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Paulo Coelho: “a internet democratizou a comunicação no Planeta”

O escritor brasileiro mais conhecido no mundo se prepara para lançar, em agosto, a sua nova obra, O Aleph.  Na Áustria, ele concedeu uma entrevista exclusiva para A GAZETA. Ele fala da importância da internet como uma ferramenta democrática de comunicação. Também do momento político e econômico do Brasil que está com uma imagem muito positiva no exterior.Paulo-Ceolho
Novo Livro
A cada dois anos Paulo Coe-lho costuma lançar um livro novo. No mês de agosto chega primeiro às livrarias brasileiras a nova obra do Mago. “Terminei de escrever o livro há uma semana. Mas a história já estava em mim desde 2006. Eu ainda não entendia direito porque demorou a se manifestar como literatura. Foram ensinamentos muito difíceis de como se poder viver no momento presente. Uma coisa que nem todos nós fazemos. O livro fala sobre a minha viagem de Moscou a Wladivostock, no trem Transiberiano. Em Moscou, conheci uma mulher, de 27 anos, que me acompanhou durante essa viagem. Ela tinha uma profunda conexão espiritual com a Rússia e foi a minha guia. Quando cheguei em Wladisvostock voltei de avião para Moscou porque fui convidado para um encontro com o presidente Wladimir Puttin. Mas levei anos para entender tudo que aconteceu durante essa travessia de muitos dias. No ano passado, de repente, eu entendi. A essência daquela experiência é que o espaço e o tempo é uma coisa só. O livro já estava pronto na minha cabeça, mas só em janeiro de 2010 comecei a escrevê-lo”.
Na época, o programa Fantástico, da Globo, mostrou a viagem através de reportagens especiais da repórter Glória Maria. Mas Paulo Coelho faz questão de avisar que a TV só mostrou a parte exterior da viagem. “No livro vou mostrar a parte interior. As reflexões espirituais e o aprendizado que recebi nessa longa viagem”.

A relação com a internet
Desde que surgiu a grande rede mundial de computadores, no começo dos anos 90, Paulo Coelho sempre foi um grande pesquisador das suas novas linguagens e possibilidades de comunicação. Me lembro que quando ele assinou o contrato para a publicação do livro “Na Beira do Rio Piedra me Sentei e Chorei” ganhou um notebook do seu editor. Na época, a internet era ainda uma novidade acessada por pouquíssimas pessoas. Paulo Coelho me convidou para o apartamento em que morava, em Copacabana, no Rio,  exclusivamente para me mostrar os recursos da internet. “Nelsinho, essa ferramenta vai revolucionar a comunicação no planeta”, previu ele navegando por sites pioneiros como o Altavista.

Atualmente o autor brasileiro é uma das figuras mais constantes nas novidades que surgem na net, como o Twitter, por exemplo. “Fizeram uma enquete e estou em décimo nono lugar. Não sou no Twitter o que tem mais seguidores, mas aquele que tem maior influência e repercussão. Adoro isso, porque é uma comunicação direta e aberta com o leitor. A resposta é imediata, discutimos pontos importantes. Quando me posicionei contra o Tony Blair ser consultor das Olimpíadas, no Rio, a primeira coisa que fiz foi usar o Twitter. A repercussão foi mundial. Eu uso o Twitter para uma conversa em geral e quando sinto que tenho que dar uma notícia ou qualquer outra coisa também vou ao Twitter e fico sempre impressionado com a repercussão. Procuro administrar essa ferramenta com sabedoria não exagerando, mas também não me ausentando muito”, diz ele.

Para o escritor o Twitter é uma nova forma de linguagem escrita por só ter 140 caracteres. “Há uma democratização do ato de escrever porque todo mundo tem chance de escrever e ser lido. É, sobretudo, o poder da síntese. A linguagem essencial deixando cada vez mais espaço para imaginação do leitor. Existe uma famosa história de Hemingway que perguntaram a ele se poderia escrever uma história com seis palavras. Ele disse: vendo sapatos de criança nunca usados. É uma história dramática e trágica. Ele já mostrava o poder da síntese e a tendência da literatura é essa cada vez mais usar palavras essenciais e permitir que os leitores usem a sua imaginação”, garantiu.

Outra aposta que o Mago fez na internet foi nos seus livros em formato Digital Kindle, da plataforma Amazon. “Eles já tinham todos os meus livros em inglês. Mas ainda não tinha vendido meus direitos autorais em nenhuma outra língua e fiz uma experiência com o português. No primeiro mês o meu catálogo vendeu mais do que vende em suporte de papel porque a diáspora brasileira que não tem acesso fora do Brasil pôde encontrar os meus textos em português. Fiquei surpreso porque em um mês vendi mais no suporte digital do que no suporte de papel. Claro que estou falando do meu back list, ou seja, os títulos que já foram publicados”, comemorou.

A Eterna Admiração por Raul Seixas
Paulo Coelho deu um longo depoimento sobre a trajetória do cantor e compositor Raul Seixas para um documentário dirigido por Walter Carvalho, que será lançado, em breve, nos cinemas brasileiros. Paulo atribuiu à atualidade da obra do compositor baiano o fato de ainda encantar os jovens brasileiros “pelas coisas que a gente falava que são eternas e estão refletindo o mundo”.
Quanto ao documentário ele ainda não assistiu. “Mas gostei muito da aproximação que o Walter tem com o Raul. Acho que embora durante a vida o Raul tenha sido profundamente injustiçado e massacrado depois de morto, pelo menos, a presença dele está aí. Me orgulho muito de ter feito letras marcantes para a obra do Raul e o documentário, espero, que tenha uma divulgação adequada. Porque nem sempre lançar um documentário basta. Tem que ter um suporte de marketing a altura da importância do tema. Mas pelas perguntas que me fizeram gostei da abordagem do diretor”, resumiu.

O momento político brasileiro
Paulo Coelho tem participado dos momentos mais importantes para a consolidação da imagem cultural e esportista do Brasil no exterior. Foi assim na escolha do país para a Copa do Mundo de 2014 e às Olimpíadas do Rio de Janeiro de 2016. “Tenho muito orgulho do meu país, por isso, jamais trocaria de nacionalidade. A fama serve para muitas coisas, entre elas, promover aquilo que a gente julga positivo. Se ainda tivéssemos um governo militar eu estaria falando de coisas completamente diferentes. Mas como estamos num governo democrático que está fazendo muito pelo Brasil estou muito orgulhoso. Acho que o Brasil que antes era chamado de o país do futuro hoje é o país do presente. Isso sintetiza o que Brasil é. Atualmente tem um peso muito grande na comunidade internacional e na América Latina e está finalmente mostrando o seu potencial”, resume. 

No próximo mês, mais uma vez, Paulo Coelho, representa o seu país como embaixador do pavilhão brasileiro da Feira de Xangai, na China. “Vou com muito orgulho porque o Brasil tem muita coisa para mostrar. O Brasil é o país do presente e está muito afinado com a China nesse ponto. Nossa política tem dado um excelente resultado e a Expo Xangai será uma oportunidade de mostrar para milhões de pessoas aquilo que nós temos de melhor”, diz ele.

 

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