O nível do Rio Acre amanheceu ontem com 14,44 metros, dando continuidade às vazantes registradas desde o começo desta semana. Na última medida do dia, às 18h, o rio continuou abaixando até ficar com 14 m. Desde domingo (7) – quando a régua apontou a maior marca do ano (15,53 m) – até ontem (9), a redução no volume de águas foi de 1,53 metros. Apesar da queda, as ações do Plano de Contingência da Defesa Civil continuarão sendo executadas (o que inclui o abrigo do Parque de Exposição) até que haja a certeza absoluta de que é seguro interrompê-las.
Não significa que as pes-soas que queiram sair estejam impedidas, e sim que a Defesa Civil está orientado aos desabrigados para ficar por enquanto.
Para os próximos dias, a previsão da Defesa Civil Estadual é que o Rio Acre se mantenha com volume equilibrado, ainda oscilando com algumas vazantes. Isso porque o nível de água nas cabeceiras e no Riozinho do Rola está começando a cair. Porém, a Cedec/AC continua-rá em alerta, monitorando os rios acreanos até abril, quando o Inpe e o Sipam prevêem o fim do período de chuvas – ‘inverno’ – na região.
Mesmo com a baixa no rio, o cenário nos bairros alagadas (Airton Sena, Taquari, Cadeia Velha, 6 de Agosto, Triângulo Novo, Adalberto Aragão, Taquari e Baixada da Habitasa) ainda é desolador. Enquanto pessoas se concentram no abrigo, muitas casas estão fechadas, dando a impressão de ‘áreas fantasmas’. Outros lares estão tomados pelo esgoto que se misturou com a água do rio e provocou, além de um cheiro horrível, uma situação de risco à saúde dos que estão e dos que devem logo voltar ao local. Para os moradores teimosos que se recusaram a sair, restou apenas o isolamento.
Em contrapartida, alguns desalojados que saíram por conta própria já começaram a retornar e fazer uma boa limpeza na sua casa e quintal.
Balanço acumulado da alagação
No acumulado desta e da semana passada, estima-se que mais de 4.100 casas (ou 17.000 pessoas) da Capital tenham sido atingidas pelo transbordamento do rio. Deste montante, aproximadamente 700 famílias (3.500 indivíduos) tiveram que se mudar, das quais cerca de 170 (800 pessoas) saí-ram de suas moradias por conta própria e 530 (2.600) receberam ajuda dos bombeiros da Defesa Civil (316 famí-lias desabrigadas no Parque de Exposições Marechal Castelo Branco e 214 desalojadas nas casas de parentes).
Situação de emergência mobiliza equipes da prefeitura de Rio Branco
Preocupado com a cheia do Rio Acre e o aumento do número de desabrigados e desalojados em vários bairros da Capital, o prefeito Raimundo Angelim passou o final de semana percorrendo as áreas de risco e visitando os abrigos da prefeitura onde foram instaladas as famílias desabrigadas para verificar de perto as acomodações e o atendimento que vêm sendo dado a cada uma delas.
No último sábado, 6, Angelim assinou decreto de situação de emergência em Rio Branco. A medida foi tomada para facilitar a ajuda aos desabrigados, inclusive para de material de limpeza, construção dos boxes nos abrigos e alimentação. O decreto também permite que a Defesa Civil remova uma família de áreas de riscos mesmo quando ela se recusa a sair do local.
“Nós sabemos que há famílias que se recusam em deixar suas casas, mas o poder público não pode permitir que um cidadão corra riscos, por isso esse decreto se faz tão necessário”, diz o prefeito.
Durante o final de semana, Angelim visitou as famílias instaladas no Parque de Exposição Marechal Castelo Branco. Em reunião com seus secretários e assessores que estão trabalhando diretamente com o problema, o prefeito pediu o empenho de todos no apoio às famílias.
“Nossos servidores, da mais alta patente ao mais humilde estão trabalhando diariamente para minimizar os transtornos causados pela cheia do Rio Acre às famílias vítimas da alagação. Por isso fiz questão de percorrer cada uma das áreas de risco e o abrigo”, disse Angelim.
Qualidade no atendimento – Preocupado com o nível das águas nos afluentes do Rio Acre, Angelim disse que a vazante do final de semana ameniza sensivelmente o problema em Rio Branco, embora esteja cons-ciente de que o risco continua.
“Em Assis Brasil esta chovendo e o rio está enchendo isso nos deixa em situação de alerta, mas pelo menos, em Xapuri e Brasiléia o nível das águas do manancial está baixando”, afirmou o prefeito.
Nas visitas, o prefeito constatou a qualidade das refeições que são servidas diariamente às famílias que estão abrigadas em boxes no Parque de Exposições. ”Tentamos montar um ambiente decente para essas famílias. Temos respeito pelas pessoas que são atingidas pelas enchentes”, disse Angelim.
Famílias receberão kit de limpeza – Para garantir total segurança às famílias que foram precisaram deixar suas casas por causa da cheia do rio, Angelim informa que elas só serão retiradas do Parque de Exposições quando não houver mais nenhum risco nas áreas onde moram. Até lá, terão toda a assistência do município. Na volta às suas residências, cada família receberá um kit de limpeza para evitar que contraiam doenças. O kit será composto por desinfetante, vassoura, hipoclorito e sabão em pó. (Com informações da agência agazeta. net)