Candidata do PV a presidente não terá palanque no próprio Estado, embora lidere pesquisa eleitoral
Marina já garante que vai votar no candidato Tião Viana
Identificada até o último fio de seus longos cabelos com o Acre, a senadora Marina Silva está sem palanque no Estado. Pré-candidata à Presidência da República pelo PV, para o qual migrou no ano passado depois de quase três décadas no PT, ela já anunciou que vai votar no candidato de seu antigo partido, o senador Tião Viana. O senador, por sua vez, garante que lutará “com todas as suas forças” pela eleição da petista Dilma Rousseff a presidente, mas mantém a figura da senadora acima de disputas eleitorais. “Marina merece o mais absoluto respeito”, afirma Tião. “Não haverá nenhum ataque a ela.” A inusitada situação do Acre fez com que o PV deixasse de lançar candidato próprio ao Palácio Rio Branco e continuasse a integrar a Frente Popular, a ampla coligação capitaneada pelo PT há 20 anos. “Um rompimento entre os dois partidos seria um desastre político para as forças mais avançadas da região”, diz o presidente do PV, José Luiz de França Penna. Uma pesquisa interna encomendada pelo PT indica que Marina tem mais da metade das intenções de voto no Estado. A proximidade local entre os dois partidos reflete a trajetória de um grupo conhecido nos anos 1980 como os “meninos do PT”, do qual fazia parte a “menina” Marina.
À frente do governo estadual desde 1999, quando o engenheiro florestal Jorge Viana assumiu o primeiro de seus dois mandatos no Palácio Rio Branco, o PT entra na disputa estadual deste ano com o irmão do ex-governador. Ainda em 2006, Tião era o preferido nas pesquisas eleitorais para a sucessão acreana, mas o grau de parentesco não permitiu que participasse da disputa. Agora, o quadro mudou. E Jorge, o ex-governador e atual presidente do Fórum Estadual de Desenvolvimento Sustentável, é um dos candidatos do PT a uma das vagas do Estado para o Senado. No âmbito estadual, os outros dois pré-candidatos ao governo só pensam em levar a eleição para o segundo turno e então unirem forças. “Estamos juntos no mesmo projeto”, conta o professor Tião Bocalom, do PSDB.
“Precisamos quebrar essa dinastia que se instalou no Estado.” Três vezes prefeito de Acrelândia, cidade de 14 mil habitantes emancipada em 1992, Bocalom tem como parceiro na estratégia contra a Frente Popular o vereador de Rio Branco Rodrigo Pinto (PMDB), filho do governador Edmundo Pinto, assassinado no antigo Hotel Della Volpe, em São Paulo, em 1992. “Entrei na vida pública para seguir os passos do meu pai e chegar aonde ele chegou”, diz Rodrigo, lembrando que Edmundo Pinto emancipou 11 vilas. O problema é que, dos 22 municípios acreanos, 15 são administrados pela Frente Popular, incluindo a capital, onde se concentram 45,7% dos 452 mil eleitores do Estado. (ISTOÉ)