O presidente Lula negou hoje (12) ter ficado “chocado” com a prisão do governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda. Em entrevista às rádios 730 e Difusora, de Goiás, Lula retificou sua frase: disse que, na verdade, ficara “chocado” é com as imagens de Arruda pegando propina. Há dois meses, Lula disse que não se podia julgar Arruda pelas imagens em que ele aparecia recebendo pacotes de dinheiro de um ex-secretário, Lula endureceu o discurso em relação ao governador.
“Fico chocado quando vejo denúncias de corrupção, quando aparece aquele filme do Arruda recebendo dinheiro. É um absurdo a gente imaginar que essas coisas ainda acontecem no Brasil em pleno século 21”, afirmou o presidente em entrevista às rádios 730 e Difusora, de Goiânia.
Lula disse esperar que “o que aconteceu com Arruda” sirva de exemplo para outras autoridades e “não se repita mais”. O presidente defendeu a Polícia Federal por não ter feito “pirotecnia” na prisão do governador e a decisão de Arruda de se entregar imediatamente às autoridades policiais. “Foi atitude correta de ele ir lá se apresentar.”
O presidente disse ainda que cumprirá a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) caso a corte aceite o pedido de intervenção no DF, apresentado ontem pela Procuradoria-Geral da República. Lula afirmou que só vê sentido na intervenção se houver alguma denúncia contundente conta o vice-governador, Paulo Octávio (DEM). “Se não houver nenhuma acusação contra o vice, acredito que ele possa assumir o governo do estado e governar o estado”, declarou. O vice também é alvo da Operação Caixa de Pandora.
Segundo reportagem do jornal O Globo, o presidente lamentou ontem a auxiliares que o escândalo em Brasília “tenha chegado a este ponto” — a prisão de um governador —, um desfecho que “não é bom para o país nem para a política brasileira”.
No dia 1º de dezembro, durante visita a Portugal, o presidente pediu cautela na análise das denúncias contra o governador do Distrito Federal. De acordo com ele, as imagens em que Arruda aparecia recebendo pacotes de dinheiro de seu então assessor, Durval Barbosa, autor das denúncias, não permitiam que se fizesse um julgamento do governador.
“A imagem não fala por si. O que fala por si é todo o processo de apuração, é todo o processo de investigação. Quando tiver toda a apuração e investigação terminadas, a Polícia Federal vai ter que apresentar o resultado final do processo. Aí você pode fazer juízo de valor e mesmo assim quem vai fazer é a Justiça”, disse Lula em entrevista coletiva em Estoril. (Congresso em foco)