Apesar da maioria dos partidos das oposições concordar e elogiar a chapa majoritária completa do PMDB, ainda existem discordâncias em relação à questão do Senado. O deputado Donald Fernandes (PSDB) era um dos maiores entusiastas da decisão dos peemedebistas. “Achei muito boa a posição do PMDB. Sair com uma candidatura ao governo para juntar aos outros é uma estratégia eleitoral muito inteligente. Claro que o PT gostaria que saísse um candidato só para ser uma eleição plebiscitária. É importante ter duas ou mais candidaturas da oposição para levar ao segundo turno e depois liquidar a fatura. Nós estamos encontrando uma maneira de derrotar um adversário forte. Isso é estratégia”, afirmou.
Donald Fernandes elogiou PMDB e N. Lima quer muitos candidatos ao Senado
Já um dos principais articuladores da oposição, na Aleac, deputado Luiz Calixto (PSL) e, possível nome a uma das vagas ao Senado avaliou: “o PMDB está concretizando aquilo que já havíamos discutido há algum tempo. A melhor estratégia para enfrentar a FPA é numa eleição em dois turnos. Não podemos confundir estratégia política de lançar dois candidatos com os argumentos governistas que estamos em desunião. Eles nos acham desunidos quando lançamos dois candidatos ao governo, mas não pensam a mesma coisa quando lançamos vários candidatos ao Senado”, ironizou.
Calixto não acha positivo os partidos de oposição terem vários candidatos ao Senado. “Estamos a 90 dias das convenções partidárias e o bom senso deverá prevalecer. Nós devemos sair com poucas candidaturas ao Senado. O fracionamento dos votos da oposição irá beneficiar a FPA. Mas não podemos obstruir o desejo dos partidos de lançarem seus nomes”, explicou.
A voz dissonante na questão das várias candidaturas da oposição ao Senado é do deputado N. Lima (DEM). “O DEM quer duas candidaturas ao governo. Nós aplaudimos, se é para valer a decisão do PMDB. Nós vamos inteiros e com coração o que é importante para oposição estar mais unida. Quanto às várias candidaturas ao Senado só quebra uma que é a do Jorge Viana (PT) porque vai tirar votos dele. Cinco candidatos contra o Jorge acho que diminui as chances dele se eleger. Da nossa parte o DEM vai continuar com a candidatura do Fernando Lage (DEM) ao Senado”, garantiu.
Governistas evitam comentar posição do PMDB
O líder do PT na Aleac, deputado Ney Amorin, acha que o PMDB encontrou um caminho depois de avaliar vários quadros. “Muitas especulações foram feitas. O PMDB tentou várias configurações e aquela que achou melhor foi se unificar e sair com candidaturas próprias. Mas a FPA está bem montada e tem um projeto político consolidado e está pronta para ir para o debate com tranqüilidade”, salientou.
Outro interessado nas configurações políticas que antecedem a eleição é o presidente da Aleac, deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), provável nome da FPA ao Senado. No entanto, ele preferiu não comentar em detalhes a decisão dos futuros adversários do PMDB. “No momento estamos concentrados na escalação do nosso time. Estamos construindo o nosso caminho. Instalando o nosso conselho político e definindo as nossas chapas majoritárias e proporcionais. As decisões dos partidos de oposição são soberanas e não vamos opinar sobre a tática e a estratégia de cada partido. A fase da pré-campanha é de todo mundo botar sua cara e as suas cartas na mesa. Mas daqui até as convenções ainda tem muito tempo e podem mudar as estratégias dos partidos”, avaliou.
Edvaldo afirmou ainda que até o final de março a FPA deverá fazer algumas definições. “Nós vamos aprofundar e avançar o debate no mês de março porque existe uma data que tem implicações em algumas candidaturas que são as descompatibilizações para quem exerce algum tipo de cargo ou mandato. Mas nos próximos 30 ou 40 dias a FPA deverá estar com a sua chapa formatada”, garantiu.
O ex-governador Jorge Via-na que começa hoje uma longa viagem pelo Juruá desde o Rio Breu até Cruzeiro do Sul, para ouvir os ribeirinhos sobre uma possível candidatura sua ao Senado, comentou a definição eleitoral dos peemedebistas. “Na verdade não estou falando muito nem dentro da FPA, o que dirá dar palpite no partido dos outros. Mas acho que cada um está procurando o seu caminho e definições para as eleições. O deputado Flaviano Melo (PMDB-AC) já tinha dado mostras da intenção do partido marchar de maneira independente”, disse ele.
Quem foi mais irônico com as articulações oposicionistas foi o deputado Luiz Tchê (PDT). “Mais uma vez ficou comprovado o que o Jorge Via-na falou de que os partidos de oposição não se entendem. O PMDB lança uma chapa ao governo com dois candidatos ao Senado sem espaço para negociar uma possível aliança, fica complicado. Quem ganha é a FPA porque saí o PMDB sozinho e daqui a pouco vai sair o PSDB sozinho e o PMN também vai ter que sair sozinho e quem perde é a oposição que vai deixarar de eleger um candidato a deputado federal a mais, na minha avaliação. Acho que se juntassem as forças teriam mais condições de eleger mais um parlamentar. Acaba que daqui a pouco as pessoas não vão ter coeficiente eleitoral das legendas para se elegerem. Enquanto a FPA unifica os nomes ao Senado de Jorge Viana e do Edvaldo Magalhães, os vários nomes da oposição aumentam a possibilidade de eleger os dois. Para colocar o 15 na rua o PMDB se antecipou diante de várias negociações que não surgiram efeito”, avaliou.
Tião Bocalom se sente fortalecido com a decisão do PMDB
Em visita a Aleac, o pré-candidato do PSDB, Tião Bocalom, achou positiva a decisão peemedebista. “O Objetivo é levar a eleição para o segundo turno e me considero fortalecido com a candidatura do Rodrigo. As pesquisas que estamos fazendo nos mostram que o segundo turno é favorável à oposição. Está tudo dentro do que combinamos desde maio do ano passado. A candidatura do Rodrigo Pinto é essencial para o nosso projeto de oposição. Só tem a questão do Senado que o PMDB colocou dois nomes, assim como nós também temos dois nomes que são o Sérgio Barros (PSDB), o Fernando Lage (DEM) e ainda o do deputado Sérgio Petecão (PMN-AC) que está dizendo que aceita ser candidato. Acho que essa questão da candidatura ao Senado só na última hora que vai ser resolvida. Vão existir muitas conversas. O bom senso deverá vigorar no fechamento das chapas majoritárias nas convenções e nós da oposição deveremos ter apenas duas candidaturas ao Senado”, explicou.
Bocalom promete se empenhar na questão do Senado. “Vou torcer para que haja só duas candidaturas, vou fazer o que for possível para que isso ocorra. Acho que com mais de duas candidaturas poderemos ter problemas. Nós vamos ter que ir medindo isso com pesquisas para ver o que nós vamos fazer. Advogo só duas candidaturas, mas existem várias lançadas e temos que ver o que vai acontecer. O importante é que o PMDB se definiu pela candidatura do Rodrigo Pinto. Nós teremos pelo menos três candidaturas de oposição. A nossa união não é em torno de nomes ao governo, mas de um projeto contrário do modelo atual que se esvaiu”, garantiu.
Sérgio Barros também espera mudanças na chapa peemedebista
Outro interessado direto nas articulações da chapa ao Senado é o pré-candidato tucano, o ex-deputado Sérgio Barros (PSDB). Ele avaliou o movimento no tabuleiro eleitoral das oposições com a decisão do PMDB. “Acredito que o PMDB que nós conhecemos e reconhecemos não vai ser inconseqüente. Eles estão colocando duas candidaturas ao Senado que vai acabar afunilando para uma como já foi conversado com o PSDB.
O consenso da oposição é ter mesmo só dois candidatos. Estou pré-candidato no campo de oposição pelo PSDB. Não posso retirar a minha candidatura porque não me lancei candidato a nada. Foi um grupo de pessoas, de prefeitos, vereadores de todos os municípios do Estado que colocaram meu nome. Só permiti que me indicassem. Mas tenha absoluta convicção que vamos ter apenas duas candidaturas ao Senado no campo das oposições”, finalizou.