O governador Binho Marques participou nesta quinta-feira, 22, do encerramento do 3º Fórum dos Povos Indígenas do Acre, na Aldeia Ipiranga, Terra Indígena Puyanawa, em Mâncio Lima. Iniciado no dia 19 de abril, o Fórum contou com a participação de de 100 lideranças indígenas, representando 33 Terras Indígenas de 15 etnias de todo o Estado. Estiveram presentes também o prefeito de Mâncio Lima, Cleidson Rocha; o presidente da Assembleia Legislativa do Acre, Edvaldo Magalhães; o assessor especial dos Povos Indígenas do Governo do Estado, Francisco Pianko; a deputada federal Perpétua Almeida; o deputado estadual Moisés Diniz; os secretários de Estado Henrique Corinto (Justiça e Direitos Humanos), Osvaldo Leal (Saúde), Nilton Cosson (Extensão Agroflorestal e Produção Familiar); Maria Correia (Educação); Carlos Resende (Florestas); o diretor-presidente do Instituto de Educação Profissional Dom Moacyr, Irailton Lima; o presidente da Fundação Elias Mansour, Daniel Zen; o assessor especial da Juventude, André Kamai; entre vários técnicos e gestores públicos, além de lideranças indígenas como Toya Manchineri, Biraci Brasil, e Joel Poyanawa.
“Nós decidimos pelo caminho mais difícil, da construção de sociedades autônomas”, disse o governador ao referir-se às dificuldades na implementação da política de valorização dos povos indígenas. “Mas estamos aqui concluindo uma etapa repleta de êxitos”, completou, afirmando que é necessário manter o processo em andamento. “Nós podemos ir além. Precisamos concluir o que começamos. Hoje, me sinto seguro que governo e movimento indígena amadurecemos para uma nova fase. Nós agora estamos muito mais irmanados do que antes”.
O fórum serviu para consolidação de uma etapa da política indigenista do Governo do Estado e apresentação do Plano de Valorização dos Povos Índígenas, além da assinatura de convênios do Plano de Gestão Territorial Indígena (PGTI) no âmbito do Programa de Inclusão Social e Desenvolvimento Sustentável do Acre (ProACre) no valor de R$2.806.990,00. O PGTI se constitui em um mecanismo pelo qual a população indígena define estratégias, prioridades e demandas de suas comunidades. O Governo tem atuado na valorização dos povos indígenas num diálogo de constante aprendizado. Pelo menos na metade das mais de 200 aldeias de quinze povos indígenas, a língua original ainda é mantida. Em 1999, 915 índios estavam matriculados, hoje são seis mil pessoas na educação bilíngue multicultural. Estão sendo construídas mais 22 escolas, sendo que três são de ensino médio. O governo investe ainda na formação dos professores.
No fórum, grupos temáticos forneceram subsídios para as políticas governamentais voltada ao índio. Ocorreram assinatura de convênios com associações indígenas para implementação do ProAcre. oje o Acre abriga 15 povos indígenas, falantes de idiomas dos troncos Pano, Arawak e Arawa. São mais de 16,5 mil pessoas, que vivem em 186 aldeias distribuídas em 36 terras As terras indígenas somam 7,7 milhões de hectares. “Este fórum marcou o início de um novo tempo”, disse Francisco Pianko, afirmando que as comunidades saíram muito mais fortalecidas do encontro.
Binho Marques visitou o sistema de açudagem que está sendo implantado na Aldeia Ipiranga com recursos do BNDES (Fase 3). São quatro tanques de 30 metros por 50 metros, onde a comunidade começou a criar peixes como tambaqui, curimatã, piau, tambatinga, pirapitinga. Foram adquiridos 8.000 alevinos. O projeto custou R$28 mil. Nas terras indígenas do Acre são 47 açudes. A atividade começa a fazer parte da vida econômica e alimentar das aldeias. O melhor exemplo de desempenho está na Colônia 27, em Tarauacá, onde os índios Kaxinawa estão obtendo resultados expressivos. A partir da açudagem, muitos membros daquela comunidade conseguiram adquirir bens de valor, como carro e moto.
Segunda edição do Prêmio de Culturas Indígenas faz homenagem aos antigos líderes
No evento, foi feita a entrega dos diplomas aos vencedores do 1º Prêmio de Culturas Indígenas, que receberam R$ 10 mil para realizar projetos diversos, além da assinatura de convênio de R$180 mil para construção do Ponto de Cultura na Praia do Carapanã, na Terra Indígena Kaxinawá, e o lançamento da revista Povos Indígenas do Acre. Foram impressos 1.000 exemplares ao custo de R$80 mil. Na mesma cerimônia Binho Marques fez o lançamento da 2ª edição do Prêmio de Culturas Indígenas. “Neste ano, estamos homenageando as lideranças antigas. Assim, o prêmio recebe o nome de 2º Prêmio Prêmio Velho Suêro, da tribo kaxinawa”, anunciou Daniel Zen. Apenas em cultura, os investimentos somam R$660 mil.
De 42 propostas, venceram a primeira edição do Prêmio de Culturas Indígenas os projetos Bunawa Festa da Banana, de Francisco de Assis Mateus de Lima (Hunikui Kaxinawá do Rio Humaitá); Pakari Mimawata Nikaki – Gravação de Músicas Pakari Hunikui , Assis Gomes da Silva Kaxinawá (Hunikui Colônia 27); VIII Festival Cultural dos Hunikui do Curralinho, de Antônio Carlos Alberto Nunes ( Hunikui Kaxinawá do Seringal Curralinho); República Nukini, de José Naldo Maneiro de Oliveira Nukini (Nukini de Mâncio Lima); Fortalecimento do Artesanato Tradicional, de Inácio da Silva Brandão (ShanenawaKatukina/Kaxinawá); Canto Cultural Beya Yuinã Para Proteção de Práticas CulturaisAldeia Jacobina I, HunikuiKaxinawá/Ashaninka do Breu; Fortalecimento das Pinturas Corporais Manchineri, de Lucas Artur Brasil; Fortalecimento da Dança do Katxa Tiri, de Valdir Ferreira; Criação de Site para Divulgação de Trabalhos dos Professores Indígenas Organização dos Professores Indígenas do Acre; Casa das Artes Associação dos Seringueiros do Rio Jordão; Keda Na Ada Heu Puyanawa – Cantos de Revitalização do Heu Puyavakebu; I Festival do Povo Jaminawa; Fortalecimento do Artesanato dos Nawa; V Festival de Dança Katxanawa Hunikui de Nova Olinda; Revitalização de Língua Materna; Produção de Vídeos Históricos na AldeiaVaulino Nunes Ferreira – Paroá Fortalecimento da Medicina Tradicional, Aldeia Buritizal; Fortalecimento Tradicional; Artesanato Ashaninka: Fonte de Conhecimento e Identidade Cultural Associação Ashaninka do Rio Moa – APIWTXA; Fortalecendo o Artesanato Hunikui.
Mais de R$2,8 milhões para fortalecimento da produção e autonomia comunitária
O 3º fórum definiu 16 PGTIs, os quais estão recendo recursos do ProAcre para ações de fortalecimento e autonomia das comunidades. “Os investimentos visam prover as terras indígenas de condições de produção e desenvolvimento”, disse Nilton Cosson. Veja como ficou a distribuição dos recursos:
CONVÊNIOS DO PLANO DE GESTÃO TERRITORIAL INDÍGENA
Comunidade Valor do PGTI (R$)
Kampa do Rio Amonea 328.714,57
Ashaninka/Kaxinawa 209.641,40
Ashaninka/Kaxinawa 31.272,00
Colonia 27 49.006,48
Caucho 180.465,00
Humaitá 123.570,00
Rio Gregório (Yawanawa) 94.470,00
Rio Gregório (Katukina) 45.262,62
Rio Gregório 70.340,05
Katukina/Kaxinawa 150.569,00
Katukina/Kaxinawa 201.870,00
Kaxinawa Jordão 640.202,10
Campinas 165.348,35
Nukini 226.705,54
Puyanawa 179.104,00
Cabeceira do Rio Acre 110.492,00
TOTAL 2.806.997,20
O QUE ELES DISSERAM
“Nos deixa honrados a forma com que o governo trata as questões indígenas. Este fórum é um grande ganho político.Toya Manchineri, líder manchineri”
“O que o Binho quer é fortalecer as comunidades. Você, governador, ensinou as comunidades a amuderecerem e foi muito importante no redesenho das organizações indígenas.Biraci Brasil, líder Yawanawá”
“Hoje nós trabalhamos um novo sistema de movimento indígena onde cada um tem sua responsabilidade e tem o governo como parceiro.Joel Puyanawa, líder puyanawa”
“Poucas lideranças no Congresso falam com tanta sabedoria quanto nossas lideranças, e nenhum Estado da Federação tem a relação que temos no Acre.Perpétua Almeida, deputada federal”
“A melhor notícia que levamos é que as diferenças foram congeladas e todos se dedicam a construir caminhos.Edvaldo Magalhães, presidente da Assembleia Legislativa”
“Os povos estão trabalhando um processo de autonomia. Por essas ações, o governo Binho deixa grandes glórias para nosso Estado.Cleidson Rocha, prefeito de Mâncio Lima” (Agência de Notícias do Acre)