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Ações do homem aumentam chances de grandes secas na Amazônia

O impacto das ações humanas sobre a natureza aumenta as chances de grandes secas registradas na Amazônia no passado voltarem a acontecer com mais freqüência. Períodos mais longos de estiagem, como também de enchentes, já são comuns como fatores normais no comportamento do clima. Mas o desmatamento e a queima da floresta com a conseqüente emissão maior de gases do efeito estufa aumentam as possibilidades de catástrofes climáticas acontecerem com mais intensidade.
O assunto foi um dos temas debatidos ontem durante o Seminário sobre Segurança no Abastecimento de Água em Rio Branco, realizado na ETA 2 (Estação de Tratamento de Água). As mudanças no clima e seus impactos na terra foram apresentadas pelo professor da Ufac (Universidade Federal do Acre) Irving Foster Brown. De acordo com ele, o ano de 1926 foi o que registrou a maior seca na Amazônia em todo o século passado.

Além de rios com níveis de volume baixíssimos, impossibilitando a navegação, grandes áreas de florestas foram queimadas. Os efeitos foram agravados pela ineficiência humana por, naqueles anos, não haver um sistema de defesa civil capaz de amenizar os danos. As cidades e vilas sofriam com o desabastecimento. Os relatos mais precisos e fiéis sobre a seca foram registrados em Manaus. Mas o Acre também foi afetado.

Os acreanos sofreram com o desabastecimento de água, alimento e outras mercadorias. Pesquisas feitas nos jornais da época mostram que nos últimos meses de 1925 e nos primeiros do ano seguinte os barcos encontravam grandes dificuldades de navegar até Rio Branco, isso num período que o transporte fluvial era o único meio de sair ou chegar nesta região do país. O que chama atenção na seca de 1926 é que ela aconteceu no período do chamado “inverno amazônico”.

Para Foster não há dúvidas: “se houve no passado se repetirá no futuro”. Quando voltará a acontecer, diz ele, não há como prever. “Pode ser daqui 500 anos ou cinco anos”. Foster afirma que muito precisa ser feito para preparar as cidades para uma eventual catástrofe como as do passado. “Hoje as vulnerabilidades sociais são muito maiores, ocasionada pelo aumento no número de pes-soas vivendo nas cidades”, lembra ele.

Nos últimos anos, Rio Branco tem passado por sustos diante de um clima que tem se comportado de forma “estranha”. Enquanto que em abril de 2009, por exemplo, a cidade sofria com a enchente (nem tão comum para o mês), neste ano o baixo nível do Rio Acre preocupa o Saerb (Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco), e o faz a tirar do papel seu plano de emergência para garantir o abastecimento de água.

 

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