Após 15 dias de tranqüilidade, o Rio Acre voltou a surpreender a Defesa Civil e a parcela da população que mora nas áreas de risco da Capital. É que o nível do rio subiu 4,48 metros desde sexta-feira até ontem, saindo de 7,94 m (dia 26) para 12,42m (30). A causa da elevação foram as chuvas de 94 mm deste último final de semana, que caí-ram diretamente sobre as cabeceiras e a Capital. Com isso, o rio registrou altas de quase 1 metro/dia e fechou ontem a apenas 1,08 m da Cota de Alerta (13,50), lembrando que na marca dos 13,25 m já começa a atingir o quintal de algumas casas de Rio Branco.
Contudo, o mais preocupante para o momento não é o quanto rio já subiu e sim o quanto essa cheia ainda pode alcançar em abril. Segundo o coronel José Ivo, secretário executivo da Defesa Civil Estadual (Cedec/AC), há certa apreensão com as últimas precipitações, que já fizeram o volume de chuvas deste mês atingir os 361 mm e ultrapassar a quantia esperada em março (259 mm). E o pior é que para os próximos dias a previsão é de 80% para chuvas de 5 mm na Capital e 16,7 mm nas cabeceiras.
Isto é, uma nova alagação não está descartada. Aliás, se continuar chovendo com tanta intensidade como nos últimos dias é bem provável que haja sim transbordamentos.
Inclusive, o indício ganha mais força se levado em conta às altas de anteontem (29) para ontem (30) do Riozinho do Rola, Xapuri e Brasiléia. De acordo com José Ivo, Brasiléia estava na terça com 5,46 m (+ 56 cm), Xapuri com 7,36 m (+ 96 cm) e o maior afluente do Rio Acre com 11,96 m (+28 cm). Em Sena Madureira, a situação é mais séria, com o nível em 14,89 m, o que já é acima da cota de transbordamento (14m) do município.
“Há chances de acontecer ou não. Agora, independente do que houver, eu quero ressaltar que estamos prontos para toda e qualquer situação. O abrigo continua com vários stands montados no Parque de Exposições”, ressaltou o coronel.
Deslizamentos e enxurrada dos igarapés
Além da rápida subida do Rio Acre, a Defesa Civil está preocupada com mais duas conseqüências diretas das últimas chuvas: os desbarrancamentos e as enxurradas dos igarapés Batista e São Francisco.
Segundo o secretário executivo da Cedec, os deslizes de barrancos já provocaram o deslocamento de 33 casas/famílias de Rio Branco nos bairros Preventório (30) e Seis de Agosto (3), das quais 21 estão desalojadas na casa de parentes e 12 estão desabrigadas no Parque de Exposições. Ao todo, estima-se que mais de 400 famílias (1.600 pessoas) rio-branquenses destes bairros e do Cadeia Velha ainda corram riscos de deslizamentos.
Já o transbordamento dos igarapés Batista e São Francisco ameaçam mais de 500 casas/famílias (2.000 pessoas) em mais de 5 lugares de Rio Branco (Bairro da Paz, Calafate, Conquista, Parque dos Palmares, Geraldo Fleming, etc). Contudo, apenas cerca de 15 destas famílias tiveram a sua casa inundada pelos cursores d’água.