Em 2010 celebram-se os 90 anos do registro da chegada do primeiro japonês ao Acre. Após passar pela Bolívia e Peru, Isao Furuno chega ao Estado em 1920. Com o intuito de comemorar a data e relembrar a contribuição dos japoneses na região, a Asso-ciação Cultural Nipo Brasileira do Acre organiza a Semana Cultural Japonesa. Para reforçar as celebrações, o cônsul-geral do Japão, Jiro Shibasaki, chefe do consulado em Manaus, está no Acre.
Na tarde de ontem, Shibasaki visitou a exposição no Sesc Centro que mostra um pouco da milenar cultura do país do sol nascente. Com mais de 1,5 milhão de descendentes, o Brasil tem a maior população japonesa fora do território da ilha. O interior de São Paulo é a região onde eles mais se concentram. Mas não foi só lá que fincaram suas raízes.
Ainda inóspita e pouca explorada, a Amazônia também passou a ser ocupada pelos japoneses. A única atividade econômica até então era a exploração das seringueiras para a produção da borracha, embalada pelo crescimento da indústria automobilística. Muito mais adaptados à agricultura, os japoneses não tiveram êxito na retirada do látex. “Eles passaram por muitas dificuldades e não conseguiram se adaptar”, diz Melany Takashima, vice-presidente da Associação Nipo Brasileira do Acre.
Foi graças aos conhecimentos deles que a Amazônia passou a ter suas primeiras áreas de plantio. Até então, a alimentação do amazônida se consistia basicamente da carne de caça, poucas frutas e da farinha de mandioca. “A história da imigração japonesa na Amazônia é totalmente diferente da ocorrida no resto do país”, disse o cônsul-geral À GAZETA.
A região do município de Senador Guiomard foi onde os imigrantes intensificaram sua produção. “Os japoneses foram os responsáveis por abastecer o mercado de Rio Branco com os primeiros hortifrutigranjeiros”, completa Takashima. Com os resultados positivos, o governo acreano passou a “importar” famílias do Japão para incrementar a incipiente agricultura.
Até hoje os descendentes destes primeiros japoneses trabalham na produção de amendoim em Senador Guiomard. Graças às suas técnicas, o amendoim daquela cidade abastece o mercado acreano e passa a ser vendido para outros estados. Na segunda metade do século passado a contribuição nipo à Amazônia se deu através da ciência.
A criação da Zona Franca de Manaus permitiu a abertura de várias empresas do mundo todo, inclusive do Japão. Com o uso da tecnologia, os japoneses modernizaram a produção no pólo industrial e passaram a vender seus produtos para todo o Brasil e os países vizinhos.