Um verdadeiro orgulho para a rede pública de Ensino acreana. Assim deve ser homenagea-da a Escola Clínio Brandão, que integra tanto os estudantes ditos regulares, como os portadores de necessidades espe-ciais do 1º ao 9º ano letivo. Primeiro colégio edificado em Rio Branco, o lugar está totalmente adaptado a receber alunos cadeirantes, com distúrbios mentais (DM) e com síndrome de Down. E, muito mais do que ‘adaptada’, a instituição está pronta para educar e desenvolver as suas habilidades.
De acordo com Ismênia Marques, coordenadora de Ensino da Clínio Brandão, a escola recebeu todas as reformas de adequação para os especiais desde o início de 2009. Os corredores foram aperfeiçoados para dar acessibilidade às instalações, a entrada ganhou rampas, as portas foram ampliadas para 75 cm e as salas ganharam novas dimensões de espaço, móveis e objetos didáticos. “A Secretaria de Saúde montou uma estrutura suficiente para atendermos a todo tipo de aluno, de fato e de direito”, relatou.
E foi justamente esse investimento que permitiu à CB educar os seus ‘tesouros’ de modo prático e disciplinar, porém, descontraído. Segundo a coordenadora de Ensino, o colégio busca trabalhar ao máximo com atividades educativas e diferenciadas. Assim, são realizadas constantemente peças de teatro, oficinas de arte, apresentações de dança e música, gincanas, concursos de xadrez, aulas de reciclagem, etc. “E para nós o mais extraordinário é que os estudantes participam de tudo”, completou, orgulhosa, Ismênia.
“É como eu sempre digo: não é o aluno que deve se adaptar à escola, e sim a escola que deve se adaptar ao aluno. Por isso, a nossa preocupação é lidar com os nossos estudantes com os mínimos detalhes desde o momento em que ele passa pelo portão até a hora de ir embora. Seja ele portador de necessidades especiais ou não. E, para isso, só ter o espaço físico não é o bastante. Precisamos estar prontos para saber como tratar e desenvolver métodos de aprendizado a todos”, declarou a coordenadora.
Atualmente, a escola possui 493 estudantes, dentre os quais 19 requerem cuidados diferenciados. Para atender a tal demanda, são 9 salas de aula arrumadas sob os mínimos cuidados, corredores com superfície plana, sala de recursos, pátio, sala de informática com 10 computadores, coordenação, sala de professores, além da biblioteca ecológica e de uma área verde para recreações e educação ambiental.
A prova da qualidade de ensino
Conforme o relatório do Sea-pe/SEE, a Clínio Brandão obteve uma média de proficiência (desempenho de qualidade de ensino) de 193,68 em portu-guês e 196,52 em matemática, com 84,09% de Percentual de Participação na primeira disciplina e 86,36% na segunda. As notas deixam a escola encostada no padrão de Ensino Adequado, o penúltimo na escala de excelência (atrás somente do padrão Avançado).
Outro mérito foi o de ter subido, nos últimos anos, na média geral de notas de 5,9 para 7,5 em outubro do ano passado, mantendo-se acima da média do Ideb 2009.
“Estes números são motivos de muito orgulho para nós, porque servem como as provas irrefutáveis de que o nosso trabalho com os alunos está sendo bem desenvolvido e que eles estão realmente apreendendo melhor os conteúdos. É o fruto de muito esforço de toda nossa equipe para expandir o poten-cial das crianças”, destacou Ismênia Marques
‘Nesta escola, eu aprendi a escrever’
Uma história de 63 anos
Assim como o ensino inclusivo e qualitativo, a Escola Clínio Tavares Brandão tem uma história de 63 anos repleta de riquezas. Criado em 1947, a partir da doação das terras de Francisco Gama, o colégio foi tocado por 2 professoras, para atender fora de domicílios as crianças da zona rural da Capital acreana. Recebendo o nome de um ex-combatente da Revolução, o lugar tinha 4 salas de aula que deram os primeiros moldes a Rio Branco de como uma verdadeira escola, com estrutura própria, deveria funcionar.
“O colégio foi criado a partir desta doação de terreno, tendo como objetivo inicial educar os filhos de produtores rurais e operários de empresas próximas. As duas professoras do começo é que faziam tudo, desde dar aulas, até preparar as merendas, fazer a limpeza, cuidar dos meninos doentes, dar broncas nos mau-comportados e até administrar o lugar”, detalhou Ismênia.
Daí para frente, a escola foi crescendo, sempre com este caráter próprio de agregar os excluídos, até se tornar este exemplo de instituição que é hoje.