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Cohab aguarda ordem para retirar famílias de área no Mocinha Magalhães

A disputa pela área de 19 hectares invadida no bairro Mocinha Magalhães e Conjunto Rui Lino ganhou ontem proporções dramáticas. Após a reunião na segunda-feira (19) entre a Companhia de Habitação do Acre (Cohab) e um grupo dos ‘invasores’, não houve consenso e agora cada parte segue lados opostos. Na tarde de ontem, a Cohab aguardava apenas uma ordem da Justiça para começar a desocupação das casas no local. Do outro lado, mais de 75 ‘moradores’ se uniram para reafirmar o compromisso de não deixar a terra enquanto o Governo não estabelecer um acordo satisfatório.
Conforme Ilmara Rodrigues Lima, diretora-presidente da Cohab, a invasão se trata de uma área pertencente ao Governo do Estado, que inclusive foi desapropriada e limpa para a construção de casas do Programa Social de Habitação (PSH). Entretanto, logo após este serviço vieram os ‘invasores’ e tomaram conta do local.
“Esta situação é completamente ilegal. Para se ter idéia, alguns dos invasores estão inscritos até 3 vezes em outras áreas de conflitos na Capital, querendo fazer especulação. Portanto, eu quero destacar que não vamos aceitar isso. A terra é do Governo e deve ser desocupada. Apesar disso, entendemos que certas famílias de lá passam por necessidade. Por isso, começaremos a fazer o cadastro delas e inscrevê-las devidamente no PSH do Governo, para beneficiá-las com moradias mais dignas de se viver”, esclareceu Ilmara.

Até aí ficaria tudo bem, se a posição da diretora da Cohab fosse suficiente para os que estão no local. Segundo eles, apenas com tais garantias é impossível se chegar a um acordo, já que muitos deles não têm para aonde ir, e definitivamente não querem ‘morar debaixo da ponte’ até o seu nome ser sorteado pelo programa do governo.

“Dizem que temos de sair e esperar até agosto para ver se seremos contemplados com alguma das 3 mil casas do programa. O que eles não entendem é que não podemos ficar esse tempo todo sem um lar, até porque as 3 mil casas ainda vão ser sorteadas para 60 mil pessoas, e não dadas para nós. Portanto não vamos sair”, enfatizou Ezequias da Silva, um dos ‘invasores’.     

Além da proposta governamental, os ocupantes reclamam mais ainda da forma na qual a Cohab os está tratando. Segundo Soraia e Eliana Ferreira, a companhia já teria feito várias ameaças para fazer com que eles saiam do lote. Entre elas, constam derrubar as casas com quem estiver nelas, quem resistir ao despejo não receberá casa do PSH e quem tentar construir no local será preso, sendo qualquer ferramenta apreendida.

O grupo de ‘invasores’ já tentou pedir apoio de políticos, mas só o que receberam foram duas negativas. Agora, eles estão montando prontidão para que as suas casas não sejam derrubadas se a ordem judicial vier a ser expedida.

Apesar do clima tenso, a diretora-presidente da Cohab assegurou que a situação será resolvida da forma mais pacífica e sensata possível.

Valores contestados – Ao todo, os ‘invasores’ afirmam, convictamente, que há em torno de 80 a 100 familias (500 pessoas) alocadas em mais de 10 casas na terra em questão, sendo parte das habitações instaladas desde sábado, algumas há 3 meses e outras há mais de 2 anos. Contudo, estes números são expressamente contestados pela Cohab.

Conforme Ilmara Rodrigues Lima, a companhia estima que no local há apenas cerca de 20 famílias (100 pessoas) em menos de 5 casas construídas. A diretora também nega que exista mais de um ponto das habitações na invasão e que haja pessoas lá alocadas há mais de seis dias. “Trata-se de uma área que foi invadida neste último final de semana e não há mais de meses, como estão dizendo”, contrapôs ela.

 

 

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