A unidade do PT em torno da candidatura presidencial de Dilma Rousseff, selada no Congresso de 30 anos do partido, foi uma vitória do presidente Lula, mas não é só isso. Essa unidade era vontade da maioria e, antes de tudo, afirma a democracia interna do partido. Além do mais, também representa uma nova oportunidade de reencontro do PT com a sociedade, motivado pela retomada de nossas bandeiras históricas, a começar pela ética como condição para o exercício da política.
É preciso ter consciência que a força que o nosso projeto eleitoral recobra neste momento é produto dos resultados do governo do presidente Lula, especialmente nas áreas econômica e social. Mas, além da liderança do próprio presidente, é a notável presença de petistas nessas áreas, com destaque para a coordenação de governo exercida pela ministra Dilma a partir da Casa Civil. Assim, estamos resgatando por cima um conceito que criamos na base, a partir das nossas primeiras prefeituras, o “jeito petista de governar”, máxima muito citada como referência de mudanças e boas práticas de gestão pública.
O jeito petista de governar, levado com efeito pelo presidente Lula diante da realidade nacional, produziu inclusão social, encaminhou o país diante da maior crise mundial e coloca o Brasil como uma das economias com as melhores expectativas de crescimento. Nesse quesito estamos bem e o PT tem como mostrar que é o partido mais preparado para levar o país adiante, preservando o projeto de país que vem dando certo e aprofundando as mudanças iniciadas com Lula.
Garantida a contribuição para a boa governança, é imprescindível que o PT retome seu papel de vanguarda para uma nova contribuição ao país na questão política, terreno onde a sociedade continua se sentindo desrespeitada e traída.
A mesma vitória da democracia partidária que construiu a unidade do PT na candidatura presidencial de Dilma Rousseff também garantiu um dos processos mais tranqüilos e representativos de renovação da direção nacional, mostrando que o PT faz 30 anos amadurecido, pronto para fazer o debate para construir unidades, não o debate pelo embate. E esse amadurecimento impõe reconhecer que o sucesso do Governo e a crescente força eleitoral que a sociedade nos confere em sucessivas pesquisas não nos eximem de outras cobranças, especialmente da obrigação de ter humildade para reconhecer que a política brasileira continua com a moral em frangalhos.
Seria um erro gravíssimo esquecer que o Congresso Nacional ficou devendo a reforma política e sem ela não temos expectativa de mudanças na vida político-partidária, sobre a qual permanece a suspeita popular de que uma sucessão de escândalos repousa nos gabinetes de Brasília, esperando para pipocar um após outro.
Por esse lamentável sentimento, os escabrosos desmandos que ora se revelam no Governo do DEM no Distrito Federal são recebidos pela opinião pública como a vergonha da vez.
Além de uma agenda positiva que movimente nossas lideranças pelo país e abra o debate para construção das bases de um plano de governo para um próximo mandato, é indispensável pontuar a política de alianças para a sucessão presidencial com a preparação de candidaturas éticas para o Senado e a Câmara dos Deputados, até porque a formação de uma base de sustentação sem um mínimo de consistência ética, que tem sido uma fragilidade dos governos – tanto do PSDB quanto do PT – pode se transformar numa armadilha ainda mais perigosa para a governabilidade no futuro.
Cabe ao PT estender na so-ciedade a unidade interna que conseguiu construir em torno da sua candidatura presidencial. Para isso é preciso colocar a bandeira da ética na política no mesmo lugar de destaque que ela ocupou há 30 anos, lá na fundação do Partido dos Trabalhadores.
É preciso pôr a bandeira da ética no mesmo lugar que ocupou na fundação do PT
* Jorge Viana é ex-governador do Acre