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Governo inaugura escola com nome de Pedro Martinello

“Pedro Martinello era um alimentador de causas”, disse o presidente da Assembléia Legislativa (Aleac) e governador em exercício, deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), durante a solenidade de inauguração da escola padrão de Ensino Fundamental e Médio que leva o nome do historiador falecido há sete anos. O evento aconteceu na manhã de ontem, 12, e levou ao bairro Montanhês, na periferia de Rio Branco, autoridades, familiares, amigos e admiradores de Pedro Martinello.
Escola-martinello
No comando do Estado até domingo, em virtude de viagem do governador Binho Marques (PT) e do vice, César Messias (PP), Magalhães fez questão de salientar que o governo tem orgulho da história do Pedro e o Acre também precisa se orgulhar dela.

Segundo o governador em exercício, a escolha do nome de Pedro Martinello não foi por acaso. “Este ato tem simbolismo, faz parte de um projeto que está surpreendendo o Brasil”. Edvaldo lembrou que quando a Frente Popular assumiu o governo, metade dos municípios não tinha ensino médio.

“Vivíamos uma realidade que as famílias se apartavam, literalmente. Os filhos tinham que deixar os pais no interior e vir para a Capital em busca de concluir os estudos”, reforçou. Hoje, de acordo com ele, mais de 38 mil alunos estão cursando o Ensino Médio em todo o Estado. “É por esse Acre que o Pedro Martinello lutava e nada mais justo do que lhe prestar esta homenagem”, conclui.

Para o educador Evaristo de Luca, conterrâneo e amigo pessoal do homenageado, Pedro Martinello foi um homem que sonhou o melhor para o Acre. “Só vamos sonhar que o Estado continue cada vez mais no caminho do bem”, declarou.

O prefeito em exercício, Eduardo Farias (PcdoB), destacou a importância do legado de Pedro Martinello para as futuras gerações e testemunhou que a Educação é uma pauta presente no governo Binho, que só nos últimos dias inaugurou 15 escolas.

Informação confirmada pela secretária estadual de Educação em exercício, professora Maria Luiza. Segundo ela, nos últimos doze anos foram concluídas 827 obras no setor da Educação, incluindo reforma e construção de escola. Cerca de 68,7 obras ao ano ou seis ao mês.

“Não tive o prazer de ser aluno do Pedro, mas assisti muitas missas rezadas por ele”, disse o deputado federal Fernando Melo (PT). Para o líder do governo na Aleac, deputado Moisés Diniz (PCdoB), são ações desse tipo que aumentam a auto-estima do povo.

A ESCOLA – Segundo a diretora Valdemarina Crisóstomo Monteiro, a Escola Professor Pedro Martinello iniciou suas atividades em 7 de abril de 2008, em um espaço alternativo alugado pela Secretaria de Educação no Conjunto Xavier Maia. A mudança para o prédio novo aconteceu em 22 de setembro do mesmo ano. Em 2009, foram matriculados 1.354 alunos. Este ano, eles somam 1.338. São crianças do bairro Montanhês e adjacências que antes eram obrigados a percorrer longas distâncias para poder estudar. O investimento feito pelo governo no local é superior a R$ 2 milhões.

Viúva fará doação de livros à escola
A solenidade de inauguração contou com a presença da viúva (Ivanilda) e dos filhos Rafael e Valéria) de Pedro Martinello. Contendo as lágrimas, Ivanilda agradeceu a homenagem ao marido e garantiu que fará doações de livros para o acervo da escola. O livro “A Batalha da Borracha na Segunda Guerra Mundial e as conseqüências para o Vale Amazônico” é uma das obras que estará à disposição dos alunos.

A obra foi escrita em 1988 e deu ao autor o título de doutor em História do Brasil pela Universidade de São Paulo (USP). Tem cerca de 400 páginas e traz dois anexos importantes para estudantes e pesquisadores: o termo de compromisso entre o Semta e o soldado da borracha recrutado, que fala sobre benefícios concedidos e as obrigações assumidas pelo trabalhador; e as cláusulas gerais do contrato padrão de trabalho nos seringais.

“O Pedro tinha muitos livros. Vou dar uma olhada no que pode ser doado à escola e depois venho trazer”, disse. Ivanilda confidenciou durante a solenidade que, além de esposa também foi aluna de Pedro Martinello, e sabe como ninguém o amor que ele tinha pela história do Acre.

EMOÇÃO – O clima de emoção se completou com a apresentação especial da estudante Kethely Dutra de Souza, 11 anos. Ela conduziu um grupo de outros 15 alunos na execução do Hino Acreano. Moradora do bairro Jorge Lavocat, disse que apesar de não ter conhecido Pedro Martinello, ficou feliz em homenageá-lo. “Acho que ele era uma pessoa muito boa, senão não teriam construído uma escola tão bonita e dado o nome dele”.

Padre, professor e historiador
Pedro Martinello nasceu em Criciúma (SC) em 30 de julho de 1938. Era formado em Filosofia, Teologia e Sociologia em Roma. Chegou ao Acre em 1971 a convite do bispo Dom Giocondo Maria Grotti, assumindo como pároco da catedral de Rio Branco.

Lecionou na Escola Normal Lourenço Filho e ingressou nos quadros da Universidade do Acre (Ufac) em 1973. Cursou Mestrado na Universidade de Berkeley, na Califórnia (EUA) e doutorado na Universidade de São Paulo (USP).

Foi o primeiro doutor da Ufac, Pró-Reitor de Pesquisa e Pós Graduação na mesma universidade (1988 a 1992) e em 1988 publicou o livro “A Batalha da Borracha na Segunda Guerra Mundial e as conseqüências para o Vale Amazônico”. Faleceu em 14 de janeiro de 2003. Era irmão do jornalista e diretor-geral desta GAZETA, Silvio Martinello.

 

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