Todos sabem que traidores – figurinhas patéticas, subservientes e destituídas de caráter que se comportam como imperadores sem império, reis sem palácios e condes sem castelos – e os diversos tipos de assassino – exterminadores racionais da própria espécie – são bárbaros que destroem a família e, como a família é a célula da sociedade, destroem também a sociedade, pois a união familiar é a principal responsável por seu funcionamento.
Portanto, o “prêmio” devido a estes dois tipos é a punição exemplar.
Parece-nos, no entanto, que este princípio só tem validade para os vencidos, pois nas hostes vencedoras, por mais cruéis e vândalos que sejam os atos praticados não há mercenários, não há traficantes de consciência, não há traidores e não há assassinos.
Há, somente, heróis que recebem os aplausos, a admiração de todos e são retumbantemente condecorados pelas mais altas autoridades.
Esses vermes e tipinhos asquerosos têm geralmente comportamento deplorável e suas irrisórias conquistas são consideradas “colossais vitórias” apesar de seu sangue não possuir uma gota sequer de “bravura indômita”.
Aqueles que tentam corrigir seus erros, por mais nobres que sejam os ideais de sua luta e mais puros os desejos de seu coração, não obtêm sequer um microscópico lugar na interminável escada da glória. Pelo contrário, a eles somente está reservado o desprezo, o ódio e, por fim, o extermínio.
Este absurdo comportamento independe de tudo, pois ninguém está livre do lado escuro do ser humano. Olhemos para o passado: Amenemhat I, que afirmava: “Tenho dado ao pobre, alimentado o órfão, aceitado em minha presença qualquer homem, como homem de grande prestígio. E, no entanto aquele que comeu a minha comida se revoltou e aquele a quem estendi a mão teve medo dela…”, parece que foi vítima de um atentado palaciano; Amenófis IV, que tentou instalar o monoteísmo, teve sua memória apagada da história do Egito; Jesus, que pregou o amor ao próximo, terminou abandonado pelos seus e crucificado sozinho no monte Calvário, e Ghandi, foi friamente assassinado.
Estes raquíticos exemplos são suficientes para demonstrar que há sempre alguém ou alguma coisa conspirando contra o certo. O mal se move mais rápido do que a luz e tem uma receptividade extraordinária, pois não falta quem o ajude a se espalhar para, num brevíssimo espaço de tempo, a todos contaminar.
É muito fácil trair o bem. E como é fácil! O difícil é não ser fiel ao mal.
Aloísio Vilela de Vasconcelos
Professor da UFAL