processo eleitoral deste ano. Tenho muita fé em Deus que com muita união nós vamos conseguir traçar os planos para continuar mudando o Acre. Enquanto tiver pessoas sofrendo seja nas áreas urbanas ou rurais temos que trabalhar. A política é um espaço importante quando construído com honestidade e ética”, afirmou.
O deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB) também destacou a importância dos encontros da FPA. “Essa reunião reflete uma construção política porque não vamos cair na esparrela de fazer as coisas decididas por poucas pessoas. Por isso, estamos formando o Conselho Político com a participação igualitária dos 15 partidos com acesso e assento estabelecendo uma agenda de funcio-namento que vai fundamentar o debate. Todos os nomes que forem apresentados como candidatos serão tratados com igualdade e respeito para fazermos de forma coletiva o arranjo final”, garantiu.
Seminários de avaliação e candidaturas
O parlamentar comunista também destacou a finalidade das comemorações dos 20 anos da FPA. “Nós deliberamos para construir cinco seminários em cada uma das regionais do Estado. A gente precisa saber mais sobre a nossa história. Nós temos uma aliança política com 20 anos e com uma experiência administrativa que já dura 12 anos no Governo do Estado. Nós temos um capital político e administrativo que a gente tem que olhar para refletir sobre os acertos das políticas públicas que implementamos no Acre. Também queremos identificar os nossos erros e os novos desafios que precisamos enfrentar. É preciso de um olhar crítico e comemorativo da nossa construção política e administrativa ao longo desse tempo, salientou.
Quanto ao esperado anúncio de nomes de candidatos, Edvaldo, foi breve: “as candidaturas precisam refletir esse ambiente sadio de unidade política e programática. As candidaturas vão surgir dessa construção política coletiva”, finalizou.